Centenário de Juazeiro do Norte # 85
Segundo relato do livro Padre Cícero: poder, fé e guerra no sertão, de Lira Neto (Cia. das Letras, 2009), foi no dia 7 de julho de 1889 que, pela primeira vez, chegou a Juazeiro uma grande quantidade de fiéis atraídos pelos relatos da hóstia transformada em sangue na boca da Beata Maria de Araújo.
O fato, portanto, antecede a emancipação política de Juazeiro, mas não pode passar despercebido em todo o processo de crescimento do município, pois daqueles dias até a atualidade, o Padre Cícero e as romarias são responsáveis diretos pelo crescimento da cidade de Juazeiro do Norte. Para entender o processo que motivou o início das migrações à terra do Padre Cícero, confira outra postagem do nosso blog clicando aqui.
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Abaixo segue trecho do relato de Lira Neto sobre a "primeira romaria" com destino a Juazeiro:
"(...) Moradores das cidades e localidades mais próximas chegavam de forma espontânea ao minúsculo povoado, atraídos pelas narrativas que davam conta do sangue de Jesus Cristo derramado em pleno agreste. Mas foi em 7 de julho, um domingo que marcava o ápice da tradicional festa cristã do Precioso Sangue, que Juazeiro assistiu pela primeira vez à chegada maciça e ordenada de milhares de peregrinos. Foi a primeira de todas as romarias. Naquela manhã, cerca de 3 mil pessoas — quase dez vezes a população do lugarejo — apinharam-se nas estreitas e diminutas ruelas do local. A maioria era proveniente do Crato e vinha sob as bênçãos expressas do novo reitor do seminário, monsenhor Francisco Rodrigues Monteiro. Conhecido pela oratória inflamada, monsenhor Monteiro conduziu uma procissão até a capela Nossa Senhora das Dores, naquele dia adornada com velas, flores e fitas coloridas. AO término da missa, com sua autoridade clerical e o estilo ardoroso de sempre, Monteiro fez um sermão histórico, durante o qual exibiu, com gestos arrebatados, uma toalha manchada de sangue. Segundo ele, não havia dúvidas de que aquele era o verdadeiro sangue de Jesus Cristo. (...)"
(Lira Neto, em Padre Cícero: poder, fé e guerra no sertão)
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