segunda-feira, 24 de março de 2014
Cordel 'Padre Cícero do Juazeiro e... Quem é ele?', de Maria Rosário Lustosa
Embalado pra viagem # 102
Cordel Padre Cícero do Juazeiro e... Quem é ele?
Autora: Maria Rosário Lustosa
1ª Edição: julho de 2002
Republicado pela Coleção Centenário - Cordéis Clássicos
Xilogravura da capa da reedição (Editora IMEPH, 2012): José Lourenço
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Que Deus do céu me inspire
E não me faça calar
Eu vou tentar responder
Essa pergunta no ar
Quem é o padrinho Cícero?
Eu vou aqui explicar.
Pergunta que não é fácil
De falar e responder
Sei que filho do Crato
Saiu de lá pra viver
Na vila de Juazeiro
Cidade que viu crescer.
Ele foi um sacerdote
Que Deus botou em seus planos
E que cuidou do Juazeiro
Como muitos soberanos
No ano de trinta e quatro
Morreu com noventa anos.
A sua vida de padre
Logo se modificou
Com o milagre da hóstia
Que o sangue derramou
Mudou todo o seu destino
E tudo se transformou.
Ele é mesmo um fenômeno
Difícil de explicar
Por mais que alguém estude
Não vai saber decifrar
Um pouco do que ele era
Eu vou agora falar.
Foi um grande patriarca
Conselheiro e confessor
É chamado de padrinho
Como terno protetor
Que a todos acolhia
Com seu carinho e amor.
Um homem inteligente
À frente de sua era
Recebeu o Juazeiro
Uma vila de tapera
E por sessenta e dois anos
Construiu uma quimera.
Juazeiro é um milagre
Que padre Cícero fundou
De pequenina cidade
Em grande se transformou
Continua recebendo
O romeiro que ele amou.
Ele fez do Juazeiro
Uma terra prometida
Amava muito esta terra
E por ela dava a vida
O romeiro que chegar
Tem por certeza a guarida.
Ele até disse uma vez:
— Filho do Crato eu sou
Mas Juazeiro é meu filho,
Assim ele se expressou
Mostrou sua sapiência
Quando se justificou.
Defender o oprimido
Foi sua maior missão
Amparou o desvalido
Com empenho de cristão
Compadeceu-se do pobre
Com amor no coração.
Como padre conselheiro
Foi por Deus iluminado
Quem conversava com ele
Saia bem confortado
E quem a ele escutava
Ficava orientado.
Ele foi um rico pobre
Que não juntou um vintém
Gostava de ajudar
Sem querer saber a quem
Ao receber com uma mão
Dava com a outra também.
Um regime social
Aqui ele promoveu
Ensinou foi a pescar
Peixe pronto ele não deu
Priorizou o trabalho
Da oração se valeu.
Paternalista não foi
Botou foi pra trabalhar
Relacionou muitas artes
Para ao povo ensinar
Tinha resposta pra tudo
Que vinham lhe perguntar.
Como nacionalista
Protestou a União
Que já bem naquela época
Promovia a concessão
E nas terras brasileiras
Praticava a isenção.
Um bom político ele foi
Juazeiro governou
Combateu a injustiça
Que ao povo explorou
A ser patrão e ser ricos
Ele também ensinou.
Afetuoso e fiel
Recebia muito bem
A sua casa era aberta
Não renegava ninguém
Colecionava amigos
Ricos e pobres também.
Como pacificador
Nunca fez revolução
Incentivava a todos
A praticar o perdão
Optava pela paz
Não gostava de questão.
Amigo e companheiro
Estava sempre presente
Na alegria e na dor
Nunca ele ficava ausente
Comungava com seu povo
Respeitava sua gente.
Fazia muitas promessas
Com a fé no coração
Rezava várias novenas
E fazia procissão
Tinha pela Mão das Dores
Uma grande devoção.
Pedia para as pessoas
Que o rosário rezasse
E que esta oração
À família ensinasse
Para pedir salvação
Mandava que meditasse.
Ao poderoso ensinou
A todos fazer o bem
A praticar a justiça
Sem humilhar a ninguém
Acabou com muita briga
E com intriga também.
O rico naquele tempo
Era em cima que estava
Porém o pobre coitado
Em baixo se acomodava
E o padre Cícero aos dois
Com cuidado orientava.
Zeloso com a criança
Cuidou da educação
Implantar várias escolas
Foi sua preocupação
Ensinando a trabalhar
Pra poder ganhar o pão.
Recebeu todo respeito
Do bandido criminoso
Aconselhava a eles
O caminho laborioso
De honra, ordem e trabalho
Pra se tornar virtuoso.
Dizia: — Vá pra Goiás
Que uma terra distante
E por lá refaça a vida
Seja mais um habitante
Faça as pazes com Deus
Que seu perdão lhe garante.
O nome de coronel
Padre Cícero recebeu
Esta patente não tinha
A polícia não lhe deu
Assim ele foi chamado
Quando todos defendeu.
Na Serra do Araripe
Formava habitação
Orientou Zé Lourenço
Nas terras do Caldeirão
A cultivar a lavoura
E fazer a plantação.
Amigo da natureza
Gostava da bicharada
Criava um zoológico
Dentro da sua morada
Alguma espécie existe
Em seu museu espalhada.
Pela cultura que tinha
Chegou a ser um profeta
E como homem informado
Respondia a coisa certa
E as suas previsões
Servia até de alerta.
Foi um líder natural
Que Deus do céu enviou
Este santo peregrino
Que o povo consagrou
Cumpriu bem sua missão
Quando na Terra passou.
FIM
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Postagem neste 24 de março de 2014: dia dos 170 anos de nascimento do Padre Cícero.
Algumas postagens do blog O Berro sobre o Padre Cícero:
- O Padre Cícero, a Igreja e a devoção popular (por Renata Marinho Paz)
- "Os romeiros de Padre Cícero" no Sem Fronteiras da Band
- Padre Cícero: pioneiro na região do Cariri em defesa da ecologia
- O dia em que Padre Cícero foi eleito deputado federal
- Padre Neri Feitosa em defesa do Padre Cícero
- O Padre Cícero e o incentivo ao trabalho
- Juazeiro na voz de Gonzagão # 03
- O Padre Cícero na 'Revolução de 1914' (no livro 'Padre Cícero na berlinda')
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hoje destacamos este cordel no Programa Gibão de Couro - dedicado a Cultura, valorizando o musical do Cancioneiro nordestino - Rádio Costa Oeste - Comunitária 87,9 - Jorge Noronha 9 85 9 8971 5059
ResponderExcluironde vende?
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