sexta-feira, 20 de maio de 2011

Os Mulheres Negras na Revista Bizz, em 1987

Do papel # 02

Pequena matéria publicada pela Revista Bizz 23, de junho de 1987. Trata do começo da "fama" da dupla — formada por Mauricio Pereira e André Abujamra — no cenário underground paulista.

Mas temos que registrar e alertar para erros crassos da matéria: Mauricio foi indicado como sendo o guitarrista e André o saxofonista (na verdade é o inverso e corrigimos na digitação); e na foto eles também foram indicados erroneamente. Independente desses deslizes, fica o registro de uma matéria publicada há quase 24 anos.



Porão: Os Mulheres Negras
Uma big band de dois desperta interesse dos porões paulistas. E o grande público?

Eles são engraçados... Lembram o Gordo e o Magro no palco. O som cabe tanto num coreto de interior quanto num porão urbano. E talvez por isso mesmo estejam criando uma certa fama no underground paulista. Mas o grande público também iria gostar. No entanto... Peninha Schmidt (produtor da WEA), por exemplo, disse há uns cinco meses, quando ouvia, deliciado, uma fita do grupo: "o Brasil não está preparado para Os Mulheres Negras".

Por essas e outras, talvez o grande público nem venha a conhecê-los. E eles desistirão? André: "mesmo que não aconteça nada, nunca vamos parar de tocar... Se você fizer uma análise melódica, harmônica do nosso som, vai perceber que é primitivo, popular”. A "banda" se compõe de André (guitarra), Maurício (sax tenor), um computador rítmico, um pedal octaver — para reproduzir um timbre de baixo na guitarra — e um sampler. "A eletrônica não é para ser robótica e sim para ajudar a soarmos como uma big band. Se encanarmos, desligamos tudo no meio do show e depois retomamos. Ela (a eletrônica) é obediente", fala André. O som é um misto de "choro, funk, punk jazz e Villa-Lobos", como eles dizem. O senso de humor prevalece nas músicas com vocal. Os títulos variam de "19:30" e "Mãoscolorida" até "História Completa da Abolição da Escravatura/Bugrie Ugre".

Sair do Brasil? "Não", diz André. "O foguete lá fora está caindo. Aqui ele está subindo, nem que seja para o inferno... São outras forças... Só falta encontrarmos um jeito brasileiro de fazer música pop". (Sônia Maia)

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Abaixo, você pode escutar a música "Mãoscolorida", citada na matéria, que faz parte do disco Música e ciência, de 1988.

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