Reed deixou o The Velvet Underground em 1970 com o gosto amargo da derrota e da animosidade. Nova York havia se tornado fria e distante; Londres parecia ser, agora, o lugar onde as coisas estavam acontecendo. Reed se mudou para a Inglaterra e estreou na RCA com um fracassado álbum solo, preparado com sobras do Velvet requentadas por músicos de estúdio que não se identificavam com a proposta.
Bowie ofereceu a ele uma segunda chance. O inglês vinha fazendo discos dramáticos e brilhantes com seu guitarrista, Mick Ronson. Ambos trabalharam para extrair do poeta e músico de estilo, em geral, seco uma mistura divertidade de decadência afetada e músicas inesquecíveis: o hit internacional 'Walk On The Wild Side', 'Satellite Of Love' e 'Perfect Day'. Os arranjos vocais são lindos, assim como as guitarras ardentes; a presença de um baixo no apoio e do saxofone confere ao álbum um ambiente de cabaré. A ambiguidade sexual da frente e do verso da contracapa atraía o público adolescente, ainda descobrindo as coisas da vida. O disco também fazia os roqueiros esquentarem a pista. E, por trás de tudo, o fantasma de um musical que Warhol nunca chegou a fazer, encenado por travestis e viciados em anfetaminas, e repleto de festas artísticas e sofisticação urbana.
Transformer é o disco mais comercial de Lou Reed e está presenta nas paradas britânicas há três décadas. É também uma exceção, por sua superficialidade, numa carreira ousada que atingiu maiores profundidades."
Selo | RCA
Produção | David Bowie, Mick Ronson
Projeto gráfico | Mik Rock, Ernst Thormahlen
Nacionalidade | EUA
Duração | 37:00
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Ignacio Julià, no livro 1001 discos para ouvir antes de morrer (Editora Sextante, 2007).
Transformer foi lançado há 40 anos: no dia 8 de novembro de 1972.
"Vicious" (Lou Reed) ao vivo em 1974:
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