terça-feira, 21 de junho de 2011

O "paraíso do Crato" nos versos de Patativa do Assaré

Arquivo Cariri # 07
Embalado pra viagem # 25

Nossos parabéns aos 247 anos de emancipação política da cidade de Crato (em 21 de junho de 2011).
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O Paraíso do Crato
Patativa do Assaré

Quem andá no Cariri
Precisa andá no Granjêro,
O ponto mio que vi
No nordeste brasiêro.
É bem pertinho do Crato,
Um lugar cheio de ornato
Que agrada a quarqué freguês.
As beleza naturá
E ôtras artificiá
Que os home do Crato fez.

Tem uma rica nascença
Jorrando no pé da serra
Com uma fatura imensa
Que vem de dentro da terra.
Naquela fonte sonora,
Nos Domingo a toda hora
As muié e os home fica
Cada quá mais animado
Com seus trajo apopriado
Tomando banho de bica.

Tem um crube organizado
Que é uma coisa bacana;
O Granjêro é freqüentado
Em todo fim de semana
Na mais perfeita união,
Ninguém trata da questão,
De briga, nem de arruaça,
Ali não reina o capeta,
Os guarda da barbuleta
Não dá entrada à cachaça.

Muntos brinca na picina
Nadando todo contente
Entre as águas cristalina,
Cristalina e reluzente.
Aquele belo recanto
É todo cheio de incanto;
Faz gosto andá por ali
Pra vê o bonito Granjêro
O quadro mais feiteicêro
Das terra do Cariri.

Eu indo lá certo dia,
Vendo a fonte que derrama
As água pura e sadia
E o chão forrado de grama,
Fiquei todo deferente
Fiquei besta de contente
E pra onde eu reparava,
Vinha logo na memora
A beleza das históra
Que a minha vovó contava.

Fiquei cheio de esperança,
Me esqueci de minhas dô,
Os dias de minha infança
No peito ressuscitou.
Parece que aquelas água
Carregava minha mágua
Pra dentro daquele mato.
Tão grande foi minha fé
Que eu dixe: o Granjêro é
O paraíso do Crato.

Lá no Granjêro é assim.
Vem a força de um condão
Tirá tudo quanto é ruim
De dentro do coração.
Até quem veve caipora
Com muita conta por fora
Que precisa recadá,
Fica todo satisfeito,
Se esquece inté do sujeito
Que deve e não qué pagá.

Você se é home casado
E não veve prazentêro,
Se qué vivê sossegado,
Vá passiá no Granjêro
E leve sua muié,
Pois logo que ela dê fé,
Repara, vê e revê
A fonte e o belo verdume,
Acaba todo ciúme
Que a mesma tem de você.

O véio, o moço e a criança,
Ali tem a mesma sorte,
Muntos alegres se lança
Nas brincadeira de isporte.
Lá naquela maravia
Repreta de poesia,
Tudo de gozo parpita,
Parece um reino incantado;
Já vi lugá abençoado
Pra juntá muié bunita!

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