segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Liberdade de ser quem se é: sobre ‘Amigas de Colégio’



por Elvis Pinheiro

Essa pequena maravilha do amor adolescente, de como se dá o início das descobertas de nossos desejos, sonhos e de quem somos, vem da Dinamarca, diretamente dos anos 90 e de um diretor capaz de obras ora leves e descontraídas, ora densas e contundentes. Lukas Moodysson é um diretor de estilo lupa: ele olha para os dramas pessoais com uma lente de aumento e a gente fica logo se sentindo íntimo dos personagens e de suas manias, frustrações e vontades.

O título original é maravilhoso: Foda-se Amal. Amal é uma pequena cidade da Dinamarca, que via de regra, para cidades do interior, é provinciana e preconceituosa. As pessoas que sonham em fazer qualquer coisa mais ousada esbarram nos modelos preestabelecidos e nas opiniões do senso comum. Aquela menina mais isolada, que curte filmes e músicas mais alternativos e se veste diferente é logo estigmatizada e perseguida. Do outro lado, aquela garota popular, bonita e dentro dos padrões estabelecidos, vive aprisionada a uma camisa-de-força do que deve pensar e fazer e de com quem, necessariamente, tem que namorar. Para uma é difícil existir, porque visivelmente, ela é diferente. Para a outra é difícil se mostrar ou ser qualquer coisa distinta do que traçaram para a sua vida.

Amigas de Colégio lembra os melhores filmes dos anos 80 que mostravam relacionamentos entre jovens e ainda possui essa peculiaridade de agradar qualquer pessoa: todo mundo se identifica com a história, independente de sua orientação sexual, exatamente pelo fato de que todo mundo está preso a imagens estagnadas de si e a opinião dos juízes do comportamento ideal que nos cercam.

Texto originalmente publicado no blog da Mostra 21 de 2012 e com alterações para a edição 22 da Sétima: Revista de Cinema.
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Elvis Pinheiro é editor da Revista Sétima e professor. Desde 2003 é Mediador de Cinema no Cariri cearense.

Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 22, de julho de 2015), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.

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