"(...) Glauber [Rocha] foi destes casos de 'estar inteiro' e seu empenho radical definiu a astúcia de seus filmes, em que o que poderia ser um esquema se torna um meio de expressão gerador de perguntas, e o que poderia se reduzir à imagem que ilustra ideias se abre para um dinamismo em que as imagens tensionam, entram em conflito com as ideias. Disso resultou uma obra que é mais complexa do que a pedagogia militante requeria, pois ela trouxe para dentro de si toda a interação entre corpo, ideias, imagens e uma conjuntura social que provocou sua resposta. É a formação social e suas particularidades que oferecem ao cineasta os materiais e certo caldo de cultura que a obra internaliza em sua própria forma. Quando esta nos faz repensar aspectos essenciais da experiência, tende a ultrapassar os limites de sua conjuntura e suscitar novas leituras que vão se renovando ao longo do tempo."
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Ismail Xavier, professor e teórico do cinema, em entrevista à Revista Cult 155 (março de 2011).
Nossa homenagem ao cineasta Glauber Rocha, que morreu há exatos 30 anos, em 22 de agosto de 1981.
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