segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Roda de conversa com os artistas - Exposição Juazeiro Juazeiros



Roda de conversa - Finissage
Exposição Juazeiro Juazeiros
Com os artistas Charles Lessa, Leronardo Ferreira e Petrônio Alencar
E a curadora Aglaíze Damasceno
Terça-feira, 16 de fevereiro de 2016, 17h
No Sesc Crato-CE
Entrada gratuita.

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sábado, 13 de fevereiro de 2016

‘Piaf - Um Hino ao Amor’, filme de Olivier Dahan, no Cinemarana



Cinemarana (com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro)
Exibição do filme Piaf - Um hino ao amor
Ficha técnica:
Título original: La Môme
Direção e roteiro: Olivier Dahan
Elenco: Marion Cotillard, Sylvie Testud, Pascal Greggory, Emmanuelle Seigner, Jean-Paul Rouve, Gérard Depardieu, Clotilde Courau, Jean-Pierre Martins
Duração: 140 minutos
Ano: 2007
Países de origem: França, Reino Unido, República Tcheca

“A vida de Édith Piaf.” (sinopse da divulgação do evento)

Exibição na segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016, às 19h
No Sesc Crato-CE. Entrada gratuita.

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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Tio G apresenta ‘O Mundo Mágico de Carlitos’ em Juazeiro do Norte



O Mundo Mágico de Carlitos com o Tio G
O ilusionista Tio G mistura mágica, teatro e humor em um espetáculo interativo e divertido
Sábado, 13 de fevereiro de 2016, 16h
No Teatro do Centro Cultural Banco do Nordeste - CCBNB Cariri
Juazeiro do Norte-CE
Entrada gratuita.

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Sábado com a oficina Oficina Eco-Design??? em Crato



Oficina Eco Design???
Com Fernanda Loss
Sábado, 13 de fevereiro de 2016, das 14h às 18h
No Museu Histórico do Crato
Rua Senador Pompeu, 502, Centro (Crato-CE)
Atividade gratuita.

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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Caetano e uma poemúsica de ninar



por Amador Ribeiro Neto

Há uma poemúsica de Caetano Veloso que é cantiga de ninar.  Chama-se “Tudo tudo tudo” e está no disco Joia, de 1975. Transcrevo a letra: “Tudo comer / Tudo dormir / Tudo no fundo do mar”.



Composta por apenas três versos, o poema tem o vocábulo “tudo” colocado em anáfora no início de cada verso: repetição que abrange não apenas “tudo”, mas “tudo tudo tudo” – três vezes.

O que o poema parece buscar é, através da soma, a totalidade. Mas, ao invés de se chegar a um resultado, a um terceiro elemento como consequência lógica das parcelas, temos a mera repetição dos termos: tudo + tudo + tudo = tudo tudo tudo . Um todo que não se separa nem por vírgulas. 

Espalhar e recolher termos é um procedimento barroco conhecido como disseminação e recolha. Mas, se no barroco, tal procedimento se processa obedecendo a uma ordem formal – de fato os termos são espalhados ao longo do poema e recolhidos no último verso –, nesta letra Caetano espalha o termo tudo paralela e simetricamente, um em cada verso, mas a recolha é transferida para o (e antecipada pelo) título da letra.

Há, de fato, uma inversão no procedimento barroco.  Esta quebra de expectativa está presente, isomorficamente, na interpretação que Caetano dispensa à canção.

Temos, assim, um dos modos possíveis de interpretação da repetição do vocábulo tudo. Vocábulo que é, gramaticalmente falando, um pronome indefinido. E aí encontramos uma pista para o porquê da soma não gerar um resultado, mas a repetição dos termos da sequência: tudo é um, é uno, é todo.

Mas “tudo tudo tudo” é indefinido. Podemos dizer que é tríplice, e que é tríptico – no sentido de ser uma obra formada por três partes.

Todavia, diferentemente da estrutura das obras, aqui os dois versos iniciais (“tudo comer / tudo dormir”) nos encaminham para o terceiro verso, que rompe o encadeamento gramático-estrutural – composto por pronome indefinido + verbos no infinitivo –, e encaminha o ouvinte/leitor uma possível conclusão: “tudo [está] no fundo do mar”.

Digo possível conclusão pois, tal como nos haicais, o terceiro verso não é a soma resultante dos dois primeiros, mas, juntamente com eles, gera um terceiro elemento que amplia o sentido dos versos anteriores.

É parte que leva ao todo. O todo que é mais que a soma das partes.

“Tudo no fundo do mar”, verso final da letra, remete-nos, também, ao mundo da psicanálise ao fazer referência à imensidão do oceano, à vastidão do sono, ao desconhecido do inconsciente.

E por estarmos num mundo de parte que é todo e todo que é parte, de soma que é tão somente elenco de frações de sentido, adentramos na esfera das sugestões, do onírico, do devaneio.

Ao invés de se buscar o significado, que propositadamente escamoteia-se, adentra-se o ouvinte/leitor no mundo das águas do fundo do mar.

Ao interpretar a música, Caetano começa apenas vocalizando a melodia, ao ritmo de palmas. Depois passa a cantar apenas a palavra “mar”. A seguir canta as desinências verbais,“-er, -ir” + o vocábulo  “mar”. Depois “comer, dormir, mar”. E finalmente canta toda a canção.

Em seu livro Alegria Alegria Caetano faz a seguinte observação: “Devia ser escrito assim:  mmmmmmmmm / mmmmmmmmm / mmmmmmmmmar”. E complementa: “como foi cantado pra ninar Moreno. De algum modo deviam ir surgindo embriões de sílabas até o que finalmente é o texto ganhar forma”. 

Assim, Caetano inverte o sentido que a letra, sozinha, provoca. Na interpretação cantada o mar é o primeiro elemento a surgir, e não o último, como está na letra.

É como se o intérprete fosse acordando, às avessas, parte por parte da letra, até chegar ao seu todo. Ou, ainda, é como se o mar – que tudo engole, que tudo envolve –, fosse devolvendo as imagens do que ele submergira.

Ao concluir a interpretação, a palavra mar tem sua vogal mais distendida que tivera até então. É o momento da tensão e da distensão. É o momento do repouso.

Como dissemos, o arranjo musical é constituído apenas pela vocalização e pelas palmas. Uma cantiga de ninar para ser cantada no quarto do neném, sem recursos de outros instrumentos que não sejam a voz e as mãos. Poesia e música: poemúsica. Quem há de negar?
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Amador Ribeiro Neto é poeta, crítico literário e de música popular. Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Professor do curso de Letras da UFPB.

Textos recentes de Amador Ribeiro Neto no blog O Berro:
- Cazuza: navalhadas na poesia brasileira
- Tem alguém cantando aqui
- Poesia e letra de música
- Chico César: a poesia da canção
- Um haicai incomoda muita gente
- Balde de água suja
- Malembe, nova revista paraibana de literatura
- Garimpo
- Lux
- Doelo


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‘Laranja Mecânica’, filme de Stanley Kubrick, em exibição no Cine Café



Cine Café (com mediação e curadoria de Elvis Pinheiro)
Exibição do filme Laranja Mecânica
Ficha técnica:
Título original: A Clockwork Orange
Direção: Stanley Kubrick
Roteiro: Stanley Kubrick (baseado em romance de Anthony Burgess)
Elenco: Malcolm McDowell, Patrick Magee, Michael Bates, Warren Clarke, John Clive, Adrienne Corri, Carl Duering, Paul Farrell, Clive Francis, Michael Gover
Duração: 136 minutos
Ano: 1971
País de origem: Inglaterra

“Alex e seus amigos se divertem por uma cidade para além de qualquer época.” (sinopse da divulgação do evento)

Exibição no sábado, 13 de fevereiro de 2016, às 17h30
No Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri (Juazeiro do Norte). Entrada gratuita.

