terça-feira, 17 de maio de 2016
Os primeiros cinemas de Juazeiro do Norte, por Senhorzinho Ribeiro
Abaixo compartilhamos um texto do livro Juazeiro em corpo e alma, de Senhorzinho Ribeiro, publicado em 1992. O capítulo, intitulado “A Sétima Arte”, elenca algumas lembranças do autor relacionadas aos primeiros cinemas de Juazeiro do Norte, na primeira metade do século XX.
Grifo nosso #101
A Sétima Arte
“Apesar da chegada da Televisão, o Cinema, tido como a ‘Sétima Arte’, foi uma das maiores diversões que já tivemos, e uma das melhores que conhecemos.
No ano de 1916, chegavam à nossa cidade uns cidadãos para explorar o ramo cinematográfico. O cinema deles, que eu não me recordo mais o nome, funcionou, primeiramente, na antiga Rua Nova (hoje Av. Dr. Floro), e depois na Rua São Pedro.
Em seguida, o cidadão Pelúsio Correia de Macêdo instala o ‘Cine Iracema’, de sua propriedade, sendo ele próprio o operador. A bilheteira era uma moça de nome Martinha e o porteiro era um velho de nome Faustino.
Depois da fase de decadência, o Cine Iracema foi arrendado, primeiramente a um senhor de nome João Gomes e depois ao Sr. Manoel Lucas. Até o ano de 1934, as fitas eram preto e branco, e eram chamadas de ‘cinemas mudos’. Depois é que se denominou de ‘cinema falado’.
Quando da inauguração do ‘Iracema’, o filme apresentado foi Adoração, por John Bull [provavelmente se referindo a John Boles], uma opereta musical, na época, um sucesso em todo o país.
O Cine Iracema foi palco de grandes espetáculos. Companhias e artistas famosos como D. Cordeiro, considerado um dos maiores mágicos do mundo, Valdomiro Lôbo, consagrado artista do Sul, Conceição Ferreira, as Irmãs Tchecas e a nossa conterrânea Albertina Brasileiro, a ‘Marquise Branca’, e o famoso Aloísio Campelo, o ‘Pinguim’, estrearam no cinema de mestre Pelúsio. Outras Companhias tradicionais se exibiram no Iracema. Foram ao todo 30 espetáculos. Sabe o preço do ingresso, leitor? Apenas quatro mil-réis. Preço razoável para aquela época.
O terceiro cinema de Juazeiro foi o Cine Roulien, de propriedade do Sr. Olímpio de Almeida, o saudoso Pimpim Almeida. Na época, era o cinema mais moderno do interior cearense. Funcionava no local onde atualmente está instalada a Loja Daher. Foi inaugurado no ano de 1935, com a película Nana.
Após 12 anos de funcionamento de Roulien, Pimpim inaugurou outro cinema, o Cine Eldorado. Na reinauguração do Eldorado, foi exibido o filme intitulado Estrela Vermelha. O Eldorado era um cinema de classe. Tinha capacidade para comportar cerca de até 800 espectadores.
Com a morte de Pimpim, os irmãos Otacílio e Zé Almeida assumiram a responsabilidade de dirigir as empresas cinematográficas de Juazeiro do Norte.
Depois destes, surgiram os Cines Avenida, Guri, Capitólio, Plaza, Operário e outros, que infelizmente eu não me recordo.
Aqui termino este resumo histórico dos cinemas antigos da minha terra.”
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Senhorzinho Ribeiro, no livro Juazeiro em Corpo e Alma (Gráfica Royal, 1992).
Outros textos relacionados aos cinemas antigos de Juazeiro no blog O Berro:
- Cinemas de centro de Juazeiro do Norte
- A loja engoliu a rua: o cinema de centro sumiu
- Sai o cinema, entra o estacionamento
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Fiquei saudosista, porque este senhor da foto é meu avô paterno, que trabalhou durante anos em cinemas daqui e de Iguatu. Acreditam que eu encontrei esta foto há algum tempo por acaso em um blog? Mostrei-a ao pessoal da minha família e ninguém sabia da existência dela!
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