quarta-feira, 1 de junho de 2011

95 anos de d. Assunção Gonçalves

Centenário de Juazeiro do Norte # 49

foto (detalhe): Revista Arteplural

Hoje O Berro homenageia d. Assunção Gonçalves, que está completando 95 anos de vida. Maria Assunção Gonçalves nasceu no dia 1 de junho de 1916, em Juazeiro do Norte. É uma das mais ilustres moradoras da cidade, e acompanhou de perto vários momentos históricos do município.

Pela sua produção artística no artesanato (bordado) e nas artes plásticas (pinturas de óleo sobre tela), d. Assunção recebeu da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (SECULT), no ano de 2007, o título de Tesouro Vivo da Cultura Cearense. Há vários anos a artista teve que abandonar o ofício da pintura, devido a problemas alérgicos com as tintas.

Já mencionamos Assunção Gonçalves em outras postagens sobre o centenário de Juazeiro: na postagem # 16, em que apresentamos um vídeo feito por Daniel Walkder, no qual a artista fala sobre o dia da morte do Padre Cícero; e na postagem # 22, que fala sobre uma exposição em Juazeiro que tinha, dentre várias obras, uma tela pintada por d. Assunção.

Nossa homenagem desta data comemorativa recorre ao livro Mulheres de Juazeiro (Biografias), de autoria de Raimundo Araújo, que apresenta minibiografias de algumas das mulheres que marcaram/marcam a história de Juazeiro do Norte — o que naturalmente inclui d. Assunção Gonçalves. Transcrevemos as páginas dedicadas a esta artista que possui quase a idade do Juazeiro e deverá ser uma das grande homenageadas durante as festividades do Centenário da cidade.
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Maria Assunção Gonçalves
por Raimundo Araújo

Maria Assunção Gonçalves nasceu em Juazeiro do Norte, no dia 1º de junho de 1916. É filha de Francisco Gonçalves de Menezes e Isabel Telles de Menezes. São seus irmãos: Pedro, Joaquim, João, José e Maria Gonçalves, todos falecidos.

Em 1923, Assunção Gonçalves fez seus primeiros estudos com a profa. Argentina de Tal e aprendeu tabuada com Pedro Vicente, um motorista nosso conhecido que residia em sua (dela) casa, na época localizada no Sítio Logradouro.

Em 1924, estudou com Dona Adelaide de Sousa e Melo e, até 1928, no Externato Santa Terezinha, cujas mestras eram Stela Pita e Maria Gonçalves da Rocha Leal.

Em 1929, fez o 4º ano primário no Grupo Escolar Padre Cícero, com a profa. Amália Xavier de Oliveira e o famoso exame de admissão no ano de 1930, no Colégio Santa Terezinha do Crato.

Concluiu o curso normal na Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte. “Como professora — são palavras dela — recebi influência dos professores que muito marcaram minha vida: Mozart Cardoso de Alencar (que lecionava Botânica) e Vicente Xavier de Oliveira (que lecionava Matemática).”

Em 1954, substituiu a profa. Amália Xavier de Oliveira na Direção da Escola Normal, quando a mesma afastou-se por motivo de viagem.

Em 1970, assumiu a Direção do Ginásio Muicipal Antônio Xavier de Oliveira, tendo sido fundadora e primeira diretora daquele conceituado estabelecimento de ensino.

Assunção Gonçalves é artista plástica com estilo e temática, contudo, é autodidata na arte de pintar. No início dessa atividade, recebeu aulas de sua prima, a profa. Amália Xavier, com aquarela, depois passou a pintar óleo sobre tela.

Assunção Gonçalves foi professora de pintura no Ginásio Santa Terezinha e de Desenho no Ginásio Salesiano São João Bosco.

As telas mais expressivas da artista plástica Assunção Gonçalves são: “Juazeiro primitivo — 1827”, “Padre Cícero”, “O pacto dos coronéis” e “As ceias largas”.

Em sua homenagem foram escritos os livros: Assunção Gonçalves, uma grande educadora, de autoria de Maria do Socorro Lucena Lima e Assunção Gonçalves, uma vida dedicada à arte, de autoria de Íris Tavares. E, também, o Troféu Sesquicentenário do Padre Cícero.

Outra homenagem lhe foi prestada pela Companhia Telefônica, ao estampar uma de suas telas em cartão telefônico, no final do ano de 1999.

De Fra Angélico, pintor renascentista, dizia-se que “não debuxava tê-las, mas pintava almas”. De Assunção Gonçalves dizemos que ela se transfigura quando pinta suas telas, pois a ternura, nelas e nela, é uma forma de sobrevivência mística, sentimental e espiritual. Poder-se-ia dizer ainda, de Assunção Gonçalves, o que a Bíblia escreveu a respeito das pessoas idosas que não envelhecem. São sempre jovens.

Diria mais: Assunção Gonçalves é uma das reservas morais da cidade de Juazeiro do Norte, é um exemplo de honradez, uma pessoa admirada, querida e respeitada por toda a comunidade juazeirense. Noutros termos: Assunção Gonçalves é um símbolo.

Diria, por fim, com o saudoso prof. Elias Rodrigues Sobral: “Juazeiro do Norte, nos arcanos do seu escrínio, guarda com requintado zelo esta joia de fino quilate que é a profa. Maria Assunção Gonçalves, sem, no entanto, sentir suas cintilações apenas para servir à posteridade como pedra preciosa a ornamentar a coroa primorosa da sua tradição, dando mais esplendor à galeria destacável dos filhos e filhas ilustres, realçando com mais evidência o patrimônio cívico e moral do seu povo”.

Em sua homenagem existe, em Juazeiro do Norte, a Creche Professora Maria Assunção Gonçalves, e neste livro o soneto “Assunção Gonçalves”, de autoria do poeta Espedito Cornélio, que lhe dedico com todo carinho. Ei-lo:

Assunção Gonçalves

Obras-primas oh! Quantas obras-primas
criaram os teus dedos geniais!
Aquarelas brotavam tão opimas
que o porvir não verá outra jamais

Agora, teu pincel, que tanto estimas,
repousa sob os olhos glaciais
da velhice, doença... Não te oprimas
com a dor que vem do céu e tira a paz.

Tua fé de cristã incomparável
te vincula ao bom Deus, Deus inefável,
e viverás feliz, ó Assunção.

Pintaste o Juazeiro, iluminada,
e com a graça de Deus recuperada,
pintarás o esplendor da Criação!

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Raimundo Araújo, em Mulheres de Juazeiro (Biografias), Gráfica e Editora Royal, 2004.

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