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Programação Orient Cinemas Cariri Shopping - de 11/02 a 17/02/2016

Deadpool
(Deadpool, 2015)
Direção: Tim Miller
Produção: Kevin Feige, Simon Kinberg, Lauren Shuler Donner
Produção executiva: Stan Lee, Jonathon Komack Martin, Rhett Reese, Aditya Sood, Paul Wernick
Elenco: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, Ed Skrein, T.J. Miller, Gina Carano, Brianna Hildebrand, Rachel Sheen, Andre Tricoteux
País: EUA
Estreia: 11/02/2016
Gênero: Ação, Aventura, Ficção-científica
Duração: 107 minutos
Distribuidor: 20th Century Fox
Classificação indicativa: 16 anos
Sinopse: Baseado no anti-herói mais convencional da Marvel, Deadpool conta a história do ex-agente das forças especiais que acabou virando o mercenário Wade Wilson, que depois de ser submetido a um experimento clandestino, adquire poderes de cura acelerados, adotando o alter ego Deadpool. Armado com suas novas habilidades e um sinistro e incomum senso de humor, Deadpool busca vingar-se do homem que quase destruiu sua vida. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Dublado: 15h30, 18h (Sala 1)
Legendado: 20h30 (Sala 1)
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Os Dez Mandamentos - O Filme
(Os Dez Mandamentos - O Filme, 2016)
Direção: Alexandre Avancini
Elenco: Guilherme Winter, Sérgio Marone, Camila Rodrigues, Giselle Itié, Petrônio Gontijo, Gabriela Durlo, Larissa Maciel, Denise del Vecchio, Vera Zimmerman, Paulo Gorgulho
País: Brasil
Gênero: Épico
Duração: 110 minutos
Distribuidor: Downtown/Paris
Classificação indicativa: 12 anos
Sinopse: Com sua coragem ele desafiou um rei, mas foi com sua fé em Deus que ele salvou seu povo. As pragas do Egito, a jornada para a Terra Prometida e toda a emoção do maior fenômeno dos últimos anos com cenas inéditas e um final exclusivo para o cinema. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Filme nacional: 15h10, 17h50, 20h30 (Sala 2)
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O Regresso
(The Revenant, 2014)
Direção: Alejandro González Iñárritu
Elenco: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Will Poulter, Domhnall Gleeson, Paul Anderson, Lukas Haas, Brad Carter, Brendan Fletcher, Javier Botet, Kristoffer Joner
Produção executiva: Markus Barmettler, Paul Green, Philip Lee, James Packer, Brett Ratner
Produção: Mary Parent, Megan Ellison, Steve Golin, Alejandro González Iñárritu, David Kanter, Arnon Milchan, Keith Redmon, James W. Skotchdopole
País: EUA
Estreia: 04/02/2016
Gênero: Aventura, Drama
Duração: 156 minutos
Distribuidor: 20th Century Fox
Classificação indicativa: 16 anos
Sinopse: Inspirado em eventos reais, O Regresso é uma experiência cinematográfica imersiva e visceral, capturando a épica aventura de sobrevivência de um homem e o extraordinário poder do espírito humano. Numa expedição pelas florestas norte-americanas selvagens, o lendário explorador Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) é brutalmente atacado por um urso e abandonado à morte pelos companheiros de sua própria equipe de caçadores. Para sobreviver, Glass resiste ao sofrimento inimaginável, bem como a traição de seu confidente John Fitzgerald (Tom Hardy). Guiado por pura força de vontade e amor à sua família, Glass deve enfrentar um inverno cruel e uma busca incessante para sobreviver e encontrar a redenção. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Dublado: 14h30, 17h40 (Sala 3)
Legendado: 20h50 (Sala 3)
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Epa! Cadê o Noé?
(Ooops! Noah is Gone..., 2015)
Direção: Toby Genkel
Elenco: Vozes de: Dermot Magennis, Callum Maloney, Tara Flynn, Ava Connolly, Paul Tylak, Alan Stanford, Aileen Mythen
Produção executiva: Mark Mertens, Jean-Marie Musique, Christine Parisse
Produção: Jana Bohl, Emely Christians, Jan Goossen, Moe Honan
País: Alemanha, Bélgica
Estreia: 04/02/2016
Gênero: Animação, Aventura, Comédia
Duração: 87 minutos
Distribuidor: Paris Filmes
Classificação etária: livre
Sinopse: O filme de aventura é baseado na história da Arca de Noé, só que desta vez fala sobre as criaturas infelizes no lado errado da evolução. Os moradores terrestres Nestrians Dave e seu filho Finny conseguiram entrar na Arca de Noé com a ajuda de Grymp e sua filha Leah. Mas quando a Arca flutua para longe, Finny e Leah acidentalmente caem. Este é o início de uma aventura na qual Finny aprende algo muito importante sobre si mesmo, e que poderá salvar a vida de seu pai e de sua nova galera. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Dublado: 14h50, 16h50 (Sala 4)
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Pai em Dose Dupla
(Daddy´s Home, 2015)
Direção: Sean Anders, John Morris
Elenco: Mark Wahlberg, Linda Cardellini, Will Ferrell, Thomas Haden Church, Alessandra Ambrosio, Paul Scheer, Hannibal Buress, Jamie Denbo, Cedric Yarbrough
Produção executiva: Sean Anders, Riza Aziz, Jessica Elbaum, David Koplan, Joey McFarland, Kevin J. Messick , Diana Pokorny
Produção: Will Ferrell, Chris Henchy, Adam McKay, John Morris
País: EUA
Gênero: Comédia
Duração: 96 minutos
Distribuidor: Paramount Pictures
Classificação indicativa: 12 anos
Sinopse: Brad (Will Ferrell) é executivo em uma rádio e se esforça para ser o melhor padrasto possível para os dois filhos de sua namorada, Sarah (Linda Cardellini). Mas eis que Dusty (Mark Wahlberg), o desbocado pai das crianças, reaparece e começa a disputar com ele a atenção e o amor dos pimpolhos. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Dublado: 18h50 (Sala 4)
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A 5ª Onda
(The 5th Wave, 2016)
Direção: J Blakeson
Produção executiva: Richard Middleton, Denis O´Sullivan
Produção: Tim Headington, Graham King, Tobey Maguire, Matthew Plouffe
Elenco: Chloë Grace Moretz, Maika Monroe, Maggie Siff, Tony Revolori, Liev Schreiber, Nick Robinson, Ron Livingston
País: EUA
Gênero: Aventura, Ficção-científica, Thriller
Duração: 112 minutos
Distribuidor: Sony Pictures
Classificação indicativa: 14 anos
Sinopse: No novo filme A 5ª Onda, quatro ondas consecutivas de ataques cada vez mais mortais dizimaram boa parte do planeta Terra. Vivendo em um ambiente de medo e desconfiança, Cassie (Chloë Grace Moretz) está em uma corrida desesperada na tentativa de salvar seu irmão menor. Enquanto ela se prepara para a inevitável e letal quinta onda, Cassie se alia à um jovem rapaz que pode ser sua esperança final – se ao menos ela pudesse confiar nele. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Dublado: 21h (Sala 4)
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Até Que a Sorte Nos Separe 3
(Até Que a Sorte Nos Separe 3, 2014)
Direção: Roberto Santucci
Elenco: Leandro Hassum, Camila Morgado
País: Brasil
Estreia: 24/12/2015
Gênero: Comédia
Duração: 107 minutos
Distribuidor: Downtown/Paris
Classificação etária: 14 anos
Sinopse: Depois de perder a herança da família em Las Vegas, Tino se vira como pode para ganhar um trocado. Sua sorte muda quando ele é atropelado pelo filho do homem mais rico do Brasil e descobre que sua filha Teté e o rapaz se apaixonaram. Tino ganha um emprego na corretora do milionário, mas consegue quebrar a empresa e provocar a desvalorização de ações brasileiras na Bolsa, levando a economia do país ao colapso. Agora, ele precisa administrar uma crise nacional, além de realizar um casamento digno para a filha. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Filme nacional: 14h40, 19h (Sala 5)
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Reza a Lenda
(Reza a Lenda, 2014)
Direção: Homero Olivetto
Elenco: Cauã Reymond, Sophie Charlotte, Luisa Arraes, Humberto Martins, Jesuíta Barbosa, Nanego Lira
Produção executiva: Bianca Vilar, Júlia Bock
Produção: Kiki Lavigne, Bianca Villar, Fernando Fraiha, Karen Castanho, Homero Olivetto
País: Brasil
Gênero: Ação, Romance
Duração: 100 minutos
Distribuidor: Imagem Filmes
Classificação etária: 14 anos
Sinopse: Em uma terra sem lei, a sorte favorece apenas os mais fortes e corajosos. Ara (Cauã Reymond), um homem de ação e poucas palavras, é o líder de um bando de motoqueiros armados que acredita em uma antiga lenda capaz de devolver justiça e liberdade ao povo da região. Quando realizam um ousado roubo, acabam despertando a fúria do poderoso Tenório (Humberto Martins). Agora, Tenório vai concentrar todas as suas forças em uma perseguição para destruir o bando de Ara e recuperar aquilo que acredita ser seu por direito. Durante a perseguição, a jovem Laura (Luisa Arraes) é resgatada de um acidente e tem que seguir o bando contra a sua vontade, despertando ciúmes em Severina (Sophie Charlotte), companheira de Ara. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Filme nacional: 17h, 21h20 (Sala 5)
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Um Suburbano Sortudo
(Um Suburbano Sortudo, 2015)
Direção: Roberto Santucci
Produção executiva: Ângelo Gastal, André Carreira
Produção: André Carreira
Elenco: Rodrigo Sant´anna, Carol Castro, Victor Leal, Cláudia Alencar, Guida Vianna, Cinara Leal, Fábio Rabin, Mário Hermeto
País: Brasil
Estreia: 11/02/2016
Gênero: Comédia
Duração: 110 minutos
Distribuidor: Downtown/Paris
Classificação etária: 14 anos
Sinopse: Denílson é um carismático camelô que, de repente, descobre ser o único filho de Damião Albuquerque, um empresário milionário que deixou toda sua fortuna para ele. Nada satisfeita com a notícia de um novo e único herdeiro, a família do falecido fará de tudo para se livrar do intruso e reaver a herança. Liderados por Luiz Otávio, enteado de Damião, eles irão arquitetar um plano para tirar o suburbano do caminho. Totalmente ligado à sua origem humilde, Denílson passa por situações hilárias enquanto tenta se adaptar à sua nova condição social. Nessa confusão, ele encontra apenas uma aliada: Sofie, a outra enteada e xodó do ricaço. Apaixonado à primeira vista, o mais novo milionário faz de tudo para conquistar a amada e a leva inclusive para conhecer sua excêntrica família suburbana. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Filme nacional: 15h40, 18h10, 20h40 (Sala 6)
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Ingresso:
Valores Inteiros (exceto Sala 3D Digital):
Segunda, terça e quarta (exceto feriado e véspera de feriado): R$14,00 (o dia todo)
De quinta a domingo (e feriado): R$ 18,00

