sábado, 27 de outubro de 2012

Sex Pistols: 35 anos de lançamento do álbum de estreia

Grifo nosso # 51



"(...) Quando assinaram com a Virgin, após serem enxotados pela EMI e pela A&M, os Pistols já eram o centro das atenções na Inglaterra e cada passo que davam era seguido com sentimentos de (pouca) admiração e (muito) ódio. Letras sarcásticas, som alto, camisetas ultrajantes e rios de cuspes — valia tudo para expressar a raiva e a frustração de viver num país em crise aguda, com lixo se acumulando nas ruas, programas entediantes na TV, mas que insistia em manter a pompa aristocrática. (...)

Obrigado, tabloides!
'Para mim, o punk tinha ligação com movimentos artísticos anteriores, como o surrealismo, o dadaísmo e o situacionismo, que possuíam características subversivas', afirmou Reid [Jamie Reid, designer da capa do disco Never Mind The Bollocks — Here's The Sex Pistols], que dispensou a força de figuras (anti)carismáticas como Johnny Rotten e Sid Vicious para estampar na capa. 'Não era necessário colocar os rostos dos músicos', declarou. 'Eles eram muito feios de qualquer maneira'. A arte gráfica do álbum lembrava as cartas anônimas de terroristas e também se baseava nas manchetes escandalosas e exageradas dos tabloides ingleses, verdadeira instituição do país que ajudou a promover o grupo de rock como nunca antes.

'O lixo e a fúria', a antológica capa do Daily Mirror pós aparição desbocada dos Sex Pistols na TV, deu fama nacional a um grupo de jovens oriundos das classes menos privilegiadas. Ainda que soubessem criar frases de efeito (como a emblemática 'não estamos interessados em música, mas em caos'), sem as manchetes de letras garrafais os Pistols ficariam restritos aos frequentadores do circuito alternativo de música. Por sinal, a única aventura no cinema (The Great Rock'n'Roll Swindle, o Yellow Submarine do punk) não teve a mesma repercussão dos tabloides, não somente pelo fato dos Pistols estarem agonizando na época mas também porque decadência, cinismo e ultraje funcionavam melhor nas mãos da imprensa escrita britânica.

A sintonia entre atitude, moda, discurso e arte visual foi fundamental para que o estrondo dos Sex Pistols no mundo pop tivesse proporção planetária. Como ironizou [Malcolm] McLaren, 'se as pessoas comprassem os discos pela música, o rock já teria acabado há muito tempo'. O principal feito do grupo (mostrar que era possível para qualquer tapado montar a própria banda) também foi refletido por Reid na área das artes gráficas. A técnica de colagem simples, barata, chocante e inteligente de Never Mind The Bollocks — Here's The Sex Pistols era acessível para quem tivesse tesoura, cola e um jornal de ontem."

Sex Pistols | Never Mind The Bollocks — Here's The Sex Pistols
Ano | 1977
Gravadora | Virgin
Design da capa | Jamie Reid
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Revista Bizz Especial: 100 Maiores Capas de Discos de Todos os Tempos (maio de 2005).

Never Mind The Bollocks — Here's The Sex Pistols foi lançado na Inglaterra há exatos 35 anos, no dia 27 de outubro de 1977.

"Anarchy in the U.K." (Steve Jones / Glen Matlock / Johnny Rotten):

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