quarta-feira, 26 de outubro de 2016
‘Discurso’, de Abidoral Jamacaru
Discurso
(Abidoral Jamacaru)
Você diz que a sua ideia galopa veloz
Porque a força da grana virou seu corcel
O seu estandarte é mais alto que o céu
E a sua pistola só cospe sentença
Por isso você pensa que é só você que pensa
É você só que pensa, é você só que pensa,
É você só que pensa?
Eu escarro na sua retórica
Pois ela exala o odor do enxofre
E a mim não engana, está muito evidente
A sua patente é sabor de suspeita
Você me acua, eu lhe mostro os dentes
Eu lhe mostro os dentes
Não me venha que o mundo é sinistro
Eu já não trajo nada, você traja ministro
Seu olhar é rubi, o meu é de lança
Isso tudo é uma dança
Cê sonha que eu durmo, eu durmo acordado
Cê tá de pijama, eu te vejo fardado, eu te vejo fardado
Eu te vejo fardado
Se você pensa que eu sou maluco, você pensou certo
Isto é um jogo aberto e eu não trago bandeira
A parte que eu gosto do abismo é a beira
Não sou o profeta, tampouco o discípulo
Vê se mata a charada, pois eu já te devoro
Eu já te devoro
Não se assuste, isso já passa, depois vem pior
Já sofri feito Jó e não estou mais disposto
A ficar todo roxo de levar porrada
Eu lhe grito no ouvido, não levo mais nada
Se quiser deixo escrito não sou Deus nem diabo
Nem um pé de quiabo
Não sou Deus nem diabo nem um pé de quiabo
Não sou Deus nem diabo nem um pé de quiabo
Nem um pé de quiabo.
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Abidoral Jamacaru, no disco Bárbara (2008)
Capa do disco: Reginaldo Farias.
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