sábado, 24 de outubro de 2015
Um pesadelo no Crystal Lake
por Erick Linhares
Devo começar com o que me chama mais a atenção: a atuação, no mínimo engraçada, nas cenas de medo dos personagens. Imagine que você está procurando alguém e, de repente, alguém por trás te surpreende com uma faca, você obviamente, olha pra cima e começa a chorar. Pode parecer um pouco incomum, ainda mais alguém te surpreendendo com uma faca, mas é assim uma das cenas mais sangrentas de Sexta-feira 13 (Friday the 13th, 1980), do diretor Sean S. Cunningham.
Em A hora do pesadelo (A nightmare on Elm street, 1984) do diretor Wes Craven, os gritos de terror e de medo são mais convincentes, pecando um pouco na morte de Tina, que, apesar da cena clássica de levitação sobre a cama, no sonho ela não mostra estar, verdadeiramente, sendo esfaqueada por Krueger (Freddy Krueger usa facas acopladas numa luva ,que parecem unhas maiores e mais afiadas).
Contudo, esses dois filmes revolucionaram o cinema de horror. Falando de antemão, são duas estórias envolventes e inteligentes, bem amarradas desde a gênese. Krueger, o psicopata que matava crianças, morto pelos vizinhos que não aguentavam mais sua impunidade, volta nos pesadelos dos jovens que por lá moram, com sua cara desfigurada pelas chamas que causaram sua morte. Ele quer se vingar, movido por uma raiva mortal. A mãe de Jason também pede vingança, ela não aceita que jovens do acampamento do Crystal Lake estivessem transando enquanto seu filho se afogava no lago por não saber nadar — apesar de que, no final do filme, sabemos que Jason ainda vive e, movido pelo mesmo sentimento dos dois acima, vestirá sua máscara emblemática em busca de vingança.
Não se pode deixar de falar das cenas clássicas dos dois filmes que marcaram a época. O som que as garras de Krueger fazia, sua roupa e chapéu descolados fazem jus às características que primeiro lembramos do personagem, mas a cena da banheira, em que aparece a garra por entre as pernas de Nancy enquanto ela cochilava, para mim é a cena do filme. Enquanto que em Sexta-feira 13 o fundo musical de terror também é lembrado por todos os fãs, sem falar da máscara de hockey e o grande facão que Jason sempre leva consigo, sua cena marcante, nesse primeiro filme, seria já perto do final, em que Jason mostra, aparentemente, que está vivo e tenta afogar a personagem, saindo do lago em que supostamente “quase” morria afogado.
As sequências dos dois filmes fortificam seu enredo e fazem crescer o número de eternos fãs, mesmo aqueles que perderam o medo quando cresceram, mas ficando um respeito por duas obras criativas, porém sangrentas, que ainda podem deixar várias gerações sem dormir à noite. Para elas eu só tenho uma coisa a dizer: “Don’t – Fall – sleep!!!!”.
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Erick Linhares é formado em Psicologia pela Faculdade Leão Sampaio, onde foi coordenador geral do Centro Acadêmico do curso. Atualmente é bolsista na Especialização em Gestalt Terapia.
Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 22, de julho de 2015), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.
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