quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A última heroína romântica do cinema



por Wendell Borges

Mesmo já contando com quase 15 anos de cinefilia (comecei bem jovem a interessar-me por descobrir as nuances do cinema com mais afinco), somente em 2008 comecei a ver os principais filmes da carreira desta que foi uma das mais belas, elegantes e carismáticas estrelas do cinema mundial: Audrey Kathleen Ruston, conhecida internacionalmente por Audrey Hepburn.

Nascida no dia 04 de maio de 1929 em Bruxelas, capital da Bélgica, mas radicada na Inglaterra e com uma carreira de prestígio nos Estados Unidos, onde recebeu praticamente todos os grandes prêmios da indústria cinematográfica norte-americana. A atriz pôde demonstrar todo o seu talento artístico nas telas do (ainda hoje) maior centro comercial cinematográfico do planeta, pelo qual até os dias atuais ainda é reverenciada como uma das maiores lendas femininas do Cinema, atrás apenas de estrelas como Katharine Hepburn e Bette Davis, de acordo com a listagem do American Film Institute.

Seus desencantos na vida e as decepções amorosas refletiam sua aura nas telas, que eram suas marcas registradas, o olhar vago e misterioso, e a candura, uma graça de alguém que parecia refletir intensamente sobre o amor e os mistérios da vida. Audrey casou-se duas vezes, teve cinco abortos, dois filhos, recebeu dois Oscars, incluindo o prêmio Jean Hersholt (entregue anualmente na cerimônia do Oscar aos artistas que se destacaram por suas contribuições humanitárias); e o outro por sua atuação na comédia romântica A Princesa e o Plebeu, lançado em 1953. Ao todo foram cinco indicações ao prêmio de melhor atriz, enfatizando assim o prestígio que ela tinha no mercado cinematográfico norte-americano, no qual foi musa de diretores renomados como Stanley Donen, George Cukor e Billy Wilder.

Após encerrar sua carreira nos cinemas em 1989, com a personagem Hap no filme Além da Eternidade, de Steven Spielberg, Audrey passou a se dedicar inteiramente ao trabalho humanitário, fazendo Missões na Somália e El Salvador como Embaixadora de Boa Vontade do Unicef. Em duas declarações marcantes é possível entender um pouco esta sua humanidade exacerbante: “Tive momentos muito difíceis em minha vida. Mas fossem quais fossem, os superei e sempre encontrei uma recompensa no final”; e “nasci com uma enorme necessidade de receber afeto e uma terrível necessidade de dá-lo”, dizia a atriz.

Mesmo tendo sido abandonada por seu pai e convivendo com uma mãe incapaz de transmitir esse afeto que ela tanto necessitava, Audrey deixou sua marca registrada ao lado das maiores divas já construídas pela beleza da arte cinematográfica e, não tendo sido o bastante, demonstrou esta sua vontade de dar afeto realizando trabalhos humanitários até seu falecimento, no dia 20 de janeiro de 1993, aos 63 anos.
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Wendell Borges é professor de Artes e Língua Inglesa e editor do blog arquivoxdecinema desde 2008.

Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 20, de novembro de 2014), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.

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