sábado, 15 de março de 2014
'Uma Noite Alucinante' versus 'A Morte do Demônio'
por Kayammy Fechine
Uma noite alucinante: a morte do demônio (The Evil Dead, Sam Raimi, 1981)
Ash, sua namorada e seus amigos vão passar um fim de semana em uma cabana na floresta. Chegando lá, encontram o Necronomicon, o livro dos mortos. A leitura deste livro os deixará numa terrível situação da qual tentarão sobreviver em um cenário bizarro e desesperador: um a um, eles vão sendo possuídos por demônios.
O que podemos dizer sobre este filme, que marcou a carreira do Sam Raimi e até hoje é considerado um clássico do gênero terror? O diretor fez esse filme como um trabalho conclusivo de curso, com apenas 350 mil dólares para investir. The Evil Dead foi exemplo para muitos "filmes de cabana" posteriores.
O primeiro ponto alto de Uma Noite Alucinante é a forma inovadora da filmagem, em que a câmera se torna a própria entidade demoníaca, pois ela, num plano subjetivo, verdadeiramente corre durante muitas cenas. Detalhe: pela falta de aparatos, as tomadas foram realizadas montando a câmera em uma mesa de madeira, que era carregada por duas pessoas que a moviam rapidamente.
Outra particularidade é que não se tem um protagonista até a conclusão do filme. O trabalho de maquiagem foi excepcional para a época. A trilha do filme é totalmente significativa, juntamente com a edição de som, que chega a dar mais vivacidade a algumas cenas, gerando incômodo e bastante medo nos espectadores. As cenas de "gore" (cenas grotescas de sangue e violência) são um delírio para os fãs do gênero.
Falando um pouco do protagonista: Ash (Bruce Campbell) é a figura do herói invencível, um herói medroso, porém resistente. Suas caras e bocas tornam a película, além de assustadora, divertida.
A morte do demônio (Evil Dead, Fede Alvarez, 2013)
Para ajudar Mia, que está em abstinência de drogas e tem surtos constantes, seu irmão e uns amigos levam-na para uma cabana isolada na floresta, onde pensam em fazê-la relaxar. Chegando ao local, encontram o livro Necronomicon, e ao lerem-no, libertam os Morites de volta ao nosso universo.
Esse remake recria a famosa cena da câmera/entidade, homenageia bem o original (tem o dedo do próprio Sam Raimi na produção), possui uma boa fotografia, com bons efeitos de iluminação. É um filme, no entanto, que não traz boas atuações, apesar disto não comprometer a película.
Assim como o original, de cara não temos um protagonista definido. As cenas "gores" fazem jus ao original, e até a cabana foi recriada foi recriada muito fielmente à de 1981.
Chamo a atenção para os diálogos que são mais significativos. As possessões também seguem gradativas, e o que mais me agradou foi a não intenção de criar um novo Ash. Mesmo assim, na minha opinião, nem de longe o clássico foi superado.
A continuação já foi anunciada e estamos no aguardo de que ela supere esta refilmagem.
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Kayammy Fechine é designer autônomo e também já participou como ator em companhias de teatro do Cariri cearense. É vocalista da banda A Project to Chaos, precursora do Metalcore de Juazeiro do Norte, que atualmente está no início de uma nova roupagem. Para Kayammy, hoje o cinema é a arte mas sublime de todas, a arte que reinventa a vida como nenhuma outra.
Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 07, de 23 de outubro de 2013), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.
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