segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O mistério entrelaçado por um parentesco



por Kayammy Fechine

A Sombra de Uma Dúvida (Shadow of a Doubt, de Alfred Hitchcock, 1944)
Tio Charlie vem visitar seus parentes na cidadezinha de Santa Rosa, mas sua sobrinha, também chamada de Charlie, começa a suspeitar que ele é o famoso assassino da viúva alegre, que saiu da Filadélfia para a Califórnia fugindo da Lei.

Segredos de Sangue (Stoker, de Park Chan-Wook, 2013)
Em pleno luto por causa da morte de seu pai, India (Mia Wasikowska) deve lidar com o novo comportamento agressivo de sua mãe (Nicole Kidman) e com a chegada inesperada de um tio que ela nem sabia que existia, Charlie (Matthew Goode). Este homem sombrio esconde as reais motivações de sua visita, enquanto seduz as duas mulheres da família.

Inicialmente a peça chave dessa comparação é o personagem do tio Charlie em A Sombra de uma dúvida, vivido pelo ator Charles Bates, e em Segredos de Sangue pelo ator Matthew Goode. O do Hitchcock é desconfiado, já o do Park Chan-Wook (ou Chan-Wook Park) é aquele personagem com muita carga misteriosa. Os dois chegam de viagem para visitar a irmã. No primeiro, uma família super bem estruturada e tradicional, já no segundo uma família destruída pela recente morte do patriarca compondo assim toda a trama em torno da Mãe Evelyn (Nicole Kidman) e da filha Mia (India Stoker).

O que dá vida às duas versões é a relação tio/sobrinha. No filme do Hitchcock a sobrinha tem o mesmo nome do tio, "Charlie", e é muito sorridente e apegada a ele, e tem uma relação de total empatia. Já na versão de Park, a sobrinha é uma personagem totalmente isolada e solitária. No decorrer das duas tramas o espectador vai descobrindo que esse visitante (Tio Charlie) esconde um segredo.

Os dois filmes podem ser definidos como thrillers (filmes de crime), com ótima carga de suspense. Considero o filme do Hitchcock com o roteiro mais rico e detalhado em relação ao filme de Chan-Wook, que possui uma fotografia belíssima e que torna ainda mais significativo o enredo. Chamo a atenção também para a montagem frenética que já é bem característica do diretor coreano, e que esse filme é o seu primeiro trabalho em Hollywood.
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Kayammy Fechine é designer autônomo e também já participou como ator em companhias de teatro do Cariri cearense. É vocalista da banda A Project to Chaos, precursora do Metalcore de Juazeiro do Norte, que atualmente está no início de uma nova roupagem. Para Kayammy, hoje o cinema é a arte mas sublime de todas, a arte que reinventa a vida como nenhuma outra.

Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 03, de 25 de setembro de 2013), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.

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