sexta-feira, 1 de maio de 2020

9 (+1) músicas para ouvir no Primeiro de Maio, por Antonio Lima Júnior



por Antonio Lima Júnior

O Primeiro de Maio é uma data importante, pois é quando comemoramos a existência daquele que produz a riqueza desse mundo: sim, você, meu caro trabalhador ou trabalhadora que está lendo essas palavras! Enquanto os capitalistas tentam apagar a simbologia desta data, relegando-a como um mero feriado qualquer, é preciso lembrar que o Primeiro de Maio é uma homenagem aos trabalhadores que, nesta mesma data, em 1886, reivindicavam a jornada de trabalho de 8 horas nos Estados Unidos, numa época em que as jornadas chegavam a 16 horas por dia.

Nesse dia, muitos foram presos e condenados à morte após participarem da manifestação. O movimento operário internacional decidiu então pela data como a que devemos comemorar aos trabalhadores de todo o mundo (uni-vos!), lembrando sempre do legado da luta por seus direitos, luta essa incansável de lá pra cá. Nesse cenário de barbárie em que vivemos, é sempre bom resgatar esse espírito de resistência e seguirmos firmes. Daí resolvi compartilhar canções que possam acalentar nossas almas e enchê-las de esperança:


 
“Primeiro de Maio“ ” - Milton Nascimento e Chico Buarque
Lançada em 1977 num compacto simples, junto com a também esplêndida “O cio da terra”, aqui temos uma verdadeira homenagem à data, com um time de peso tocando junto: Nelson Ângelo na guitarra, Novelli no baixo, Robertinho Silva na bateria, Francis Hime no piano e Wagner Tiso no órgão. Para ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=a2jyd61mPa8


 
“A Internacional” - Garotos Podres
“A Internacional” é uma canção cuja letra original foi escrita em 1871 por Eugène Pottier, em homenagem à Comuna de Paris, primeira experiência de tomada de poder pelo proletariado, quando os trabalhadores “tomaram o céu de assalto”, nas palavras de Marx. Uma de suas versões mais enérgicas é certamente a dos Garotos Podres, banda punk paulista que surge com a eclosão do movimento punk no Brasil, fortemente ligado à industrialização do ABC paulista e como um movimento de contestação ao sistema capitalista. Para ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=a3sfQzliYS4


 
“Venceremos” - Inti Illimani
Canção que serviu inicialmente como a música da propaganda eleitoral de Salvador Allende nas eleições presidenciais do Chile em 1970. Representa também o movimento das músicas de protesto chilenas da época, a Nueva Canción, num clima de efervescência cultural e política, em que o governo socialista e que representava os anseios dos trabalhadores fora derrubado em 1973 por um golpe militar com apoio dos Estados Unidos. Para ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=TCIf8iK5Jzo


 
“E daí?” - Milton Nascimento
Música composta para o filme “A Queda“ (1976) de Ruy Guerra, que trata da precariedade do trabalho dos operários da construção civil, a partir da morte de um trabalhador numa obra, devido à falta de segurança. Recentemente, o termo que é título da música foi usado pelo presidente de plantão ao ser questionado sobre o número de mortos no país devido à pandemia do novo coronavírus. Coincidências da luta de classes.Para ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=ge4eu4C_gD4


 
“Cuba va!” - Grupo de Experimentación Sonora
O grupo, criado em 1969 pelo incentivo do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficas, tinha a função de fazer músicas para a trilha sonora de filmes cubanos. Dentre seus componentes, figuras como Sílvio Rodríguez, Pablo Milanés e Noel Nicola, compositores da música “Cuba va!”, lograram com o movimento da “Nova Trova Cubana”, uma variante local da Nueva Canción Latinoamericana, tal como a chilena. Para ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=ygTs4BGVGXI


 
“O dia em que a terra parou” - Raul Seixas
Lançada no disco homônimo em 1977, essa canção teve repercussão durante o começo da quarentena, como uma espécie de previsão do Raulzito. Entretanto, desde os tempos de passeata no movimento estudantil que sempre achei a letra referente a uma greve geral. De todo modo, mostra que o mundo para quando não há trabalho. Para ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=H8zbYY41Vus


 
“Que as crianças cantem livres” - Taiguara
Um dos artistas mais censurados pela ditadura militar e ignorado pela indústria fonográfica desde então, Taiguara cantou canções de liberdade, tendo um repertório rico de referências ao trabalhador brasileiro. É preciso resgatar suas canções do limbo e mostrar que é possível um mundo onde as crianças cantem livres. Para ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=f9gAV3yfsAA


 
“Proletariado” - DJ Dolores
Aliando música eletrônica com a música popular brasileira, a letra da canção, cuja composição foi realizada num momento em que a sociedade debatia a redução da maioridade penal após um caso de assassinato envolvendo um menor de idade, expressa a atualidade do trabalhador brasileiro neste século XXI, onde quem apanha continua sendo o proletariado. Para ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=1uD2QIZs6BE


 
América Latina Obrera” - Alí Primera
Representando a Venezuela na Nueva Canción Latinoamericana, Alí Primera, militante do Partido Comunista da Venezuela, teve destaque com canções que exaltam a força dos trabalhadores da América e sua incansável unidade contra o imperialismo. Suas músicas, consideradas como “canções de protesto” e boicotadas pela indústria fonográfica, tornaram-se patrimônio nacional da Venezuela desde 2005. Para ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=yUwPQzi95wM


 
“Me gustan los estudiantes” - Violeta Parra
Espécie de hino dos estudantes, a canção foi composta por Violeta Parra, considerada a mãe das canções de protesto na América. A versão mais conhecida é na voz de Mercedes Sosa, cantora argentina e também expoente no movimento da Nueva Canción. Que vivam los estudiantes! Para ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=2_k6A4MVCEI
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Antonio Lima Júnior é jornalista formado pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Diretor da Associação Cearense de Imprensa (ACI), fã de cinema brasileiro e um marxista convicto e confesso.

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