quarta-feira, 18 de maio de 2011

Juazeiro do Norte na contramão da história (parte II)

Centenário de Juazeiro do Norte # 35
O Berro nas antas # 09


Trazemos hoje mais um texto publicado na versão impressa de O Berro. O ano era 2000, a edição era a de nº 30 e o mês era novembro.

Nosso angustiado colaborador cita alguns problemas ambientais na cidade de Juazeiro do Norte — no caso, a ocupação irregular de calçadas e ruas no centro da cidade.

Há 11 anos, Gilson de Araújo Pereira dizia em seu texto que Juazeiro do Norte estava na contramão da história. Em 2011, vemos que algumas coisas nesse sentido melhoraram, como é o caso da Rua São Paulo — entre as ruas Santa Luzia e Alencar Peixoto. Mas recentemente pudemos acompanhar o episódio em que o Ministério Público determinou que se retirassem das calçadas churrasqueiras e mesas de bares e restaurantes — principalmente na rua São Francisco, em frente à Praça Padre Cícero.

Menos de dois dias depois da determinação, alguns donos de restaurantes se reuniram, segundo noticiaram alguns veículos da imprensa, e tomaram a decisão de que o "jeito" seria demitir alguns funcionários para minimizar as perdas. Diante de tal argumento, os orgãos fiscalizadores voltaram atrás e permitiram que as mesas, cadeiras e churrasqueiras continuassem a tomar ruas e calçadas.

Bom, aí me vem à cabeça: por que se pode voltar atrás dessa decisão e não se pode voltar atrás da que impediu que os verdureiros mantivessem suas barracas na rua São Paulo? Seria por que, em sua maioria, a categoria dos verdureiros tivesse menos pessoas influentes no seio da política e da sociedade juazeirense?
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Abaixo, o texto publicado na edição 30 'O Berro (novembro de 2000):

Contra a mão da história

Por Gílson de Araújo Pereira

No cotidiano da cidade de Juazeiro do Norte podemos notar situações bem peculiares dessa cidade, como, por exemplo, trafegar pelo meio da feira em frente ao mercado central na Rua São Paulo; é uma verdadeira aventura: os motoristas que se arriscam a fazer isso, principalmente em dia de sábado, se veem obrigados a desviar desde carroceiros mal humorados, que nunca se preocupam em dar passagem a pedestres desavisados que, por sua vez, não sabem que, antes de ser uma feira, ali é uma via pública. Os comerciantes não têm culpa, pois precisam ganhar o sustento das suas famílias. O poder público é que deveria agir, disciplinando outro local para a instalação dessa feira, pois, além de facilitar a vida de comerciantes, consumidores e motoristas, num espaço maior e mais organizado, possibilitaria o aumento do número de vendedores e a consequente criação de mais empregos para a nossa população.

Quem conhece outras cidades do porte de Juazeiro do Norte e consegue perceber a constante preocupação de seus governantes em facilitar o fluxo de carros no centro da cidade, fica a imaginar que em nossa cidade não existe essa preocupação, e o que é pior: comprovado pela dificuldade de se transitar no centro de Juazeiro, principalmente pela rua São Pedro; pela calçada não há espaço, pois ela é tomada, se não pelos camelôs, pelas mercadorias das próprias lojas. A alternativa é a rua que já seria estreita, mesmo se não fosse grande o número de carros estacionados.

Juazeiro do Norte parece estar na contramão da história, enquanto já existem cidades no Nordeste fazendo projeto de revitalização de seu centro, como é o caso de Campina Grande — onde a prefeitura está transferindo camelôs, criando espaços alternativos de acesso ao centro e até demolindo prédios para facilitar o tráfego. Em Juazeiro, alguns proprietários de bares fecham todo um quarteirão para fazerem suas festas, impedindo o fluxo normal de veículos naquela rua.

Quanta diferença e quanto atraso...
(novembro de 2000)

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