Valores Inteiros para a Sala 3D Digital:
Segunda, terça e quarta (exceto feriado e véspera de feriado): R$18,00 (o dia todo)
De quinta a domingo (e feriado): R$24,00.

Promoção:
De segunda a quarta-feira, todos os ingressos por R$ 7,00, exceto sessões 3D (R$9,00 + R$8,00 óculos)

No Cinema do Cariri Garden Shopping (Juazeiro do Norte-CE)
Site Orient Cinemas: http://www.orientcinemas.com.br/
Número de telefone do cinema: (88) 3571.8275.

Programação sujeita a alterações.

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‘O Carnaval no Crato’, por Irineu Pinheiro (séc. XIX e início do séc. XX)



Grifo nosso # 98

Hoje lançamos mão de um texto de Irineu Pinheiro, publicado no livro O Cariri, de 1950. O texto relata algumas características e episódios de carnavais da cidade de Crato, na segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX:



O Carnaval no Crato

Extremamente grosseiro, às vezes brutal, mas sempre divertido o carnaval dos nossos avós.

Eram os entrudos, antigamente, o triunfo mais completo da água.

Percorriam as ruas grupos armados de bisnagas de flandre, de cerca de 50 centímetro de comprimento e de 5 de diâmetro, cheias de água, cujos jactos não respeitavam sexos nem posições sociais.

Fabricavam-se de flandre, como se disse, ou então de taboca, os êmbolos de pau enrolados em tiras de pano.

Assaltavam-se casas amigas, que se defendiam do melhor modo possível, com bisnagas também, com baldes e canecos d’água, etc.

Depois dessas refregas, tudo ficava alagado, desde a sala da frente até a cozinha.

Ocasiões houve em que se empregaram outros líquidos.

Li, não me lembro onde, que, uma vez, numa casa assaltada por um grupo de rapazes, saíram do interior, a afrontá-los, as moças da família, que por sinal eram bem bonitas, às mãos urinóis que puseram em rápida fuga os invasores.

Não raro se viam nas ruas tinas com água, em que se mergulhavam implacavelmente todos os que por ali passassem, fossem quem fossem.

Uma feita, no Crato, aí pela era de [18]70, o coronel José Antônio de Figueiredo, que depois fundou a Farmácia Central do Cariri, rebelou-se contra os que queriam metê-lo num grande tonel d’água posto numa das ruas da cidade.

Trancou-se na sua loja, engatilhou um bacamarte, mas os terríveis foliões não desanimaram, tentando arrebentar as portas do prédio, penetrá-lo por meio de escadas através das janelas de um sótão, as quais olhavam para a atravessa da Califórnia, uma das mais movimentadas artérias cratenses.

Fez-se mister a intervenção de pessoas respeitáveis que conseguiram dominar os exaltados.

Com os tempos, foi-se amenizando o carnaval.

Não mais tinas no meio das ruas, nem balde d’água, mas apenas as bisnagas, as laranjinhas de cera colorida de vermelho, de amarelo, de verde, repletas d’água perfumada, que chamavam água de cheiro.

Nos dias de entrudo encontravam-se na cidade, a cada passo, moleques, à cabeça bacias de flandre com água em que boiavam laranjinhas, a apregoá-las e vendê-las a vintém cada qual.

Uma das mais afreguesadas fabricantes era Maria Porforça, muito popular, moradora à rua Grande.

Sei que no Icó, além das laranjinhas de cera, outras se faziam com lâminas muito finas de borracha, vinda do Pará em forma de pães, as quais lâminas eram dobradas à maneira de um saco, cheias d’água por intermédio de seringas.

Amarrava-se, depois, com linha grossa a boca franzida do saquinho improvisado.

