a ira de aretusa
aretusa já te disse: és uma das grandes musas
cedo, tarde ou quando as belas pernas cruzas
a apetecer meus olhos de sonâmbulo ferido...
não te deixes fugir desse meu amor tão canino
que ao te farejar pelos oito cantos da cidade
encontra só lembranças e marcas de felicidade.
nada de deméritos aretusa
ou frases feitas sem parar
querer-te é te ter no olhar
de uma bela e barroca medusa
sem poder jamais cessar
apenas a permitir e a petrificar
noves fora eu e tu o que sobra?
quase nada, então vamos beber...
mas minha portentosa rima não me dobra
todavia não me coloca a mercê
dum sofrimento qualquer ou desilusão
e aretusa, vesga musa, volta nos braços da paixão.
entre os escombros e a carnificina
construo novas tábulas e usinas
para que meu coração rico e nobre
fabrique mais poemas de amor e de porte
para aretusa ou qualquer messalina
almas gêmeas de um poeta ilustre e forte.
marcha nupcial:
aretusa, és tu rosa mortal?
perdoe-me meu pleno amor em fúria
foram apenas devaneios de substâncias espúrias
meus amores complexos são deveras todos teus
o limbo é nosso; não há espaço pra nenhum deus.
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Da série "Olhar da amada: aretusa não me usas, és apenas minha musa", parte do livro Obras completas, previsto para 2013.
Ythallo Rodrigues é poeta e cineasta.
Muito bom, Ythallo!
ResponderExcluirvaleu Harlon!!
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