terça-feira, 3 de dezembro de 2013

'Minha Vida em Cor-de-Rosa' ('Ma vie en rose'), filme de Alain Berliner



por Gabi Bernardino

Minha vida em cor de rosa (Ma vie en rose) é uma produção cooperativa entre Bélgica, França e Inglaterra, dirigida pelo belga Alain Berliner, lançado em 1997.

Trata-se da história de Ludovic, um garoto de sete anos (atuação excepcional de Georges Du Fresne), o caçula da família Fabre, que choca a todos quando decide assumir uma identidade feminina em uma festa promovida por sua família para atrair a nova vizinhança usando maquiagem e vestido. O choque e o incômodo inicial não foram de grande alarme, as recusas só aumentaram quando Ludovic persistiu em "ser menina". Ao reivindicar casar-se com Jerome (Julien Rivière), seu colega de classe, não tardou que a repreensão sobre sua feminilidade se estendesse por toda a vizinhança.

Ludovic questiona-se sobre ser menino ou menina e, ao ouvir explicações biológicas de sua irmã, ele conclui que Deus desejava que ele nascesse menina, mas um dos seus cromossomos X foi parar no lixo, ficando XY, mas logo Deus concertaria esse erro.

Sua mãe Hanna (Michele Laroque) e seu pai Pierre (Jean-Philippe Ecoffey) veem-se entre a aceitação e a recusa, o amor pelo filho e o medo de serem humilhados pela sociedade heteronormativa em que vivem.

Entre repreensões e violência homofóbica, Ludovic mergulha em uma fantasia rósea incentivada pela fada Pam, analogia à Barbie, e o apoio afetivo de sua vó Elisabeth (Elene Vincent).

Minha vida em cor de rosa, em todos os momentos do filme, aborda uma construção estruturada da masculinidade e feminilidade, estabelecidas socialmente, e os conflitos entre os impulsos pessoais e a estrutura normativa da sociedade; outro aspecto é o protagonismo da criança na significação do seu próprio mundo. Para Ludovic, sua satisfação está em aceitar que, no fundo, ele é menina. Não podendo modificar a individualidade humana, segundo a socióloga Raewyn C. "ser homem" ou "ser mulher" não depende apenas de um aprendizado passivo ou de um processo mecânico de socialização de gênero.

O filme ganhou 11 prêmios incluindo um Crystal Globe no Festival Internacional de Cinema Karlovy Vary, melhor filme, em 1997; e um Golden Globe Award, melhor filme em língua estrangeira, em 1998. 
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Gabi Bernardino é estudante e gosta de Literatura. Através de monitoria iniciou um projeto de Academia de Letras na E.E.M. Gov. Adauto Bezerra (Juazeiro do Norte-CE).

Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 01, de 11 de setembro de 2013), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.

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