Passeavam as ruas do Crato mascarados, vestidos extravagantemente de roupas velhas, alguns encourados à semelhança de vaqueiros, todos a falarem em falsete.

Em menino, aterravam-se esses caretas, como os apelidavam.

Espiava-os de longe, pronto a correr e a esconder-me, ao menor gesto de aproximação dos mesmos.

Eu temia, sobretudo, certos deles que seguravam pelo cabo longos bacalhaus de relho cru, a meneá-los de vez em quando, ameaçadoramente.

Usavam-se máscaras de arame, compradas nas lojas, ou de papel, feitas em casa.

Moldavam-se em barro caras humanas, nas quais, após as cobrirem com um pano molhado, se superpunham camadas de papéis, ligados uns aos outros com grude de goma de mandioca, ajustados de tal sorte que neles se reproduzissem os relevos do modelo.

Pregado o derradeiro papel, que era branco e bem limpo, retirada do molde a máscara, abriam-lhe a pequenos golpes de canivete os olhos e rasgavam-lhe a boca, costuravam-lhe, em seguida, com cabelos de cauda de cavalo, ou de boi, as sobrancelhas, o bigode, a pera, o cavanhaque.

No começo deste século [XX] o carnaval evolveu no Cariri.

No Crato criaram-se clubes, cujos associados dançavam nas casas de família, previamente avisadas dos assaltos que lhes pretendiam dar os clubistas.

Recebiam-nos muito bem, oferecendo-lhes copos de cerveja, cálices de vinho, doces e bolos.

Muita gente se recorda, ainda, do clube “Água e Cera”, do “Clube dos Democratas” e do “Clube dos Esfolados”.

De uma casa para outra, os do “Água e Cera”, aos pares, de braços dados, cantavam a plenos pulmões, ao som da música do Zé Pereira, tocado por uma orquestra composta de uma rabeca, uma flauta, um bombardino, um trombone e um clarinete, as seguintes quadras:

Viva o “Água e Cera”,
Este clube sem rival!
Vivam os companheiros
Deste nosso carnavaaal!

Vamos, vamos, companheiros,
Andar como aristocratas
Para ver se conseguimos
Derribar os “Democratas”.

Companheiros, companheiros,
Tudo aqui é divinal!
Marchai, marchai, companheiros,
Nesta marcha triunfaaal!

Exibiu esse clube, que foi o mais notável de todos, carros simbólicos e de crítica que, em préstito, atravessaram as ruas da cidade despertando entusiasmo na multidão.

Em 1909, disse o “Correio do Cariri” ter ele exibido “um belo carro alegórico em que se via a figura da República empunhando o estandarte brasileiro tremulante ao vento”.

Sacudiam-se confetes multicores e cruzavam os ares as serpentinas.

Naquele ano de 1909, desfilaram, a cavalo, pelas ruas do Crato os membros do clube, dois a dois.

Não participavam as mulheres dos folguedos carnavalescos.

Nas danças em casas particulares, alguns dos sócios dos clubes representavam os cavalheiros, fingiam damas outros que envergavam saias e corpetes, traziam cabeleiras supostas, brincos e pulseiras, calçavam sapatos de salto alto, carminavam as faces das suas máscaras, arredondavam os seios.

Em seu número 288 escreveu o “Correio do Cariri”: “Depois do passeio o ‘Clube Água e Cera’ dançou em diversas casas de família, deixando boa impressão pela elegância dos seus vestuários e ordem com que sempre se sabe portar”.

Às vezes os do “Água e Cera” iam aos sítios da vizinhança, cujos donos os recebiam festivamente.

Ano houve em que os meninos, no Crato, realizavam cortejos carnavalescos.

Em 13 de fevereiro de 1910 alguém comentou no “Correio do Cariri”: “Não fora um préstito carnavalesco de meninos que pelas ruas transitou, outra cousa não haveria despertado o sono contínuo da alma cratense ou quebrado esse marasmo, essa pasmaceira insuportável que domina moços e velhos. Os meninos, não há dúvida, deram letra e eu os felicito e lhes agradeço de coração por mim e por todos, a quem a carapuça couber, a lição preciosa e inestimável que nos deram”.

Foi José Gonçalves de Sousa Rolim, farmacêutico, quem, em 1912, vendeu pela primeira vez no Crato, tubos de lança-perfumes.

Em 1935 e 1936 foi animadíssimo o carnaval no Crato.

De pontos determinados da cidade, às sete horas da noite, partiam cordões, o “Eu só vou se você for”, os “Batutas da Folia”, outros de nomes parecidos, os quais, cantando e pulando, iam até a sede do “Crato-Clube”.

Acabado o baile, ali pelas três horas da manhã, saíam eles sempre a pular e a cantar, davam algumas voltas pelas ruas, dispersando-se em seguida.

Em 1936 prepararam carros que representavam navios de guerra, aviões, mui apreciados pelo povo.

No ano de 1942 as festas de carnaval entre os esguichos dos lança-perfumes, se reduziram, quase, aos salões dos dois clubes locais: o “Crato-Clube” e o de Associação dos Empregados no Comércio do Crato”.

Ao som do velhíssimo Zé Pereira, do lero-lero, de quejandas outras músicas, dançou-se em 42, ruidosamente, até o alvorecer da quarta-feira de cinzas.

Elegeram-se rainhas, coroaram-nas entre discursos e palmas.

Mais de uma vez, nas sedes sociais desses clubes montaram alto-falantes, os quais enchiam de barulho os recintos e, também, o resto da cidade, que dormia ou queria dormir.
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Irineu Pinheiro, no livro O Cariri (Fortaleza: Edições UFC, 2010. Coleção Nossa Cultura). Fac-símile da edição de 1950.

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Show da Banda Nuverse em Juazeiro



“Verso nu, cru, universo, novo verso - Nuverse, um nome que se embrenha e perpassa por cada um desses que, determinados e seguros do caminho que querem trilhar lançam seus olhares por esse 'Sol' criado por Jéssica Xavier e nesse símbolo que mimetiza o olho, um buraco negro ou um portal para observar de cima o universo como seus reflexos no espelho. Nascidos na cidade de Juazeiro do Norte, no Vale do Cariri, dão vida a composições arejadas, explorando sonoridades a partir de referenciais estéticos do jazz, funk, new wave e rock. No enredo, os problemas sociais e as políticas públicas que refletem os valores e comportamentos do homem moderno são debatidos de uma forma bem humorada. O diálogo entre música, performance e audiovisual se unem para destilar sua singularidade.” (sinopse da divulgação do evento)
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Música vocal
Show com a Banda Nuverse (Juazeiro do Norte-CE)
Sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016, 19h30
No Teatro do Centro Cultural Banco do Nordeste - CCBNB Cariri
Entrada gratuita.

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sábado, 6 de fevereiro de 2016

Nova Vida: jovens que encontraram na dança uma oportunidade de mudança



O Projeto Nova Vida é uma entidade não-governamental sem fins lucrativos que existe desde 1992 em Crato. Sua atuação acontece numa área conhecida como “Comunidade do Gesso”, no passado, a maior zona de prostituição da região. A entidade atende crianças, adolescentes e adultos e suas ações têm como foco uma educação para cidadania, oferecendo acompanhamento educacional, qualificação profissional e desenvolvimento artístico, através de creche, cursos e oficinas.

Na ONG funciona o grupo de dança Nova Vida, formado por adolescente e adultos da comunidade. O grupo ensaia às terças e sextas-feiras e três de seus integrantes se preparam para viajar mais uma vez para Alemanha. Representando o Projeto Nova Vida. eles irão visitar o país que apadrinhou essa ONG. A viagem acontecerá no período de Jornada Mundial da Juventude, que este ano acontecerá no mês de julho, mas os Jovens já começaram a se preparar de agora.

