terça-feira, 8 de agosto de 2017
Espetáculo ‘Cardinal’ em Crato
Espetáculo Cardinal
Release:
Eu sou Ofélia, Electra, Medeia, formiga, barata e abelha. Eu sou a noite e a luz do dia. Eu sou vontade e medo. Eu sou Francisca, Margarida, Gioconda, Julieta, Elisabete e Maria. Eu sou vagina, buceta, xereca, barata, aranha, pepeca e órgão genital feminino. Eu sou Helena sem Troia, Leia sem Hansolo, eu sou Mulher-Maravilha sem Superman e quando quero sou mulher-sem-ser-maravilha. Eu sou Electra sem fogão e Medéia fazendo um aborto seguro em um hospital público. Eu sou a escolha de ser ou não mãe sendo mulher, eu sou um corpo que pensa e tem direito de escolher. Eu sou... (release da produção do espetáculo)
Sinopse:
Cardinal é uma mulher que abandona o seu cotidiano após refletir sobre sua condição humana. Nessa manifestação, ela recorre a si, como tem sido vista diante da sociedade em que está inserida, sua personalidade dita - cuja desgredada diante do dito - cujo normal. Abandonada, declama suas questões mergulhadas em gritos de dores. Optou varrer as noites pensando, articulando e calculando como dar um sentido a sua vida, um ciclo de deterioração mental de uma mulher devido ao desespero e a solidão. Tendo um whisky barato, cigarros falsos e latas de feijões prontos como sua única companhia. Como se manter sã em um mundo tão caótico e patriarcal em que ela se encontra, é a grande e única questão de sua razão existencial. Com uma dramaturgia tecida em sala de ensaio, o trabalho discute o lugar da mulher na sociedade atual, em paralelo com a reflexão dos “ditos loucos”, investigados a partir dos estudos de Michael Foucalt[1], Deleuze, Peter Pelbart e outros filósofos do cotidiano “ditos loucos” que se encontram nas ruas do Cariri cearense. Nessa experiência artística, temos nos amparado também nas influências cinematográficas para ambientar o espetáculo no mundo caótico e instável da figura em questão. Alguns nomes como Martin Scorsese, Quentin Tarantino e Alan Moore, interferem diretamente na visualidade e presentificação da cena. Cardinal é a degustação de um gole de café, onde na preparação a água quente se constitui a partir da inspiração dos escritos de Rosa Luxemburgo, Sarah Kane, Chista Wolf, e onde “açúcar e pó de café” se misturam aos trechos de Heiner Müller e Antonin Artaud, com o propósito de degustarmos de forma coletiva desse café. Parafraseando Artaud: a cena busca tornar-se metaforicamente uma doença (peste) que contagia e envolve a plateia de forma igualitária, independente da profundidade em que o público permitirá se envolver.
[1] Quis o destino, infelizmente, que as coisas fossem mais complicadas. E, de um modo geral, que a história da loucura não pudesse servir, em caso algum, como justificativa e ciência auxiliar na patologia das doenças mentais. A loucura, no devir de sua realidade histórica, torna possível, em dado momento, um conhecimento da alienação num estilo de positividade que a delimita como doença mental; mas não é este conhecimento que forma a verdade desta história, animando-a desde sua origem. (Foucault, 2008, p.19) (release da produção do espetáculo)
Ficha técnica:
Encenação e iluminação: Jamal Corleone
Atuação e dramaturgia: Barbara Leite Matias
Produção executiva, concepção de figurino e cenário: Coletivo Atuantes em Cena
Arte Gráfica: Luna
Indicação: 16 anos
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Encenações do espetáculo Cardinal
Dias 10 e 11 de agosto de 2017, 19h30
Na Casa Ninho (Rua Ratisbona, 266, Centro, Crato-CE)
Ingresso: R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia).
Teaser - Espetáculo Cardinal:
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Valeuu!!!
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