Embalado para viagem # 71
A poesia do Cariri nos últimos três anos resolveu sair das gavetas ou das entidades culturais (redutos importantes de poetas em alguns eventos pontuais), e finalmente tomou a rua e assumiu sua boemia. Claro, que durante todo o sempre os bares foram lugares em que os poetas, juntamente com sua companheira Ebriedade, lançaram seus poemas ao vento.
No entanto, alguns poetas e amigos, com uma vontade incomum se acercaram no Roteiro Poético Boêmio, que saindo pelos bares de Juazeiro do Norte, Crato ou Barbalha, levou sua plêiade sedenta por poesia, cerveja e boemia.
Aqui pel'O Berro já passaram alguns desses poetas. Hoje apresentamos mais um, o poeta Edson Xavier.
33 anos e mais nada
quis ser pão
quis ser vinho
quis ser água
o vento do moinho
o líder da manada
na ânsia de ser tudo
nem sequer o pó da estrada
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O que é!
Me fio nas palavras deixadas ao ar
No que sobra do real e imaginário
No que é concreto e no que é lendário
Nas vítimas da vida
Nas dores do mundo
Elevo pra superfície
O que é profundo
E levo pro fundo
O que envenena os ares
Se voo ao sabor dos ventos
E galopo seguro sobre as marés
É por confiar no meu próprio braço
Que no desespero e no cansaço
Me mostrou ser o que é.
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A poesia
a rebeldia
o avesso do poder
ser ou não ser
ter ou não ter
rima
ou verso, livre
o poeta sem lei
o poeta sem rei
nem beira
nem eira
nem grana
não faz verso pra qualquer um
nem que bote feijão no prato
poesia vida
poesia ato
pra nata das pessoas comuns.
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Edson Xavier, nascido em Santo André, no ABC paulista em 1979. Filho de migrante nordestino, como muitos, e de mãe paulistana, veio de mala e cuia há muitos anos, estabelecer-se nas terras do Padre Cícero por conta das saudades do patriarca da família. É poeta, professor de história do ensino básico, militante socialista e um dos mentores e organizadores do roteiro poético boêmio, recitando junto com seus companheiros nos bares da região do Cariri.
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