
por Débora Costa
Diversos assuntos foram abordados com as exibições do Cine Café, mas dois filmes marcaram bastante quem participou das sessões: Acusados e Irreversível. Ambos trataram a mesma temática, mas de formas completamente diferentes.
Acusados (The Accused, Jonathan Kaplan, 1988) é um filme que denuncia uma das piores formas de violência de gênero. Por Sarah Tobias (interpretada por Jodie Foster) ser uma mulher independente, que se sente à vontade para beber, fumar, beijar e se vestir da forma que ela quiser, faz com que tentem colocar nela a culpa do abuso. Ela foi estuprada por três homens em um bar, onde várias pessoas assistiam o que acontecia, mas uma parte era indiferente e a outra incentivava o ato. A história faz com que se reflita sobre a quem pertence o corpo da mulher, e se o que ela faz dele dá o direito de alguém violá-lo. Realmente, interessa se a mulher vai sair desacompanhada para beber, se ela vai usar uma saia mais curta ou se irá dançar? Pois, ainda assim, ela é dona do seu corpo e tem o poder de escolher se quer ou não receber uma carícia, beijar alguém ou fazer sexo.

A personagem de Jodie Foster vai atrás da justiça, para que os culpados sejam presos. Já no Irreversível, quem busca justiça, mas com as próprias mãos, são o Marcus (interpretado por Vincent Cassel), namorado da Alex, e o Pierre (interpretado por Albert Dupontel), que é amigo do casal. Em situações parecidas às que as personagens são colocadas, há formatos de contar e linhas de pensamento diferentes, e nesses dois filmes isso é bem claro. Os pontos de vistas são diversos, o de Acusados sendo o foco na própria vítima, e no outro, sendo o dos que estavam junto dela.
Para atingir o sensível do telespectador, seja na violência explícita e implícita ou no interior traumatizado, buscando forças para lutar. A relação do estupro e a vítima sendo problematizada e colocada no mais alto enfoque nesses filmes, conseguindo nos mudar de alguma forma depois de assisti-los.
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Débora Costa: uma feminista que cursa Direito, participa do P@je e que gosta que só de filmes.
Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 01, de 11 de setembro de 2013), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.
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