segunda-feira, 8 de setembro de 2014
David Cronenberg
por Kayammy Fechine
O que posso dizer do meu diretor preferido? Visceral, brutal, intenso, impactante, bizarro, insano, erótico. Adjetivos que definem bem o Sr. David Paul Cronenberg, um diretor que sabe perfeitamente como trabalhar com os gêneros, misturando o horror e ficção científica (Scanners - Sua mente pode destruir, onde a mente humana alcança tal poder que chega a destruir outra pessoa) e horror e romance em A mosca (1986).
Costumo dizer que o canadense Cronenberg é o diretor das sensações, as quais muitas vezes nos causam estranheza, por explorar a sexualidade mais a fundo, como em Calafrios (1975), onde parasitas infectam os habitantes de um edifício e os transformam em predadores sexuais. Ou em eXistenZ (1999), em que um novo orifício é feito na espinha dorsal, para penetrar o cabo de um jogo semiorgânico altamente invasivo. Já em Crash – Estranhos Prazeres (1996), os personagens têm forte atração por vítimas de acidente de carro.
Diria que é um diretor para poucos, mas se muitos se permitissem a esse mundo bizarro talvez entendessem que tudo é metafórico, como em Mistérios e Paixões (1991), em que o escritor tem delírios cada vez mais "surreais", mas toda a significação disso está implícita.
Discutindo várias questões como a Realidade/Virtualidade (eXistenZ), a mídia televisiva (Videodrome - A Síndrome do Vídeo, de 1983), ou questões políticas (Cosmópolis, de 2012), a maioria dos seus personagens são desprovidos de sentimentos — e algumas vezes são escatológicos —, tudo para intensificar a liberdade sexual.
A marca cronenberguiana é a interação do Homem com a Máquina, que nos faz pensar como muitas vezes vivemos numa sociedade mecânica e impessoal. Por conta dos seus finais surpreendentes e roteiros perfeitamente conectados, o estranho se torna belo, o grotesco se torna fascínio, o sexo se torna sublime.
Termino esse texto com uma frase marcante para instigar ainda mais a vontade de dar uma conferida nos filmes: "Morte ao realismo" (eXistenZ).
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Kayammy Fechine é designer autônomo e também já participou como ator em companhias de teatro do Cariri cearense. É vocalista da banda A Project to Chaos, precursora do Metalcore de Juazeiro do Norte, que atualmente está no início de uma nova roupagem. Para Kayammy, hoje o cinema é a arte mas sublime de todas, a arte que reinventa a vida como nenhuma outra.
Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 13, de 04 de dezembro de 2013), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.
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