segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Disco 'Can't Buy a Thrill', do Steely Dan, na Discoteca Básica da Revista Bizz

Do papel # 17

Neste mês de outubro de 2012, o primeiro disco do Steely Dan, Can't Buy a Thrill, completa 40 anos (fontes não muito precisas datam seu lançamento no dia 15 de outubro de 1972). De qualquer forma, 40 anos depois (15 de outubro de 2012) compartilhamos um texto da Discoteca Básica, da Revista Bizz 111 (outubro de 1994), assinado por Fernando Naporano, falando sobre esse disco que é um clássico da música pop.


Discoteca Básica
Can't Buy a Thrill (Steely Dan)


Eles detestam os palcos, as entrevistas e os fotógrafos. Amam jazz, literatura beat, perfeccionismo e sexo.

O nome foi afanado dos dildos de borracha que povoavam o livro The Naked Lunch (Almoço Nu aqui no Brasil), de William Burroughs. E a ideia inicial era fazer um pop simples, que se tornaria sofisticado com o passar dos anos.

Dito e feito: quando em meados de 72 iniciaram as gravações de Can’t Buy a Thrill, já possuíam um grau de sofisticação pouco comum aos grupos de caráter pop da época — como The Grass Roots e Three Dog Night, além de já terem tocado em várias bandas e composto para muita gente.

O Steely Dan — que voltou após um hiato de treze anos — é uma verdadeira instituição musical. Os donos do império são Donald Fagen (teclados/baixo) e Walter Becker (guitarra/baixo/vocais ocasionais), dois caras excêntricos que recrutaram caros e respeitados músicos de estúdio para o grupo.

Numa discografia composta somente por quinze singles e sete álbuns, eles conseguiram vender mais de 50 milhões de discos e Can’t Buy a Thrill não foi apenas o pontapé inicial deste sucesso, como também a obra que veio a definir a concepção musical do duo.

Ou seja, a subversão de incorporar harmonias jazzísticas a tessituras pop, adicionando pitadas de som latino, ecos de soul music e sombras de Traffic e de The Band. Assim, geraram uma técnica muito específica de tornar viável o que poderia ser insólito.

A arte da transfiguração comandada por Becker e Fagen contou com a ajuda preciosa das guitarras de Jeff Baxter (ex-The Fugs, ex-Ultimate Spinach) e de Denny Dias (que mesclava Santana com bepop), mais a precisão rítmica da bateria de Jim Hodder (ex-The Bead Game) — que emprestou seus vocais a uma das canções, "Midnite Cruiser", um tributo ao jazzista Thelonious Monk.

Neste álbum apareciam alguns dos maiores hits do Steely Dan: canções como "Do It Again", "Reelin' In The Years" e "Dirty Work" (onde os vocais principais ficaram com o tecladista David Palmer, pois Fagen morria de medo de ser um cantor.

Quanto às letras deles, eram imagéticas e bizarras — Becker explicou, na época, que “elas evocavam sensações esquecidas”. Que tal então despertar arrepios dos anos 70 ao reouvir Can’t Buy a Thrill — e também todos os eus geniais sucessores que foram lançados pelo Steely Dan?
Fernando Naporano

Performance:
Ano de lançamento: 1972
Produção: Gary Katz
Faixas: "Do It Again", "Dirty Work", "Kings", "Midnite Cruiser", "Only a Fool Would Say That", "Reelin' In The Years", "Fire In The Hole", "Brooklyn (Owes The Charmer Under Me)", "Change Of The Guard", "Turn That Heartbeat Over Again"
Notas: O título do álbum foi extraído de um verso de Bob Dylan — "Well, I ride on a mail train, baby/Can’t buy a thrill" ("Bem, eu viajo em um trem postal, baby/Não posso comprar uma emoção";
O disco foi gravado no histórico Village Recorder, em Los Angeles;
O single “Do It Again” vendeu cerca de um milhão e meio de cópias;
As notas de apresentação na edição original do álbum foram assinadas por um tal de Tristan Fabriani, que na verdade era um pseudônimo do duo
Formatos: Disponível nos EUA, na Europa e no Japão, em sua versão original e também na caixa Citizen Steely Dan: 1872-1980 (MCA), que reúne os sete álbuns e uma faixa inédita. No Brasil, em vinil estava fora de catálogo, mas saiu em CD recentemente, lançado pela MCA/BMG-Ariola.
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"Do It Again" (Walter Becker/Donald Fagen), ao vivo:

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