Contatos: (88) 9.9729.7005 – Assessoria; (88) 3523.4036 – Projeto Nova Vida

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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Cazuza: navalhadas na poesia brasileira



por Amador Ribeiro Neto

Cazuza descobriu o Brasil. Escancarou a cara do país. A golpes de lâmina, é claro. Como convém a um poeta.

A navalha de sua “poemúsica” cortou fundo. Deixou uma cicatriz para as cobaias de Deus continuarem seu (dele/delas) caminho. Afinal, ele disse: “o tempo não para”, “a burguesia fede” e “o nosso amor a gente inventa”.

Cazuza foi farol na praia de uma geração que mal conhecia o blues, ignorava a prevenção da AIDS e vivia desbragadamente a ‘abertura política’ da época. O garoto rebelde e insatisfeito com a vida burguesa que herdara não hesitou em colocar sua dor e sua libido nas paradas de sucesso.

Ao som do blues e colado ao corpo da amada ele pede: “me avise quando for a hora”. Gritando um rock primitivo desafia: “Brasil, mostra tua cara”. Nos anos 80 ele é a voz e a poesia de uma geração que tivera na Tropicália sua última escalada sócio-poético-musical.

Um jovem bonito e cheio de vontades mete o dedo na ferida dos corações aflitos e das mentes politicamente insatisfeitas. Une amor e política no mesmo palco. Sem sucumbir ao panfletarismo de uma certa corrente engajada da MPB, surgida à época dos Festivais, mantém-se atento às denúncias e avanços do melhor do rock internacional. Mas não se descuida da excelente MPB dos anos 20, 30 e 40, não sem razão conhecida como “Época de Ouro”.

Antenado com o ontem e o agora, nunca hesitou em expor as dores de um eu-lírico dilacerado pelo desamparo, pela falta de amor, pela inadequação ao mundo: “você me quer? / você cuida de mim? / mesmo que eu seja uma pessoa / egoísta e ruim?” ele pergunta sem dissimulações, mergulhado na poeticidade da linguagem infantil de um certo Bandeira. Mas se no poeta pernambucano o lado frágil e criança emerge em situações bem-humoradas, em Cazuza o adulto volta à infância através da (fratura) da carência afetiva (exposta).

Talvez por isto mesmo um de seus discos se intitule Só se for a 2, o que aponta para a inclusão do outro no projeto deste sujeito primeiro. O outro aparece como possibilidade do eu safar-se do inferno. E interagir.

Mas quem é este outro? É o homem, a mulher, o governo, a família, a religião, a droga, o sexo; enfim, os cambau. O outro é complemento de aproximação e repulsa. Motivo de amor e escárnio. O outro é, de fato, complemento indispensável: da solidão pessoal à marginalidade social, todos os inimigos são combatidos pela ação do outro.

A não segregação entre indivíduo apaixonado e prática política é uma das metas mais almejadas pelos artistas. Infelizmente a maior parte sucumbe a um ou outro polo. Com Cazuza não. Ele sente e sabe. Canta: “Meu partido é um coração partido”. Que deve ser entendido também como “Meu partido é um coração-partido”.

Por isto o eu de suas composições ama até em cima de jornais: retratos e representações da vida cotidiana. Política, entretenimento, economia, esporte, cultura, classificados. Todas as notícias e todos os temas se amalgamam em Cazuza.

Assim, Rimbaud e Dolores Duran passeiam por suas letras e músicas de  mãos, copos, drogas e corpos dados. Noel Rosa e Mick Jagger, idem. Lupicínio Rodrigues e Jack Kerouac são companheiros de estrada na busca desenfreada por sentidos da vida nonsense. A busca por uma estabilidade emocional e sócio-política deste eu aflito encontra em Fassbinder e em Glauber Rocha a violência/virulência de imagens cinematográficas neobarrocas. Os ambientes soturnos de Fassbinder e o sol enlouquecedor de Glauber refletem-se/reverberam-se nos artifícios das letras e dos acordes de Cazuza.  Este “enfant terrible” de nossa música e poesia brasileiras contemporâneas, passa a navalha na cara do Brasil e de sua falsa poesia.
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Amador Ribeiro Neto é poeta, crítico literário e de música popular. Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Professor do curso de Letras da UFPB.

Textos recentes de Amador Ribeiro Neto no blog O Berro:
- Tem alguém cantando aqui
- Poesia e letra de música
- Chico César: a poesia da canção
- Um haicai incomoda muita gente
- Balde de água suja
- Malembe, nova revista paraibana de literatura
- Garimpo
- Lux
- Doelo
- Ao abrigo


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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Programação Orient Cinemas Cariri Shopping - de 04/02 a 10/02/2016

