quinta-feira, 12 de maio de 2011

As antigas, as novas e as eternas poluições do Juazeiro

Centenário de Juazeiro do Norte # 29
O Berro nas antas # 07

Algumas coisas são costumeiras em Juazeiro do Norte: calçadas estreitas; calçadas ocupadas ilegalmente; a reclamação da população por ver as calçadas ocupadas; e a reclamação (de parte) da população quando algo é feito para combater esses "vícios" (mas que muitos parecem se acostumar e dizer "deixa assim mesmo").

Portanto, não deixa de causar discussão a operação do Ministério Público que, esta semana, começou uma operação para desobstruir calçadas ocupadas por comerciantes no centro de Juazeiro. Segundo o promotor José Carlos Félix da Silva, que está à frente da operação, todos foram comunicados sobre a operação há um ano e agora está apenas cumprindo a promessa de recolher o que os comerciantes não retiraram.

Mas esta nossa postagem sobre o Centenário quer apenas pegar carona nesse assunto atual para pescar um texto publicado pelo Berro há 11 anos, sobre o "Festival de Poluição de Juazeiro do Norte". Veremos no texto, assinado por Reginaldo Farias, que algumas coisas mudaram (para melhor, incrivelmente, como a retirada das placas luminosas no centro). E que outras coisas, infelizmente, continuam do mesmo jeito e outras, quem sabe, pioraram.

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Texto publicado originalmente na edição 28 d'O Berro (abril de 2000):

Juazeiro: poluição moral

por Reginaldo Farias

Juazeiro está entregue nas mãos do "Deus dará". Ao que parece, nossos órgãos de fiscalização não estão desempenhando bem suas funções. Mostra disso é a grande quantidade de poluentes em nossa cidade. Não me refiro a gases tóxicos lançados por carros, indústrias, etc., refiro-me à grande quantidade de sujeira visual, sonora e locomoção de nosso município.

Quem já andou pela principal rua do centro comercial juazeirense sabe do que estou falando. Como se já não bastasse o número crescente de consumidores andando pelas calçadas, os nossos lojistas infestam este espaço destinado aos pedestres com suas mercadorias, obrigando a estes ocuparem a rua. Considero até louvável a construção das rampas para deficientes, mas se o trânsito de pedestres pelas calçadas já é difícil, imaginem para os deficientes.

Mas Juazeiro continua crescendo e, pelo que parece, cresce também a ignorância dos responsáveis por nosso meio ambiente e por nosso comércio. É uma tortura sonora transitar na rua São Pedro. O que se ouve é uma competição entre lojas para ver quem é capaz de deixar o consumidor surdo. A cada dia as lojas investem em sistemas de sons que entopem o ouvido do consumidor com suas porcarias musicais.

Positivamente, temos a "Rádio Centro", que coloca nesta tumultuada rua uma boa programação musical e comercial num volume ambiente, inclusive bem aproveitada por uns poucos empresários deste centro.

Mas como não poderia faltar, contamos ainda com um agravante para a nossa visão: a sinalização de nossas lojas. Sinto-me um autêntico chinês andando por "aqueles" bairros cheios de lojinhas e de um número ainda maior de placas com letrinhas riscadas. Lembram? "Aqueles" dos filmes de aventura, onde geralmente aparecem uns carinhas jogando facas para todos os lados e voando por entre os prédios. E quando chega a noite tudo se transforma, como num passe de mágica. Saímos de um bairro chinês para uma Las Vegas maravilhosa, com seus incríveis painéis luminosos. Estas placas formam um complexo sistema de poluição visual, onde cada um dos "ignorantes" disputa pela maior capacidade de deixar-nos cegos.

Com certeza existe uma negligência por partes das pessoas responsáveis por este tipo de fiscalização. Mas os principais culpados são as pessoas que cometem tamanhos absurdos. Demonstram total falta de ética e respeito para com os seus clientes. Não há uma assessoria neste setor. Quem mora em Juazeiro do Norte já há algum tempo percebe a falta de criatividade de nossos empresários. Lembro-me da época dos letreiros em luz néon: bastou um fazer para em pouco tempo o néon virar uma epidemia. Depois foi a vez daquelas horríveis placas que giravam em nossas calçadas. Por incrível que pareça a moda pegou, mas dou graças por ter durado pouco. E agora estamos na era das placas luminosas, e estas não querem sumir facilmente, pois o dinheiro investido nelas não é de se jogar fora. Resta saber se o retorno é o esperado. Tenho minhas dúvidas...

Vemos que este não é um fato generalizado. Algumas lojas (principalmente as franqueadas e as de telecomunicações) realizam um belo trabalho onde suas decorações e sinalizações prezam pela simplicidade e o bom aproveitamento do espaço.

Estamos vivendo um momento de modificações, em que atitudes como preservação ambiental e o respeito à vida são virtudes procuradas por pessoas que enxergam adiante dos seus semelhantes. São pessoas preocupadas mais com o futuro do planeta do que só "juntar tesouros para o seu túmulo".

E mais...
É inadmissível que uma cidade como Juazeiro, com uma população com mais de 200 mil habitantes e uma população flutuante na ordem de milhões anuais, não tenha um aterro sanitário. E que o nosso lixo seja jogado a céu aberto, onde prejudica o nosso meio ambiente, tornando-se foco de origem de várias doenças.

Como se não bastasse, um dos lixões está localizado no perímetro urbano, caso do lixão localizado próximo ao CEFET [hoje IFET] e hotel Verdes Vales. Lixão que, aliás, tinha sido desativado e que agora volta à ativa sem nenhuma explicação.

Tristes são as expectativas nesse setor, onde os projetos são engavetados e obras estão inacabadas. O que aconteceu com o Parque Ecológico das Timbaúbas, um dos projetos que enriqueceriam o turismo, a cultura e o esporte de nossa região, mas que, infelizmente suas obras foram abandonadas e o local tornou-se uma área perigosa, onde vários crimes de mortes já foram registrados.
(abril de 2000)

Um comentário:

  1. Caríssimo, recordo bem desta materia do berro a tanto tempo atrás e é de entristecer constatar que hoje pouca coisa mudou...

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