terça-feira, 28 de abril de 2020

Para além da risada da Janis



por Hudson Jorge | ilustração: Reginaldo Farias

O ano era 2000. Ganhei de presente do amigo Ythallo Rodrigues uma fita com músicas da Janis Joplin. Na verdade, acho que peguei emprestado e ela foi ficando lá por casa ao ponto de eu ter achado que era um presente.

Naquela época, a noção que eu tinha era a de que estava começando a revolucionar o (meu) mundo, conhecendo coisas, frequentando faculdade, conhecendo artistas, pessoas descoladas, presenciando e participando de um monte de porralouquice. Tempos bons.

Então, a Janis começou a fazer parte desse meu mundo também. Eu gostava, como ainda gosto, da sua voz rouca, pouco preocupada com os padrões comerciais, do seu som com belos arranjos e com aquelas guitarras sem aqueles milhares de efeitos das pedaleiras modernas de hoje em dia. Me agradava o clássico “Mercedes Benz” com aquela risada engraçadinha da Janis no final.

Como ainda não tinha acesso à internet com facilidade, também conhecia poucas fotos da garota. Mas, me lembro que me causou uma “estranheza tremenda” umas imagens dela que vi na TV...

Como passava pouco tempo em casa e na época não havia dispositivos super portáteis para a execução de música como MP3 players e celulares e os walkmans eram incômodos, pesados e caros, procurava aproveitar meus momentos em casa para poder ouvir minhas músicas preferidas e isso significava já acordar pela manhã apertando o play e ouvir as músicas até o momento de sair de casa para a faculdade.

Geralmente, entre 6h30 e 7h da manhã o quatro em um CCE que ficava no meu quarto começava seu trabalho. O problema é que o quarto era divido com meus irmãos e, confesso, que hoje vejo que me faltou um negócio chamado bom senso, pois, enquanto o som rolava solto, os bichim tentavam dormir.

Suportaram bem essa situação até a chegada da Janis, cuja fita cassete tinha como primeira música o clássico “Mercedez Bens”. Lá pelo terceiro dia, um dos meus irmãos acorda e dá um grito: “Pelo Amor de Deus, desliga essa gasguita!”

Ok Janis! Nesse romance só vai dar você e eu...
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