Um dos problemas sociais mais debatidos atualmente é o bullying. O bullying humilha, constrange e pode afetar o sujeito de forma irreversível, diminuindo sua autoestima e o seu desempenho social para o resto de sua existência.
Teorias à parte, lembrei-me que já tive meus bons momentos "bullying". Eu, pequeno ser em idade escolar (geralmente o 2º menor da turma) sofria, ano após ano, do pré-escolar até a quarta série, alguns maus tratos por parte daqueles alunos mais bagunceiros. Nada tão grave, é verdade. Mas tudo mudou no primeiro semestre da 4ª série quando, num dia inesquecível, Marizete agiu.
Marizete era uma menina que estudava na minha sala. Era uma aluna repetente e tinha 12 anos, quando a média de idade na sala era 10. Porte físico avantajado, morena caramelizada, de forte personalidade, mas que era um doce de pessoa quando assim queria ser, um dos xodós da professora.
Certo dia estava eu na fila da merenda, quando o meu agressor mais assíduo me pegou de repente, suspendendo-me a cerca 60 centímetros do chão, pela gola do meu uniforme. Naquele instante foi um alvoroço geral da meninada que partiu para chamar a professora em meu auxílio.
Eis que, como um raio, surge Marizete, desafeto declarado daquele filho de uma porca que me agredia. Rapidamente, ela me livra das mãos do infame, dá dois empurrões no peito dele e avisa: “se você mexer com ele vai se meter comigo! E isso vale pra qualquer aqui!”.
O filho de uma bacurinha se desculpou e partiu em disparada. Nem pro lanche ficou.
Naquele instante, profundamente grato, é claro, mas com minhas dúvidas infantis, ficava-me perguntando o que seria pior: apanhar no meio da garotada ou ser salvo por Marizete?
Tá parecendo o filme Norbit, do Eddie Murphy.
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