O Regresso
(The Revenant, 2014)
Direção: Alejandro González Iñárritu
Elenco: Leonardo DiCaprio, Tom Hardy, Will Poulter, Domhnall Gleeson, Paul Anderson, Lukas Haas, Brad Carter, Brendan Fletcher, Javier Botet, Kristoffer Joner
Produção executiva: Markus Barmettler, Paul Green, Philip Lee, James Packer, Brett Ratner
Produção: Mary Parent, Megan Ellison, Steve Golin, Alejandro González Iñárritu, David Kanter, Arnon Milchan, Keith Redmon, James W. Skotchdopole
País: EUA
Estreia: 04/02/2016
Gênero: Aventura, Drama
Duração: 156 minutos
Distribuidor: 20th Century Fox
Classificação indicativa: 16 anos
Sinopse: Inspirado em eventos reais, O Regresso é uma experiência cinematográfica imersiva e visceral, capturando a épica aventura de sobrevivência de um homem e o extraordinário poder do espírito humano. Numa expedição pelas florestas norte-americanas selvagens, o lendário explorador Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) é brutalmente atacado por um urso e abandonado à morte pelos companheiros de sua própria equipe de caçadores. Para sobreviver, Glass resiste ao sofrimento inimaginável, bem como a traição de seu confidente John Fitzgerald (Tom Hardy). Guiado por pura força de vontade e amor à sua família, Glass deve enfrentar um inverno cruel e uma busca incessante para sobreviver e encontrar a redenção. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Dublado: 14h30, 17h40 (Sala 1)
Legendado: 20h50 (Sala 1)
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Os Dez Mandamentos - O Filme
(Os Dez Mandamentos - O Filme, 2016)
Direção: Alexandre Avancini
Elenco: Guilherme Winter, Sérgio Marone, Camila Rodrigues, Giselle Itié, Petrônio Gontijo, Gabriela Durlo, Larissa Maciel, Denise del Vecchio, Vera Zimmerman, Paulo Gorgulho
País: Brasil
Gênero: Épico
Duração: 110 minutos
Distribuidor: Downtown/Paris
Classificação indicativa: 12 anos
Sinopse: Com sua coragem ele desafiou um rei, mas foi com sua fé em Deus que ele salvou seu povo. As pragas do Egito, a jornada para a Terra Prometida e toda a emoção do maior fenômeno dos últimos anos com cenas inéditas e um final exclusivo para o cinema. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Filme nacional: 13h, 15h30, 18h, 20h30 (Sala 2)
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Até Que a Sorte Nos Separe 3
(Até Que a Sorte Nos Separe 3, 2014)
Direção: Roberto Santucci
Elenco: Leandro Hassum, Camila Morgado
País: Brasil
Estreia: 24/12/2015
Gênero: Comédia
Duração: 107 minutos
Distribuidor: Downtown/Paris
Classificação etária: 14 anos
Sinopse: Depois de perder a herança da família em Las Vegas, Tino se vira como pode para ganhar um trocado. Sua sorte muda quando ele é atropelado pelo filho do homem mais rico do Brasil e descobre que sua filha Teté e o rapaz se apaixonaram. Tino ganha um emprego na corretora do milionário, mas consegue quebrar a empresa e provocar a desvalorização de ações brasileiras na Bolsa, levando a economia do país ao colapso. Agora, ele precisa administrar uma crise nacional, além de realizar um casamento digno para a filha. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Filme nacional: 15h10, 17h30, 20h (Sala 3)
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Snoopy & Charlie Brown - Peanuts, O Filme
(The Peanuts Movie, 2015)
Direção: Steve Martino
Elenco: Vozes de: Bill Melendez, Noah Schnapp, Francesca Capaldi, Venus Schultheis, Mariel Sheets, Madisyn Shipman, Noah Johnston, Hadley Belle Miller
Produção: Paul Feig, Bryan Schulz, Graig Schulz, Michael J. Travers, Cornelius Uliano
País: EUA
Gênero: Animação, Aventura, Comédia
Duração: 88 minutos
Distribuidor: 20th Century Fox
Classificação indicativa: livre
Sinopse: Snoopy, o beagle mais amado do mundo – e claro, piloto – embarca em sua maior missão até hoje, quando ele alcança o céu atrás de seu arqui-inimigo, o Barão Vermelho, enquanto seu melhor amigo, Charlie Brown, inicia a sua própria missão épica. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Dublado: 17h (Sala 4)
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Reza a Lenda
(Reza a Lenda, 2014)
Direção: Homero Olivetto
Elenco: Cauã Reymond, Sophie Charlotte, Luisa Arraes, Humberto Martins, Jesuíta Barbosa, Nanego Lira
Produção executiva: Bianca Vilar, Júlia Bock
Produção: Kiki Lavigne, Bianca Villar, Fernando Fraiha, Karen Castanho, Homero Olivetto
País: Brasil
Gênero: Ação, Romance
Duração: 100 minutos
Distribuidor: Imagem Filmes
Classificação etária: 14 anos
Sinopse: Em uma terra sem lei, a sorte favorece apenas os mais fortes e corajosos. Ara (Cauã Reymond), um homem de ação e poucas palavras, é o líder de um bando de motoqueiros armados que acredita em uma antiga lenda capaz de devolver justiça e liberdade ao povo da região. Quando realizam um ousado roubo, acabam despertando a fúria do poderoso Tenório (Humberto Martins). Agora, Tenório vai concentrar todas as suas forças em uma perseguição para destruir o bando de Ara e recuperar aquilo que acredita ser seu por direito. Durante a perseguição, a jovem Laura (Luisa Arraes) é resgatada de um acidente e tem que seguir o bando contra a sua vontade, despertando ciúmes em Severina (Sophie Charlotte), companheira de Ara. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Filme nacional: 15h, 19h, 21h (Sala 4)
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A 5ª Onda
(The 5th Wave, 2016)
Direção: J Blakeson
Produção executiva: Richard Middleton, Denis O´Sullivan
Produção: Tim Headington, Graham King, Tobey Maguire, Matthew Plouffe
Elenco: Chloë Grace Moretz, Maika Monroe, Maggie Siff, Tony Revolori, Liev Schreiber, Nick Robinson, Ron Livingston
País: EUA
Gênero: Aventura, Ficção-científica, Thriller
Duração: 112 minutos
Distribuidor: Sony Pictures
Classificação indicativa: 14 anos
Sinopse: No novo filme A 5ª Onda, quatro ondas consecutivas de ataques cada vez mais mortais dizimaram boa parte do planeta Terra. Vivendo em um ambiente de medo e desconfiança, Cassie (Chloë Grace Moretz) está em uma corrida desesperada na tentativa de salvar seu irmão menor. Enquanto ela se prepara para a inevitável e letal quinta onda, Cassie se alia à um jovem rapaz que pode ser sua esperança final – se ao menos ela pudesse confiar nele. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Dublado: 14h30, 19h30 (Sala 5)
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Caçadores de Emoção - Além do Limite
(Point Break, 2015)
Direção: Ericson Core
Produção executiva: Chris Fenton, John McMurrick, Dan Mintz
Produção: John Baldecchi, Broderick Johnson, Andrew A. Kosove, Chris Taylor, David Valdes, Kurt Wimmer
Elenco: Teresa Palmer, Luke Bracey, Édgar Ramírez, Max Thieriot, Ray Winstone, Tobias Santelmann, James Le Gros, Delroy Lindo
País: Alemanha, China
Gênero: Ação
Duração: 114 minutos
Distribuidor: Warner Bros.
Classificação etária: 14 anos
Sinopse: Em Caçadores de Emoção - Além do Limite, filme de ação com alta carga de adrenalina da Alcon Entertainment, um jovem agente do FBI, Johnny Utah (Luke Bracey) se infiltra em um habilidoso time de atletas aventureiros, liderados pelo carismático Bodhi (Edgar Ramizez). Os atletas são os principais suspeitos em uma onda de crimes extremamente incomuns. Disfarçado, e com a vida em perigo iminente, Utah se esforça para provar que eles são os arquitetos dessa sequência de crimes inconcebíveis. O filme é repleto de manobras de esportes radicais jamais vistas no cinema. As cenas de ação e aventura são realizadas por atletas de elite, que representam o melhor do mundo nas categorias de surf de ondas gigantes, wingsuit, snowboard, escalada livre em rochas e motociclismo de alta velocidade. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Dublado: 17h, 21h40 (Sala 5)
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Epa! Cadê o Noé?
(Ooops! Noah is Gone..., 2015)
Direção: Toby Genkel
Elenco: Vozes de: Dermot Magennis, Callum Maloney, Tara Flynn, Ava Connolly, Paul Tylak, Alan Stanford, Aileen Mythen
Produção executiva: Mark Mertens, Jean-Marie Musique, Christine Parisse
Produção: Jana Bohl, Emely Christians, Jan Goossen, Moe Honan
País: Alemanha, Bélgica
Estreia: 04/02/2016
Gênero: Animação, Aventura, Comédia
Duração: 87 minutos
Distribuidor: Paris Filmes
Classificação etária: livre
Sinopse: O filme de aventura é baseado na história da Arca de Noé, só que desta vez fala sobre as criaturas infelizes no lado errado da evolução. Os moradores terrestres Nestrians Dave e seu filho Finny conseguiram entrar na Arca de Noé com a ajuda de Grymp e sua filha Leah. Mas quando a Arca flutua para longe, Finny e Leah acidentalmente caem. Este é o início de uma aventura na qual Finny aprende algo muito importante sobre si mesmo, e que poderá salvar a vida de seu pai e de sua nova galera. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Dublado: 14h40, 16h40, 18h40 (Sala 6)
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Pai em Dose Dupla
(Daddy´s Home, 2015)
Direção: Sean Anders, John Morris
Elenco: Mark Wahlberg, Linda Cardellini, Will Ferrell, Thomas Haden Church, Alessandra Ambrosio, Paul Scheer, Hannibal Buress, Jamie Denbo, Cedric Yarbrough
Produção executiva: Sean Anders, Riza Aziz, Jessica Elbaum, David Koplan, Joey McFarland, Kevin J. Messick , Diana Pokorny
Produção: Will Ferrell, Chris Henchy, Adam McKay, John Morris
País: EUA
Gênero: Comédia
Duração: 96 minutos
Distribuidor: Paramount Pictures
Classificação indicativa: 12 anos
Sinopse: Brad (Will Ferrell) é executivo em uma rádio e se esforça para ser o melhor padrasto possível para os dois filhos de sua namorada, Sarah (Linda Cardellini). Mas eis que Dusty (Mark Wahlberg), o desbocado pai das crianças, reaparece e começa a disputar com ele a atenção e o amor dos pimpolhos. (para assistir ao trailer, clique aqui)

Dublado: 20h40 (Sala 6)
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Ingresso:
Valores Inteiros (exceto Sala 3D Digital):
Segunda, terça e quarta (exceto feriado e véspera de feriado): R$14,00 (o dia todo)
De quinta a domingo (e feriado): R$ 18,00

Valores Inteiros para a Sala 3D Digital:
Segunda, terça e quarta (exceto feriado e véspera de feriado): R$18,00 (o dia todo)
De quinta a domingo (e feriado): R$24,00.

