sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Discurso: ETFCE Uned, Cefet Cariri e agora Ifet, sabe-se lá Deus que nome ainda vão dar

Pelo que podemos perceber, as mudanças aqui são constantes, e não se restringem apenas ao novo nome. Mas mesmo que a entrada tenha mudado, que algumas diretrizes tenham sido modificadas, que alguns rostos conhecidos já não estejam mais aqui, é impossível entrar nesse lugar e não ser tocado pela nostalgia e por uma interjeição comum a todos nós: “como era bom!!!”.

É como se por algumas horas reassumíssemos a nossa condição de atores em um filme que tem como protagonista essa escola, esse Centro, ou Instituto como queiram alguns. Cada um tem o seu espaço de memória particular, no que poderíamos chamar de “Vale a pena reviver de novo”. Essa imensa estrutura que hoje aniversaria, nos proporcionou um cotidiano que se repetiu por muitos e muitos anos. Tornou-se, enfim, o nosso espaço de sociabilidade, onde construímos laços fraternos que duram até hoje.

Mesmo que cada um tenha seguido às bifurcações que essa vida nos oferece – como tem sido a ordem natural das coisas desde sempre – ainda assim os laços não se enfraqueceram. Lógico que alguns artifícios nos permitem isso: como o uso de Orkut, MSN, Twitter, facebook entre outras redes sociais, que por mais que pareçam banais, em alguns momentos têm lá sua utilidade.

Hoje voltamos aqui para celebrar um momento especial, 15 anos, do que alguns de nós conhecemos como ETFCE-Uned (é, realmente estamos ficando velhos!), que passados alguns anos foi rebatizada com o nome de CEFET Cariri, e mais recentemente, IFET.

Mas não é o nome o que importa, pois por mais que o mudem e que modifiquem as estrutura, o que vai contar de verdade não é o que podemos enxergar, mas o que sentimos. É a metafísica o que torna difícil passar pelos corredores, pelas quadras, pela cantina e demais blocos e lugares e não ser tocado por um mesmo sentimento comum a todos: a saudade.

Sentimento esse que nos moveu até aqui, além da possibilidade de reencontrar pessoas que durante muito tempo fizeram parte de momentos não apenas importantes, mas principalmente muito felizes de nossas vidas. Os vigilantes, o pessoal dos serviços gerais e Administrativos, ex-alunos, grandes ex-professores, todas essas pessoas que diariamente encontrávamos pelos corredores, e com quem conversávamos e trocávamos experiências de vida.

Muitos foram os bons momentos. Particularmente, sinto-me muito honrado de ter feito parte da equipe de basquetebol da Escola Técnica Federal, e mais orgulhoso ainda por ter sido treinador da equipe feminina em competições locais e em uma edição do JETEC em Fortaleza, quando a equipe feminina foi vice-campeã e tivemos uma de nossas atletas eleita como a melhor atleta da competição, muita felicidade para todos nós.

São muitas as lembranças. Eu selecionei duas: uma triste e uma que seria trágica se não tivesse se tornado cômica. Por ordem, vamos primeiro a triste, e ela se deu em dessas viagens para competição em fortaleza, quando antes de uma partida de basquete, Barrosão nos deu a triste notícia de que não tinha conseguido a sua vaga para cursar mestrado há tanto perseguido e desejado. Lamentamos junto com ele, e naquele momento ele me deu lição, que guardo até hoje, quando disse: “Macho véi, a vida é isso, mas ano que vem tem de novo e eu vou fazer, eu quero” palavras exatas e que ficaram gravadas. Anos depois ele conseguiu o que tanto perseguia, e de aspirante a Mestre, tornou-se agora aspirante a Doutor...PhD, resumindo, será o Fodão.

Agora a parte que teria sido trágica se não tivesse se tornado cômico: nessa mesma viagem, Barrosão, pregou o que pra mim se tornou o maior trote e mico e vergonha a que um aluno poderia ser submetido. O trote se deu antes do café da manhã, quando ele, juntamente com outras pessoas me pegaram para jogar na piscina, e por mais que eu pedisse, até pelo amor de Deus, pois eu não sabia nadar, não teve jeito, com essa cara simpática que ele tem, olhou pra mim e disse: você vai por bem ou por mal, mas voce vai. Resultado mais que óbvio: fui jogado na piscina, que até então eu não sabia ser rasa; só que para mim, naquele momento de desespero, angústia e pânico ela parecia bem mais funda, e no desespero de tentar sair daquela piscina e por não saber nadar, comecei a gritar por socorro... quando ouvi a voz do Barrosão à beira da piscina bolando de rir e gritando: fica em pé, macho véi, a piscina é raza... Bom depois disso foi levantar-me e agüentar a zombaria do pessoal que durou muito tempo e para alguns até hoje. (Adendo: Já sei nadar, então se tiver pensando em tirar alguma onda, não vou pagar mico dessa vez).

Nessa escola, desculpem o saudosismo e a relutância em chamar esse espaço de Instituto, é coisa de saudosista eu admito, mas ainda acho o conceito de escola um pouco mais abrangente do que o Instituto, que para mim, soa mais como um nome de hospital, como ia dizendo, aqui me foi dada a oportunidade de fazer as melhores e mais sólidas amizades que eu tenho até hoje, além dos amigos-irmãos d’O Berro e do basquete, tenho bons amigos entre professores e funcionários.

Enfim, esse é um espaço mágico, no qual tudo acontece e onde tudo é possível, e por mais que mudem o seu nome, a essência é eterna e a áurea que o envolve permanecerá por muitos e muitos anos, séculos, milênios, oxalá para que tudo assim aconteça.

Xico Fredson!

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Um comentário:

  1. Eita me fez lembrar das tardes que passava com um grande amigo, na cantina, "ouvindo" Legião Urbana.

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