por Elvis Pinheiro
Um grande criador são suas criações. Sem rótulos, sem uma grife que diga que o tal é o tal e eu tenha que engolir sem acreditar nessa informação. Ele é o Mestre pela sua originalidade, por estabelecer modos de operar com a câmera, por desenvolver toda uma linguagem específica de um gênero considerado menor dentro do Cinema.
Ele foi homem e personagem ao mesmo tempo. Inseria-se em seus filmes em rápidas aparições e tornou sua figura gorda e com pouco cabelo uma imagem caricaturada de si, meio como fizeram Salvador Dalí com seu bigode e Woody Allen com seus óculos quadrados.
Hitchcock me conquistou pela sofisticação perversa, pelo charme com humor, pela sexualidade que emana de suas histórias, de seus personagens. O olhar do psicopata por um pequeno buraco, onde observa a futura vítima, tomando banho no chuveiro; os dois amigos, evidentemente homossexuais, tentando esconder o corpo de um terceiro enquanto conversam com os pais e namorada do morto; a Natureza se rebelando sem aviso contra a humanidade; o olhar de um fotógrafo para a vida particular de seus vizinhos (Janela Indiscreta).
Com Hitchcock descobrimos o prazer em ver. O voyeurismo é descarado e cúmplice. Um cinema que não envelhece por conta do desenho clássico e por trabalhar com os aspectos mais primitivos e particulares da alma humana. O espanto da criança continua ressoando no adulto que fica cada vez mais fã e reafirmador da genialidade do Mestre. Mestre, sim senhor.
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Elvis Pinheiro é editor da Revista Sétima e professor. Desde 2003 é Mediador de Cinema no Cariri cearense.
Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 03, de 25 de setembro de 2013), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.
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