Promoção:
De segunda a quarta-feira, todos os ingressos por R$ 7,00, exceto sessões 3D (R$9,00 + R$8,00 óculos)

No Cinema do Cariri Garden Shopping (Juazeiro do Norte-CE)
Site Orient Cinemas: http://www.orientcinemas.com.br/
Número de telefone do cinema: (88) 3571.8275.

Programação sujeita a alterações.

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‘O Menino e o Mundo’, animação de Alê Abreu, no Cinematógrapho



Cinematógrapho (com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro)
Exibição do filme O Menino e o Mundo
Ficha técnica:
Título original: O Menino e o Mundo
Direção e roteiro: Alê Abreu
Elenco: Alê Abreu, Vinicius Garcia, Emicida, Melissa Garcia, Nana Vasconcelos
Duração: 80 minutos
Ano: 2013
País de origem: Brasil

“Cuca é um menino que vive em um mundo distante, numa pequena aldeia no interior de seu mítico país. Filme que concorre ao OSCAR 2016 na Categoria Melhor Longa de Animação.” (sinopse da divulgação do evento)

Exibição na quarta-feira, 03 de fevereiro de 2016, às 19h
No Sesc Juazeiro do Norte-CE. Entrada gratuita.

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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Dossiê João Guimarães Rosa: ‘Grande Sertão: veredas’ – Duvida?



por Harlon Homem de Lacerda

Eu não sei você, mas é muito fácil pra quem nasceu numa pequena cidade do Cariri cearense imaginar a cena de uma pessoa de fora chega7ndo a uma casa de fazenda num jipe, parando, descendo do carro sendo já aguardado por alguém sentado numa rede ou numa cadeira de balanço debaixo de um alpendre, tomando uma cachaça ou fumando um cigarro. É fácil sentir o cheiro da fumaça do jipe desfazendo no cheiro de mato molhado. Fácil ouvir os cachorros latirem, os “obas” e “acheguem-ses”, o barulho das botas tirando a terra para pisar no cimento frio e limpo do alpendre. É fácil ouvir as vozes, os jeitos, ver os trejeitos. Sentir é sempre fácil pra quem é do sertão. Guimarães Rosa imaginava, via, vivia, sentia tudo isso com a argúcia de um gênio e materializou pra nós uma conversa entre esse que recebe e aquele que chega, uma conversa que se tornou a conversa na qual manda quem pode e obedece quem tem juízo. Adequando melhor: fala quem pode, escuta quem tem juízo. Riobaldo fala. O doutor da cidade escuta. Nós maravilhamo-nos.

Optamos na coluna desta semana por retomar um texto que escrevemos e publicamos no livro Olhares Bakhtinianos: ensaios de análise literária (Pedro e João Editores, 2015). O tom sisudo e acadêmico pode até estar longe de nosso tom natural nesta coluna, mas é que Grande Sertão: veredas pede um traje de passeio completo. Esperamos que vocês gostem.

Existem várias intervenções hermenêuticas do Grande Sertão: veredas. Sua fortuna crítica é das maiores da literatura brasileira. Entretanto, algumas delas seguem um paradigma interpretativo que deixa poucas entradas possíveis para uma leitura diferente (Willi Bolle, na introdução do grandesertão.br, mostra esses paradigmas). É numa dessas poucas entradas que resolvemos fincar nossa análise: a dúvida. Riobaldo apresenta ao longo da narrativa várias questões ao seu interlocutor e em poucos momentos temos no narrador a certeza de alguma coisa. É neste sentido, que iremos ler o Grande Sertão: veredas como um romance sobre a dúvida, tanto temática (ou arquitetônica) como material (ou composicional).

O romance é narrado em primeira pessoa. Esta escolha composicional do autor deixa o texto literário num terreno arenoso que dificulta a certeza, que dificulta a confiança no narrado. Junto a essa incerteza composicional, somos guiados pelo narrador através de uma questão temática, de uma dúvida: o diabo existe ou não existe? Este leitmotiv desdobra-se em outras questões sempre relativas à possibilidade do mal, ou do mal personificado: o diabo e suas manifestações. Não há, entretanto, uma relação maniqueísta entre o bem e o mal ou entre deus e o diabo. Tudo está intricado, reforçando a dúvida:

Melhor se arrepare: pois, num chão, e com igual formato de ramos e folhas, não dá a mandioca mansa, que se come comum, e a mandioca-brava, que mata? Agora, o senhor já viu uma estranhez? A mandioca-doce pode de repente virar azangada – motivos não sei; às vezes se diz que é por replantada no terreno sempre, com mudas seguidas, de manaíbas – vai em amargando, de tanto em tanto, de si mesma toma peçonhas. E, ora veja: a outra, a mandioca-brava, também que às vezes pode ficar mansa, a esmo, de se comer sem nenhum mal. E que isso é? Eh, o senhor já viu, por ver, a feiúra de ódio franzido, carantonho, nas faces duma cobra cascavel? Observou o porco gordo, cada dia mais feliz bruto, capaz de, pudesse, roncar e engolir por sua suja comodidade o mundo todo? E gavião, corvo, alguns, as feições deles já representam a precisão de talhar para adiante, rasgar e estraçalhar a bico, parece uma quicé muito afiada por ruim desejo. Tudo. Tem até tortas raças de pedras, horrorosas, venenosas – que estragam mortal a água, se estão jazendo em fundo de poço; o diabo dentro delas dorme: são o demo. Se sabe? E o demo – que é só assim o significado dum azougue maligno – tem ordem de seguir o caminho dele, tem licença para campear?! Arre, ele está misturado em tudo. (p. 04)


Mesmo os feitos, os acontecimentos, as ações, são sutilmente relegados à dúvida. Depois da passagem do bando de Joca Ramiro pela fazenda São Gregório, Riobaldo conta a seu interlocutor o comportamento “enjoativo” do seu “padrinho” Selorico Mendes: “Parecia que ele queria se emprestar a si as façanhas dos jagunços, e que Joca Ramiro estava ali junto de nós, obedecendo mandados, e que a total valentia pertencia a ele, Selorico Mendes.” (p. 103, grifo nosso). Pode o filho ter herdado o comportamento do pai? Não há como ter segurança absoluta na narrativa de Riobaldo. Há algumas marcas da possibilidade da “invenção” ou “empréstimo” de façanhas alheias “tomadas” por Riobaldo. Por exemplo: “Ou conto mal? Reconto.” (p. 49); o trecho da narrativa de Davidão e Faustino (pp. 69-70) tem momentos de metalinguagem que ilustram a possibilidade de que tratamos: “Pois mire e veja: isto mesmo narrei a um rapaz de cidade grande, muito inteligente, vindo com outros num caminhão, para pescarem no Rio. Sabe o que o moço disse? Que era assunto de valor, para se compor uma estória de livro. Mas que precisava de um final sustante, caprichado” (p. 70). E adiante: “Apreciei demais essa continuação inventada” (p. 70); Por fim: “No real da vida, as coisas acabam com menos formato, nem acabam. Melhor assim. Pelejar por exato, dá erro contra a gente. Não se queira. Viver é muito perigoso...” (p. 70). É possível encontrar outras marcas metalinguísticas ao longo da narrativa que fundamentam o possível “empréstimo” e carregam a estória de Riobaldo de um acento fantasioso, inventado, ligando-a à própria narrativa elaborada por Guimarães Rosa, num espelhamento infinito que reforça a dúvida, o jogo de incertezas destacado por nós.

