quarta-feira, 2 de março de 2016
Um Lobisomem Americano em Londres
por Wendell Borges
Eu devia ter por volta de quinze ou dezesseis anos, não lembro a idade exata que tinha quando vi esse cultuado clássico do cinema de horror pela primeira vez, mas lembro muito bem das sensações de medo que algumas cenas do filme me causaram, principalmente a fantástica cena na qual o personagem David Kessler, interpretado pelo ator David Naughton, transforma-se em Lobisomem, em um incrível trabalho de maquiagem assinado por Rick Baker. Essa cena foi tão bem construída, tão impactante, que rendeu a Rick Baker seu primeiro Oscar, outros seis viriam futuramente — o último, curiosamente, por seu trabalho no filme O Lobisomem, lançado em 2011. Já vi e revi o filme várias vezes após esta primeira experiência, e mesmo numa das últimas revisões, feita momentos antes de escrever este comentário, sinto que o longa não perdeu seu encanto, seu humor corrosivo. E seu impacto visual não deixa de impressionar.
Eleito também como o melhor filme de horror durante a premiação do Saturn Award (premiação organizada pela Academia de Filmes de Ficção Científica, Fantasia e Horror) no ano de seu lançamento, este filme do diretor John Landis conseguiu reunir uma deliciosa mistura de humor negro, ação, suspense e horror com um visual extremamente impactante e visceral. Landis já havia escrito o roteiro em 1969, mas ainda não tinha fama e nem dinheiro suficiente para bancar o longa, e somente após alguns sucessos, incluindo a comédia Os Irmãos Cara de Pau, lançada no ano anterior, Landis conseguiu bancar a produção orçada em 10 milhões de dólares, mesmo ainda com uma certa desconfiança dos produtores, que consideraram seu roteiro “muito assustador para ser uma comédia e muito engraçado para um filme de horror”.
O crítico Kim Newman, da famosa e popular revista inglesa Empire Magazine estampou em seu comentário a frase “Atividades Lunares carnívoras dificilmente terão mais entretenimento do que Um Lobisomem Americano em Londres”. A proeza de John Landis e Rick Baker foi tanta que, até mesmo nos dias atuais, com a revolução e perfeccionismo dos efeitos digitais da computação gráfica, a cena de apenas dois minutos composta da mistura de maquiagem com bonecos mecanizados ainda causa mais impacto do que outras cenas de transformações lupinas feitas em CGI. Para finalizar este comentário peço aos leitores que façam o seguinte exercício: comparem por exemplo a cena principal da transformação de Amaldiçoados, filme de Wes Craven lançado em 2005, cena esta toda feita em computação gráfica, com a cena de Um Lobisomem Americano em Londres e tirem suas próprias conclusões.
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Wendell Borges é professor de Artes e Língua Inglesa e editor do blog arquivoxdecinema desde 2008.
Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 24, de setembro de 2015), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.
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