terça-feira, 2 de junho de 2015

Quatro anos de Cine Café: quatro anos de celebração de amor ao cinema



por Elvis Pinheiro

Foi num 04 de setembro de 2010 que tivemos nossa primeira sessão do CINE CAFÉ com o filme Minha Vida em Cor-de-rosa (Ma vie en rose, França, 1997, Dir. Alain Berliner).

Até dezembro daquele ano a sessão começava mais tarde, às 18h30, e distribuímos certificados de participação com carga-horária específica para os primeiros espectadores.

Apenas três sessões do Cine Café aconteceram no Teatro. Todas as outras 164 sessões oficiais se deram no auditório do sétimo andar, que já possui o desenho afetivo de nossa verdadeira sala de cinema.

A partir das 13h, quando o Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri abre suas portas, começam a ser distribuídas as senhas de acesso. Por volta das 17h já vemos um bom número de espectadores fazendo fila para pegarem seus lugares cativos. Às 17h30, sou eu quem abro a porta, agora da sala do Cine Café com papel e caneta em punho e começo a receber um a um pegando bilhetes, anotando nomes e sobrenomes, cumprimentando os mais próximos com um abraço e a todos com um sorriso, avisando que servimos um café com biscoitos e que a principal regra é que a pessoa deve desligar o seu celular durante a exibição do filme.

Quando todos entram e já estão devidamente acomodados, terminando de tomar seus cafezinhos, dirijo-me à frente do palco, desejo um bom fim de tarde e início de noite para todos e todas e digo desde quando o Cine Café existe, falo da proposta de nossa sala que é a de uma relação afetiva e diferenciada com o CINEMA e que ali eles não são vistos como números. Digo a programação de cinema das outras salas e, às vezes, quando acho necessário, antecipo alguma coisa do filme que irão assistir naquele momento. Por último, o mais das vezes, leio uma poesia ou, vez por outra, indico um livro. Quem estiver sentado perto do interruptor eu peço que me ajude para que desligue todas as luzes assim que eu der o sinal. Então a sessão começa e somos todos levados para outro universo.

Quando o filme termina, vou para a porta de saída e me despeço rapidamente de todos os frequentadores que ficaram até o fim. Com os que resolvem continuar na sala, travamos uma rápida conversa, que não costuma durar mais de 15 minutos, descontraída e despretensiosa sobre o que acabamos de ver.

Assim vimos juntos, nestes quatro anos, filmes das décadas de 20 até os dias atuais, sem preconceitos e descobrindo que um bom filme é uma experiência riquíssima para as nossas vidas.

Tem gente que não conhece o Cine Café e faz uma ideia muito errada dele. Já falaram, sem nunca terem sequer posto os pés na sala, que ali era lugar de “cults do Cariri”, de gente muito nova que vai pra dizer que está indo para um lugar da moda. Queira Deus que um espaço que exibe filmes tão espetaculares seja da moda e permaneça na moda sempre! O que eu sei é que ele é frequentado por pessoas de todas as idades, com estilos bem diferentes e que, sim, temos um público jovem bastante representativo, o que é excelente quando trabalhamos com formação de plateia para filmes alternativos.

Adoro as pessoas que começam a confiar na sala do Cine Café e vão para exibições de filmes que nunca ouviram falar deles. As sessões que mais lotam são as dos títulos já clássicos do mundo do cinema, principalmente norte-americano. Peço sempre para tomarem aquele filme que estão indo rever como parâmetro para todos os outros que eles não conhecem ainda e exibimos por lá. Alguns acreditam e voltam.

O Cine Café é espaço da cinefilia no Cariri e é maravilhoso verem se repetir os mesmos rostos a cada temporada. Os filmes ainda não se repetiram, mas as gerações de espectadores vão se sobrepondo uma a outra numa renovação e permanência vivificantes.

Exibi em setembro alguns dos filmes que mais me marcaram – lembrando que todos que exibo marcaram-me e transformaram-me profundamente – e venho compartilhar com todos e todas que me leem agora essa alegria e esse gozo.

Obrigado ao Centro Cultural Banco do Nordeste que permite que este sonho coletivo perdure há tanto tempo. Todos os gerentes, funcionários, técnicos e produtores que apoiam com força e coração, sou ternamente e fraternalmente agradecido. Obrigado ao público que ajuda divulgando pelas redes sociais e trazendo sempre um novo amigo para as sessões.

Feliz aniversário, CINE CAFÉ!
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Elvis Pinheiro é editor da Revista Sétima e professor. Desde 2003 é Mediador de Cinema no Cariri cearense.

Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 19, de outubro de 2014), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.

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