No primeiro sem
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Mas Terra em transe não seria apenas isso, sendo considerado tanto na época de seu lançamento como durante esses 45 anos de sua História um grande marco do cinema político mundial. Um filme que através de elementos simbólicos, desvela-nos os segredos do artista como possível agente de mudanças políticas e sociais, no entanto nesse homem (Paulo Martins) reinam sentimentos paradoxais, sobre a vida, o amor, a poesia. Em determinado momento a personagem Sara nos braços de Paulo lhe diz, ao pé do ouvido, com uma ternura mórbida “Você não entende. Um homem não pode se dividir assim. A política e a poesia são demais pra um só homem...”
Aqui temos um trecho de um artigo escrito pelo professor e crítico de cinema José Carlos Avellar, com o título “Um filme ópera como um documentário em transe”, publicado na Revista de cine mais outras questões audiovisuais, pela Editora Aeroplano, em janeiro/março de 2005.
“(...) 2.
A ideia surgiu em janeiro de 1965, em Roma. Glauber acabara de debater sua Estética da fome no seminário Terzo Mondo e Comunità Mondiale na Rassegna del Cinema Latino Americano organizada pelo Columbianum, em Gênova.
Em nove páginas dati
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A ideia de um filme que se chamaria América nuestra, a terra em transe parece ter gerado um só roteiro de duas cabeças. Na primeira página da versão mais longa de América nuestra, (a segunda, a de abril de 1966, que ele escreveu no Rio de Janeiro) metade do título datilografado está rabiscado. Glauber escrevera: América nuestra (A terra em transe). Depois, entre correções e acréscimos feitos à mão, riscou o pedaço do título entre parênteses. Por longo tempo, mesmo depois de Terra em transe concluído, como é possível observar no texto que escreveu para a divulgação do filme, Glauber se referiu ao filme com o que anotou entre parênteses depois do título de América nuestra: A terra em transe. Deste modo talvez se possa dizer que Terra em transe surgiu como se Glauber tivesse riscado o pedaço do título antes dos parênteses: mais exatamente, um pedaço da história. Sonho duplo, fusão, um dentro do outro, poesia e política, América nuestra pode ter sido sonhado como se o movimento entre poesia e política partisse da política (agir urgentemente); Terra em transe, como se o movimento partisse da poesia (pensar a ação); os dois, o efetivamente realizado e o que existe só como anotação, podem ter sido sonhados como projeções do que Amor, no primeiro, diz para Juan e Sara, no segundo, diz para Paulo: a poesia e a política são demais para um homem só.
Um ponto de partida comum para este sonho duplo: Deus e o diabo na terra do sol:
“Senti a necessida
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O sonho de um cinema entre a poesia e a política pode, na verdade ter começado com a experiência de Barravento: a consciência dos “problemas primários de fome e escravidão regionais” e de que o “cinema só será quando o cineasta se reduzir à condição de poeta e, purificado, exercer o seu ofício com seriedade e sacrifício”. E ter sido sonhado mais forte com a Estética da fome, a consciência de que o cineasta deve estar “pronto a por seu cinema e sua profissão a serviço das causas importantes de seu tempo.” (...)”
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* Glauber Rocha, Uma aventura perigosa, depoimento para a revista Fatos & Fotos, Rio de Janeiro, abril de 1967.
Mais sobre Terra em transe:
Aqui uma matéria de 1997, com o título “Glauber radical” , quando então se completava 30 anos do lançamento de Terra em transe, publicada no caderno Vida e arte, do jornal O POVO, e escrita pelo professor de cinema e cineasta Firmino Holanda. Segue o link para acessar à matéria na íntegra, resgatada e publicada em O POVO Você online, por Rebeca Sousa, em 2012.
Glauber radical - O POVO Você Online
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gostaria de saber como é retratado o nordeste nesse filme
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