"(...) Mas na era da política publicitária quem pode de fato questionar o uso da imagem quando o processo eleitoral ele mesmo está contaminado pela inautenticidade?
No contexto onde todos os candidatos fazem seus esforços para parecerem 'bem apessoados', Tiririca é uma contradição. Se os monstros políticos estão sempre engravatados, Tiririca aparece em seu figurino como uma caricatura viva. Como caricatura que é, em vez de enganar, ele escancara características. A verdade que ele mostra engana muita gente e perturba quem não é enganado: seu jogo é o da ridicularização do papel do político que não quer nada além de ser eleito. Não precisando enganar para enganar, ele engana desenganando. sua performance escamoteia algo que, ao mesmo tempo, mostra."
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Marcia Tiburi, no artigo "Política kitsch: o fator Tiririca, lobisomens e a infância da democracia", publicado na Revista Cult (Editora Bregantini, ano 13, ed. 152, nov/2010).
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