sexta-feira, 21 de março de 2014
Um breve painel sobre o atual cinema pernambucano
por Wendell Borges
Apontado por muitos críticos como marco inicial da retomada do cinema pernambucano, a obra Baile Perfumado, de Paulo Caldas e Lírio Ferreira, lançada em 1996, já ditava muitas das características e da força do que viria a ser produzido nos anos subsequentes em Recife. Após essa parceria, o paraibano Paulo Caldas e o pernambucano Lírio Ferreira seguiram carreira solo, realizando produções divergentes.
Paulo Caldas dirigiu o documentário O Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas, lançado em 2000, já Lírio Ferreira dirigiu e roteirizou o longa Árido Movie em 2006, quase dez anos após o lançamento de Baile Perfumado. Apesar de divergirem na temática e nos assuntos abordados, ambas as produções foram realizadas no Recife. Os cineastas realizaram mais dois longas, cada um: Caldas dirigiu Deserto Feliz (2007) e O País do Desejo (2011), o primeiro uma coprodução Brasil/Alemanha filmada no Recife e o segundo uma coprodução Brasil/Portugal encenada no Recife e em Olinda. Ferreira dirigiu um documentário sobre o compositor Cartola, lançado em 2007, e um outro documentário, O Homem Que Engarrafava Nuvens, sobre o compositor e político Humberto Teixeira, conhecido como “O Doutor do Baião”.
No âmbito do documentário atualmente também merece destaque o diretor Gabriel Mascaro, autor de filmes como Um Lugar Ao Sol (2009), Avenida Brasília Formosa (2010) e o mais recente Doméstica (2013). Ainda na ficção também merece destaque Marcelo Gomes com as obras Cinema, Aspiras e Urubus (2005) e Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo (2009), ambas dotadas de grande força poética. Vale ressaltar que este último, inclusive, é codirigido pelo diretor cearense Karim Ainouz.
Em 2002 surgia em longas de ficção, após filmar alguns curtas, o cineasta Cláudio Assis, que recentemente finalizou sua Trilogia iniciada com Amarelo Manga (2002), seguida de Baixio das Bestas (2006) e concretizada com Febre do Rato, em 2011. Nela o diretor trabalha de forma crua e visceral algumas das mazelas da sociedade brasileira, adotando um estilo próprio que já se tornou sua marca estética.
Após o lançamento em 2013 de O Som Ao Redor, do jornalista e crítico de cinema Kleber Mendonça Filho, o cinema de Recife ganhou de vez a voz e a atenção não só do Brasil, mas de prestigiados jornais e críticos de cinema norte-americanos. Kleber Mendonça já havia lançado alguns curtas-metragens bastante aclamados como Vinil Verde (2004), Eletrodoméstica (2005) e Recife Frio (2009), além do documentário Crítico, lançado em 2008. Mas foi com seu primeiro longa que o jornalista (fundador do blog CinemaScópio) ganhou o mundo de forma mais intensa. Seu próximo longa já está com lançamento previsto para 2014 e será realizado em parceria com o produtor Juliano Dornelles.
Apesar de diferentes em suas temáticas, adotando estéticas particulares, o cinema produzido em Recife, encabeçado atualmente pelos cineastas acima relatados, já deram sua contribuição para trazer o Brasil e o Recife aos olhos do mundo. Agora só nos resta acompanhar, ver e torcer para que esta força e ousadia autoral possam ter continuidade, ajudando a crescer a motivação e reflexão para um pensamento audiovisual e cultural mais amplo em território brasileiro.
Sites consultados:
http://www.cinemapernambucano.com.br/home.php
http://www.filmeb.com.br
http://revistaogrito.ne10.uol.com.br/page/blog/2013/05/12/um-conversa-sobre-cinema-pernambucano-hoje/
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Wendell Borges é professor de Artes e Língua Inglesa e editor do blog arquivoxdecinema desde 2008.
Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 08, de 30 de outubro de 2013), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.
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