quinta-feira, 23 de abril de 2020

9 (+1) filmes para assistir na Netflix, por Wendell Borges



por Wendell Borges


Temporada (André Novais Oliveira, Brasil, 2018)
Uma das forças deste longa nacional é a interpretação marcante da atriz Grace Passô. Ela interpreta a personagem Juliana, uma agente de saúde que após saber que foi aprovada em um concurso público, deixa a cidade de Itaúna, interior de Minas Gerais, para trabalhar na região metropolitana de Belo Horizonte. O filme retrata uma realidade muito comum para a grande maioria dos trabalhadores brasileiros: uma rotina exaustiva e com poucas possibilidades de ascensão profissional. Essa rotina é mostrada da forma mais simples, crua e tocante, deixando a vida das personagens falar por si só. Temporada é uma daquelas obras cuja beleza e encanto só precisam da simplicidade e da monotonia da vida para construírem a força de sua dramaturgia.


 
O Bar (Álex de la Iglesia, Espanha, 2017)
Acompanho a carreira de Álex de La Iglesia desde sua estreia com Ação Mutante no início da década de 90. De lá para cá já são várias as pérolas de sua já contundente carreira de cineasta, com destaque para produções como A Comunidade (2000) e Crime Ferpeito (2004); este O Bar consegue unir bem alguns dos elementos usados em várias de suas produções como: a mistura do horror com a comédia de humor negro, a crítica social e os preconceitos culturais. A trama começa em um bar onde alguns clientes transitam normalmente até que um tiroteio no lado de fora dá início ao estopim de acontecimentos bizarros que vão colocar à prova as emoções e a sanidade das personagens.


 
Circle (Aaron Hann e Mario Miscione, EUA, 2015)
50 pessoas são selecionadas aparentemente de forma aleatória e confinadas em um local aterrador e mortal com o intuito de testar a humanidade e o destino de cada um. O mistério em torno daquilo que nos faz seres humanos ou simplesmente monstros prestes a serem despertados está arraigado em algum lugar desconhecido; nossos medos, angústias e preconceitos culturalmente arraigados nos assolam como fantasmas. A morte nos faz tomar decisões a cada momento e em meio à angústia do desconhecido está o jogo proposto pela narrativa deste longa, um tanto cru e bizarro em sua aparente simplicidade, mas que já é o suficiente para nos fazer pensar, nem que seja um pouco sobre o que é um ser humano.


 
A Sun (Mong-Hong Chung, Taiwan, 2019)
Drama taiwanês com um elenco afiado, direção elegante e cenas fortes. A narrativa acompanha uma família que tenta sobreviver e se manter unida em meio à tempestade de conflitos e situações desastrosas que vão acontecendo uma atrás da outra. O filme levou 6 prêmios no Golden Horse (o Oscar chinês) incluindo prêmio de Melhor Filme e Melhor direção para Mong-Hong Chung.


 
Rastros de um sequestro (Jang Hang-jun, Coreia do Sul, 2017)
Quando acertam no equilíbrio entre um elenco que entrega atuações intensas e um roteiro instigante, os coreanos se tornam praticamente insuperáveis na construção de Thrillers. Este aqui consegue prender a atenção do espectador com uma narrativa misteriosa que envolve a relação entre dois irmãos, sequestros e mudanças de personalidade. O crescimento do nível estético e técnico do cinema sul-coreano nos últimos anos tem trazido diversas outras produções para o catálogo da Netflix.



Durante a Tormenta (Oriol Paulo, Espanha, 2018)
A instigante mistura de gêneros cinematográficos que vai desde a ficção científica até a aventura romântica com altas doses de suspense, aliados a um elenco em sintonia com grandes atuações e um roteiro fascinante, fazem deste filme espanhol uma daquelas figurinhas carimbadas em listas de pérolas escondidas no catálogo da Netflix. A direção é do espanhol Oriol Paulo, que costuma assinar os roteiros de seus filmes. Ele já traz no currículo também um outro grande sucesso de audiência da Netflix, o excelente thriller Um Contratempo lançado em 2016.



O Voo (Robert Zemeckis, EUA, 2012)
O Voo foi dirigido por um dos mais populares cineastas norte-americanos, Robert Zemeckis, autor de produções como a trilogia De Volta Para o Futuro, Uma Cilada para Roger Rabbit (1988) e Contato (1997), e estrelado por um dos mais prolíficos e premiados atores da geração anos 80, Denzel Washington. A trama narra a luta do piloto William "Whip" Whitakercontra o alcoolismo em meio à turbulenta sobrevivência heroica após a queda de uma avião. O longa teve duas indicações ao Oscar: Melhor ator e Melhor Roteiro Original.



Grave (Julia Ducournau, França/Bélgica/Itália, 2016)
Esta coprodução franco-belga dirigida por Julia Ducournau é uma daquelas produções de uma beleza ímpar para os apreciadores do “Horror Corporal”- subgênero do horror que apresenta intencionalmente violações gráficas ou psicologicamente perturbadoras do corpo humano. A trama narra a descoberta da jovem Justine, uma estudante de veterinária que acaba mergulhando em um pesadelo após ter seu primeiro contato com estranhos rituais da faculdade que envolvem banhos de sangue e canibalismo. Prepare-se para cenas bem fortes de horror corporal.



Apóstolo (Gareth Evans, Reino Unido, 2018)
Gareth Evans é um cineasta galêscuja carreiracomeçou com produções indonésias de ação policial que exploravam o talento marcial do ator IkoUwais, e que passou a adentrar também no universo dos filmes de horror dirigindo um dos segmentos do longaV/H/S/2. Em 2018 então foi chamado para realizar este longa distribuído pela Netflixno qual teve liberdade criativa para escrever o roteiro e realizar a montagem. Apesar do ritmo claudicante, este filme surpreende pela beleza da fotografia assinada por Matt Flanery e pela criação de cenas de uma beleza plástica ímpar. A trama segue o personagemThomas Richardson (Dan Stevens)que viaja para uma ilha remota com o intuito de resgatar sua irmã depois que ela é sequestrada por um misterioso culto religioso.



+1: O Poço (Galder Gaztelu-Urrutia, Espanha, 2019)
A estreia na direção do produtorGalderGaztelu-Urrutia fez um alvoroço por onde passou. O Poçojá tem no currículo nove premiações em Festivais, incluindo o Goya de melhores efeitos visuais e premiações em Festivais consagrados como Sitges e Toronto. A narrativa é repleta daquelas cenasviscerais e extremamente fortes, feitas para testar os nervos dos espectadores mais tarimbados com o cinema de horror corporal, subgênero do horror pelo qual tenho grande afeição por me fazer refletir de forma mais intensa sobre a condição humana.A direção de arte de AzegiñeUrigoitia, aliada aos belíssimos efeitos visuais de Jon D. Domínguez e ao roteiro criativo de David Desola, criaram uma atmosfera sombria, enigmática e catalisadora de emoções humanas diversas, trazendo à tona mensagens sociopolíticas em seu contexto.  A trama narra o desespero de Goreng (Ivan Massagé) tentando sobreviver em um lugar misterioso, uma prisão vertical indescritível com um número desconhecido de níveis e regras desumanas.
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Wendell Borges é professor de Artes e Língua Inglesa e editor do blog WB.84.

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