terça-feira, 7 de julho de 2015

Juliette Binoche



por Raquel Morais

Falar sobre a Juliette Binoche foi um impulso. Uma força atuada durante um intervalo de tempo que me fez entrar em um mundo pouco conhecido, porém já admirado. Quando o queima do impulso passou, me deparei com a responsabilidade e assim fui atrás do pouquinho que é o muito dessa atriz para vos apresentar.

Nascida no dia 09 de março de 1964, em Paris, França, e filha de dois artistas (separados quando ela ainda tinha dois anos de idade), começou precocemente a sua carreira de atriz. Apoiada pela família, Juliette estudou no Conservatório e logo depois na Escola de Arte Dramática de Paris. No início da década de 1980, fez seus primeiros filmes, como Liberty Belle (1982) e Je vous Salue Marie (1985). Em A Insustentável Leveza do Ser (1988), tornou-se mundialmente conhecida. Ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante em O Paciente Inglês (1996). A artista mais bem paga do cinema francês venceu o prêmio de melhor atriz no festival de Cannes com sua atuação no filme Cópia Fiel (2010), de Abbas Kiarostami. Seu mais novo trabalho, Clouds of Sils Maria (2014), drama norte-americano e francês dirigido por Olivier Assayas, onde escreveu o roteiro do filme junto com o diretor, além de atuar - Binoche vive uma atriz que entra em crise quando uma jovem ascendente, Joann (Chloë Moretz), interpreta o mesmo papel que havia tornado a veterana famosa na juventude.

«La Binoche», como é conhecida na França, é considerada a atriz francesa mais bem sucedida e talentosa de sua geração. Conseguiu alcançar popularidade, mesmo não aparecendo em filmes «mais comerciais». Ganhou fama por meio de projetos de qualidade que alcançaram sucesso de bilheteria, apesar da sua aparente indiferença a eles. Mesmo tendo seu perfil ascendente nos Estados Unidos, Binoche recusou papéis de destaque em blockbusters americanos, como Jurassic Park (1993), para focar sua carreira em filmes franceses de arte.

Conheci Binoche em A Liberdade é Azul (1993), do Krzysztof Kieslowski, através do Elvis Pinheiro no Cine Arte Leão, em 2012. Lembro bastante do encantamento da presença quase etérea de Juliette, me prendendo o suficiente para que assistisse os demais da trilogia e os alguns outros filmes dos tantos de sua carreira. No filme do polonês, Julie (Juliette Binoche) é a esposa de um maestro e compositor francês que morre em um desastre automobilístico com a filha do casal.

Sendo a única sobrevivente da tragédia, vê-se na situação de ter que lidar com essas perdas e seguir sua vida. Mas como esquecer? Como fugir quando o que se quer é se prender? Em tempos difíceis, medidas drásticas. Primeiro veio o lado emocional: uma tentativa fracassada de suicídio. Depois veio o racional (se bem que muitas vezes é no racional que encontramos a nossa maior passionalidade): a fuga. Desvencilha-se de tudo que possa lembrá-la do seu passado: casa, objetos, pessoas. Em uma das cenas mais marcantes que tenho em mim, é de sua personagem arrastando os dedos da mão dobrados numa parede, aumentando a dor física e externa como uma tentativa de aliviar a dor interna, apesar de parecer ser ainda uma das tantas tentativas fracassadas. Frágil, porém decidida a estar firme em esquecer, ela tenta. A Liberdade é Azul venceu o Prêmio César 1994 (França) nas categorias de melhor atriz, melhor edição e melhor som; além de diversos outros prêmios e indicações em prestigiados festivais de cinema internacionais.

De vendedora em Chocolate (2000), enfermeira de O Paciente Inglês (1996), sendo a doce Catherine Earnshaw de O Morro dos Ventos Uivantes (1992) ou a famosa modelo Julie de A Liberdade é Azul, Juliette vai saber direitinho como te encantar. Então, aproveite-a.
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Raquel Morais assim se apresenta: uma “sei-lá-o-que” que gosta de cinema.

Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 19, de outubro de 2014), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.

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