![Capa de 'A Céu Aberto', livro de poemas de Paulo Soares (2015)](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj0U1GLqztWeAsaWSItQFTSXZV1deD_Wd7-i08IZNOU1n29TYm0uKb5cqzjfr34HrLYOdmB6Wjuj7Bj64lCUCGc1g0HS5shrB1CDDVG7qw9u-RlKhARzYp5xe9-uzv6i-s7zj41Z61y2o/s320/Paulo-Soares-A-Ceu-Aberto-capa.jpg)
Vaca municipal
Toda cidade tem uma vaca
O nome dela é prefeitura.
A bichinha é disputada
É de raça e sem frescura.
O seu leite é nutritivo
Que delícia, que doçura!
Muita gente mama nela
Outros choram pra mamar.
Gritam, brigam, fazem tudo
Pra não ver o copo secar.
Pense numa vaca gorda!
Que todos querem criar.
Leite pra queijo e pra doce
E também para coalhada.
Vem puxa-saco de longe
Degustar dessa malhada.
Saboroso e bem quentinho
Não se mistura com nada.
“— Esse leite é só pra mim!”.
Dizem pra si os prefeitos.
“— Serve pra endurecer os ossos
dos vereadores eleitos...”.
Êita vaca vaiolsa!
Todo mundo quer seus peitos!.
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Paulo Soares, em A Céu Aberto (Fortaleza: Premius, 2015).
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