domingo, 28 de dezembro de 2014

Produção de cinema no Cariri contemporâneo



por Ravena Monte

Pensar no Cariri é ver o berço de cultura que é tão comentado mundo afora. Pensar Cariri é ver reisados, bandas cabaçais, lapinhas. Mas pensar Cariri, atualmente, vai muito além disso. Pensar Cariri também é ver a dança, seja contemporânea ou de salão, é pensar música autoral, é pensar cinema! E pensar cinema é também fazer cinema.

É bem verdade que nos dias de hoje a produção cinematográfica caririense vem se emergindo de forma lúcida e visível, correto? Deixamos de ser “do Cariri” para ser feito “no Cariri”. Assim como ocorreu na França, o Cariri também vem numa nova onda, palco de um “boom” cinematográfico com produções independentes que ganham cada vez mais uma identidade, uma característica do que é nosso.

Temos à frente dessa ebulição nomes que já carregam peso e reconhecimento nessa área fílmica, seja na parte de direção, como também produção, sem deixar de citar montagem e fotografia. A presença da mulher nessa produção é evidente, como o exemplo de Nívia Uchôa, que já produziu mais de dez filmes, além de ser fotógrafa reconhecida nacionalmente, e fala que “essa produção está em fase de transição” e que “é preciso criar cursos profissionalizantes nessa área para que haja uma maior inserção de pessoas nessa linguagem, com a inclusão também do manuseio em câmeras digitais”.

A professora e também cineasta Adriana Botelho, com seus oito anos na área e mais de seis filmes, nos conta que nessa cena do audiovisual “as produções e exibições são realizadas por iniciativas particulares, faltam políticas municipais para realização, exibição e distribuição”; e ressalta a importância da abertura do curso de audiovisual na UFCA (Universidade Federal do Cariri).

Falando em novas mídias, devemos citar o cineasta Daniel Batata, que é reconhecido por suas produções feitas com câmera de celular, ou imagem pixelada, deixando claro que a ideia é experimental: saber até onde dá para ir e saber o que fazer quando chegar. Junto dele, temos o Ythallo Rodrigues, que em nove anos produziu mais de 11 filmes e afirma que “a divulgação dos trabalhos dos realizadores ainda é um pouco tímida, mas tem melhorado” e que também “faltam espaços de formação, para que pessoas não precisem estudar fora”, se referindo ao que falta na região na questão da visibilidade cinematográfica.

Ainda dentro desse rol de figuras atuantes cito o Franklin Lacerda, que ganhou destaque como diretor, junto com Orlando Pereira, com o curta Também sou teu povo, e participou como coordenador do projeto da ONG Verde Vida, no Crato, na produção de um box com dez vídeos, intitulado “Ações culturais para povos rurais”, acreditando que “importante também foi o período em que a Associação Audiovisual do Cariri atuava firmemente articulando essa cena”.

Dentre outras produções, a Casa Grande (de Nova Olinda) com seu projeto 100 canal, onde curtas-metragens são produzidos com os meninos e meninas de lá, e também frisando a abertura do curso de Audiovisual na Escola Profissionalizante Violeta Arraes, no Crato. Além das produções feitas no e a partir do curso de Artes Visuais do Centro de Artes Violeta Arraes, em Juazeiro do Norte, onde destaco os jovens promissores Carlos Robério, Fábio Tavares, Jaildo Oliveira e Orismídio Duarte, entre tantos outros que estão por aqui e desconheço. 
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Ravena Monte é formada em Letras, poeta, produtora cultural e mais um monte de coisa.

Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 16, de 12 de fevereiro de 2014), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.

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