terça-feira, 28 de abril de 2020

9 (+1) obras que me fizeram refletir durante o isolamento, por Cecilia Sobreira



por Cecilia Sobreira

Quando eu cantava “I Want The World Stop”, de Belle & Sebastian, não imaginava que o mundo realmente pudesse parar, que a engrenagem social fosse interrompida. E agora que a maioria de nós está em casa, temos o tempo do mundo ao preço de restrições de espaço e novas regras de convivência.

O isolamento me fez incluir atividades virtuais no cotidiano, desde os filmes do Cine Café à exposição fotográfica de amigos. Uma forma de estar próxima à arte e às pessoas, simultaneamente. Até sessões de terapia se mostraram proveitosas nesse modelo.

Vendo pelo lado positivo, esse momento nos dá a chance de fazer coisas que não conseguiríamos tão facilmente no mundo antigo. Estou tendo a oportunidade de me aprofundar no autoconhecimento, retomando estudos sobre economia criativa e descobrindo com minha filha, através de filmes, séries e músicas, um mundo mais interessante, visto pela ótica feminina e constatando que, sim, o futuro é feminino.

No fim das contas a pandemia me ensinou algo muito importante: viver um dia de cada vez.

Compartilho um pouco das obras que me marcaram nesse aprendizado.

LIVROS

 
Até voltar às raízes, Gabi Artz (2019)
Leitura leve, ideal para momentos de auto conhecimento. A autora traz um convite pra se reobservar e reobservar o mundo, propondo caminhos possíveis para voltar à nossa essência e termos uma vida mais harmônica.


 
O negócio é ser pequeno: um estudo de economia que leva em conta as pessoas, E. F. Schumacher (1973)
Apesar de ter sido escrito nos anos 70, o autor já previa nossos problemas atuais, causados pelo crescimento a qualquer custo. Ele traz várias especulações de futuro que acabaram se concretizando, sobre o inchaço dos grandes centros e as consequências do desprezo ambiental. As medidas sugeridas são voltadas para a economia criativa e responsabilidade ambiental. Muito inspirador. Também é possível encontrar outros autores nessa linha, mas as sugestões de Schumacher me parecem mais sensatas.


FILMES

 
O Poço (Galder Gaztelu-Urrutia, Espanha, 2019 - Disponível na Netflix)
Uma produção espanhola que vem causando muita polêmica. Traz a história de pessoas presas num poço dividido em vários níveis que forçam uma ordem social. A produção é simples, sem grandes locações, voltada quase completamente para o roteiro que é sustentado por ótimas atuações. Dramático e denso, o filme sugere discretamente reflexões sobre as regras sociais às quais nos amarramos. Trailer do filme O Poço: https://youtu.be/RlfooqeZcdY


 
Girl (Lukas Dhont, 2018 - Disponível na Netflix)
Outro filme denso, que nos leva a refletir sobre os dilemas e sofrimentos das pessoas trans. Baseado na história real de uma bailarina trans, essa produção Belga nos transporta para uma realidade que poucos conhecem traduzindo através de cenas simples, a dor de não se reconhecer no próprio gênero e ainda ter que enfrentar toda a insegurança que as cobranças sociais nos afligem. Trailer do filme Girl: https://www.youtube.com/watch?v=lTrCpkJwckY. Depois do filme dá uma conferida num vídeo na dançarina que inspirou o filme, Nora Monsecour: https://www.youtube.com/watch?v=hNiBzblTMxo


SÉRIES

 
Anne With an E (Disponível na Netlflix)
Pra retomar a fé na humanidade. Essa série canadense lançada em 2017 é baseada no livro Anne of Green Gables, de Lucy Moud Mongomery, editado em 1908, e conta a história de uma menina ruiva e órfã que realiza seu sonho de ter uma família. Com seu caráter irretocável, persistência e uma energia de dar inveja, ela transforma a vida de todos ao seu redor. A série foi criada e dirigida por mulheres e tem atuações femininas maravilhosas. A fotografia é outro ponto forte, com paisagens canadenses de tirar o fôlego. Trailer: https://youtu.be/S5qJXYNNINo


 
Nada Ortodoxa (Disponível na Netflix)
Inspirada no livro Unorthodox, da norte-americana Deborah Feldman, a mini-série conta, em quatro capítulos, a história de uma menina judia de 19 anos que foge de sua comunidade ultra ortodoxa no Bronx e vai pra Alemanha atrás dos seus sonhos. Brilhantemente dirigida por Maria Schrader, a série traz o debate do Holocausto contra os costumes judaicos e nos faz mergulhar numa outra realidade cultural que muitos desconhecem mas que ainda existe em muitos lugares, inclusive no coração de Nova York, funcionando como uma bolha conservadora dentro de um país liberal. Trailer: https://youtu.be/iWMAXxa_Hu8


EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA


Ao Redor, Lino Fly e Nivia Uchoa
Uma seleção de trabalhos dos fotógrafos Lino e Nivia em paisagens caririenses, realizados entre 2010 e 2020. A exposição virtual nos coloca em contato com a cultura e a beleza da nossa terra sob o olhar sensível dos dois fotógrafos que conhecem como ninguém as particularidades da região. Confira a exposição Ao Redor: https://www.youtube.com/watch?v=Ia0LBnKb23M


MÚSICA
Algumas descobertas de bandas femininas feitas através de séries da Netflix.

 
Molly Burch
Artista californiana de estilo alternativo, voltada pro indie. Música destaque: “To The Boys”. Site: http://www.mollyburchmusic.com/


 
Sharon Van Etten, compositora e cantora americana.
“Seventeen” é um dos seus trabalhos mais interessantes, com uma batida meio anos 80 que gruda no lobo frontal e faz você dançar sozinho na quarentena. Clipe de “Seventeen”: https://www.youtube.com/watch?v=j7sTHoeH0eA


 
The Mysterines
Banda independente do Reino Unido que manda um rock empolgante no vocal feminino fortíssimo de Lia Metcalfe. “Take Control” aparece na trilha de Sex Education e você já aciona o Shazam pra descobrir que música maravilhosa é essa: https://youtu.be/bt_xhaTc210.
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Cecilia Sobreira: formada em economia pela URCA e jornalismo pela UFCA. Feminista. Mãe de adolescente. Vegetariana. Amante da cultura underground.

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