Bem diferente de Riobaldo é o narrador do livro Os Sertões de Euclides da Cunha. Tomemos um trecho da terceira parte do livro, mais narrativa que descritiva ou antropológica:

Quando se tornou urgente pacificar o sertão de Canudos, o governo da Bahia estava a braços com outras insurreições. A cidade de Lençóis fora investida por atrevida malta de facínoras, e as suas incursões alastravam-se pelas Lavras Diamantinas; o povoado de Barra do Mendes caíra às mãos de outros turbulentos; e em Jequié se cometiam toda a sorte de atentados (p. 213).

Se considerarmos a duas primeiras partes do livro de Euclides da Cunha como uma explicação ou contextualização para a “luta” que surge na terceira parte, teremos a exposição da necessidade de uma lógica linear construída para que o leitor compreenda todo o movimento implicado na Guerra de Canudos. Para não haver a fuga de nenhum detalhe ou para reforçar a precisão quase milimétrica das colocações do narrador, tudo deve ser explicado, anotado, exposto. E no Grande Sertão: veredas? A narração é disposta de maneira radicalmente diferente da euclidiana. O narrador vai e volta, conta e reconta sua estória, ele reforça a dúvida a todo o momento. Seguindo de perto o pensamento de Willi Bolle no grandesertão.br temos, no romance de Guimarães Rosa, uma oposição bem marcada diante do narrador de Cunha.

Bolle, no capítulo introdutório de seu livro, desenvolve a ideia de que Grande Sertão: veredas estaria filiado aos Retratos do Brasil – iniciativa fecunda de intelectuais brasileiros na primeira metade do século XX – e justifica, através da apresentação de várias evidências possíveis, que Guimarães Rosa leu Os Sertões pouco antes ou durante a produção de seu romance além de trazer várias indicações teóricas para a noção de reescrita da História. Bolle desenvolve nesse capítulo inicial a ideia de uma posição irônica de Rosa em relação a Euclides da Cunha a partir de três elementos: 1) o tom da narrativa. “Com a palavra ‘Nonada’ inicia-se uma fala radicalmente oposta aos ‘superlativos’ de Euclides” (p. 40); 2) a “construção da situação da narrativa”. O sertanejo sendo o dono da fala; 3) A auto-ironia do narrador. “Na base de sua fala está um constante questionamento do próprio narrar” (p. 41).

Esta abordagem de Willi Bolle parece-nos importante, pois estabelece um diálogo construtivo com a fortuna crítica, não apenas negando-a ou corroborando-a. Além disso, ele situa o romance de Guimarães Rosa tanto com a tradição literária brasileira e ocidental como com as reflexões sobre o Brasil, promovidas desde Os Sertões de Euclides da Cunha. Outro ponto importante que frisamos em relação ao texto de Bolle, é o posicionamento crítico do autor diante da obra euclidiana, demonstrando o que há de castrador em suas descrições e reflexões sobre a guerra de Canudos e sobre o sertanejo, figura essa que Guimarães Rosa retira da mordaça e dá voz através de Riobaldo. Numa postura semelhante à de Rosa, Bolle constrói sua reflexão dando ouvidos não apenas ao que se diz sobre o sertão e o sertanejo, mas tentando apresentar o próprio sertanejo e seu lugar, o sertão.

João Adolfo Hansen, outro grande crítico da ficção rosiana, coloca Guimarães Rosa como um escritor que parodia, ironiza e dissolve os textos realistas. Ele está bem próximo da colocação de Antonio Candido de que Guimarães Rosa sugere para inventar. Os dois críticos encontram no escritor mineiro um modus operandi que sugere uma produção diferente do que era (ou é) feito na literatura brasileira ou latino-americana. Seguindo o raciocínio de Hansen e Candido, podemos crer num universo criativo inovador na produção rosiana. Em Grande Sertão: veredas, a ideia de uma dúvida norteadora tanto temática como estrutural (arquitetônica e composicional) inviabiliza qualquer simplificação, qualquer classificação limitadora da obra. Assim o infinito, a travessia se mantém aberta. A não-finalizabilidade do texto literário, como caracteriza Bakhtin, encontra na narrativa de Riobaldo um exemplo paradigmático.

Grande Sertão: veredas materializa a dúvida fazendo o leitor (ou co-criador) permanecer nela. As questões centrais não encontram resolução. Um elemento simbólico desta característica é a inexistência das Veredas Mortas quando Riobaldo volta de sua última batalha. O lugar não existe mais. Não há como desfazer. Não há como fazer nada. Não há como construir uma certeza, uma verdade. A única saída do fazendeiro é viver de range-rede mastigando a dúvida para todos os que escutam/leem sua estória. Mesmo Quelemém de Góis não pode encontrar uma resposta e, assim, na religião, na História, na estória, na linguagem a dúvida se mantém inalterada, eterna.
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Harlon Homem de Lacerda é Mestre em Letras pela UFPB e Professor de Literatura Brasileira da Universidade Estadual do Piauí (UESPI - Oeiras). E-mail: harlon.lacerda@gmail.com.

Outros textos da coluna “Perspectivas do alheio” no blog O Berro:
- Dossiê João Guimarães Rosa: ‘Corpo de Baile’ – Tu leu Buriti?
- Perspectivas do Alheio – 01 ano
- Dossiê João Guimarães Rosa: ‘Corpo de Baile’ – Jiní
- Dossiê João Guimarães Rosa – Cara-de-bronze: ‘Duas coisas’
- Dossiê João Guimarães Rosa: ‘Corpo de Baile’ – Conta quem conta
- Dossiê João Guimarães Rosa: ‘Corpo de Baile’ – O vaqueiro minino
- Dossiê João Guimarães Rosa: ‘Corpo de Baile’ – A criança paradigma
- Dossiê João Guimarães Rosa – Seguindo a travessia
- Dossiê João Guimarães Rosa: ‘Sagarana’ – Ruminando
- Dossiê João Guimarães Rosa: ‘Sagarana’ – Corpo Fechado

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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

‘A Pele de Vênus’, filme de Roman Polanski, em exibição no CineNinho



Cinemarana (com curadoria e mediação de Elvis Pinheiro)
Exibição do filme A Pele de Vênus
Ficha técnica:
Título original: La Vénus à la Fourrure
Direção e roteiro: David Ives, Roman Polański
Elenco: Emmanuelle Seigner, Mathieu Amalric
Duração: 96 minutos
Ano: 2013
Países de origem: França, Polônia

“Uma atriz tenta convencer um diretor sobre como ela é perfeita para um papel em sua próxima produção.” (sinopse da divulgação do evento)

Exibição na terça-feira, 02 de fevereiro de 2016, às 19h
Na Casa Ninho (em frente à RFFSA), Crato-CE. Entrada gratuita.

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