Pela efemeridade de uma lista, mas também pela sua permanência
por Elandia Duarte
Esses dias, tenho pensado muito sobre julgamentos sociais, autenticidade e a necessidade intrínseca do ser humano de se reconhecer em si mesmo. Tenho sido impelida, pelos fatos dos meus dias, a refletir sobre como é denso e difícil sermos autênticos e como, ainda assim, é justamente esse fato que faz valer a pena se conhecer, se relacionar, se apaixonar. Amor é justamente quando você já consegue ser você mesmo pro outro. Por isso amor pode ser tão libertador! Tão bom.
No meio desses pensamentos e devaneios, me lembrei da responsabilidade de escrever esta lista! E que susto me deu! Morro de medo de lista, por sempre me ver mutável, fluida e pensar que depois o que selecionar num momento pode não significar nada em outro. Mas então, me apeguei exatamente a isso, à efemeridade dessa lista. Que, longe de ser definitiva, é apenas uma fresta de luz sobre um momento e um aspecto de minha vida.
Nesse sentido, resolvi fazer um percurso na tentativa de facilitar a escolha de uma temática, um foco, e segui os seguintes passos:
1. Tenho um álbum no facebook intitulado “universo paralelo”. Nele sempre registro todos os filmes que vejo, gostando ou não. Seleciono uma imagem, geralmente uma que me chame mais a atenção esteticamente, e posto por lá. Resolvi recorrer a ele;
2. Numa primeira seleção, decidi destacar os filmes que mais gostei, tirando da lista filmes dos quais já escrevi algo aqui na SÉTIMA, ou que penso que de tão especial merecem texto único algum dia. Dos 397 filmes listados por lá, restaram 57;
3. Desses 57, fui deixando os filmes que dialogavam com esse momento de pensar sobre SER e ESTAR no mundo com outros e consigo mesmo. Dos 57, restaram 16.
4. Por fim, cheguei à lista de 10 filmes, li e reli, e sim, são esses mesmos.
A lista resulta desse meu momento, dessa parte de mim que está tentando entender o outro e que está buscando desesperadamente sua essência, está tentando ser ela mesma, sem se preocupar tanto com o olhar alheio, ter alteridade com as pessoas ao seu entorno, sem, no entanto, esquecer-se de ter afeto e cuidado consigo. Esses 10 filmes me ajudaram em diferentes momentos e de diferentes formas a buscar me respeitar, assumir minhas vontades, tentar ao máximo não machucar as pessoas que me cercam, mas também me perdoar quando essa mágoa causada não depender só de mim. Auxiliaram-me a ver beleza em mim, na inteireza do que sou. Isso! Ser Inteira! É esse o melhor termo, INTEIRA! Possibilitaram que eu me visse e me buscasse, percebendo minhas falhas e respeitando-as, não como culpa, mas como probabilidade de superação.
Segue a lista que, apesar de mutável e de deixar tantos filmes bons fora, é inteira no que se propõe, porque nela está sendo registrado tudo o que sou nesse momento, e eu sendo, ela também é. Logo nela nada falta.
Meus 10 melhores filmes de todos os tempos:
A Delicadeza do Amor (La Délicatesse, Dir. Stéphane e David Foenkinos, 2011)
A Língua das Mariposas (La lengua de las mariposas, Dir. José Luis Cuerda, 1999)
Bruno (Bruno, Dir. Shirley MacLaine, 2000)
Dumbo (Dumbo, Dir. Ben Sharpsteen, 1941)
A Caça (Jagten, Dir. Thomas Vinterberg, 2012)
As Vantagens de ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower, Stephen Chbosky, 2012)
A Religiosa (La religieuse, Dir. Guillaume Nicloux, 2013)
Mulan (Mulan, Dir. Tony Bancroft e Barry Cook, 1998)
A Datilógrafa (Populaire, Dir. Régis Roinsard, 2013)
Blackfish (Blackfish, Dir. Gabriela Cowperthwaite, 2013)
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Elandia Duarte possui graduação em pedagogia pela Universidade Regional do Cariri (2008) e Especialização em Arte/Educação pela mesma Instituição. É professora, integrante do Grupo de estudos de Cinema Sétima e colaboradora na revista do grupo que carrega o mesmo nome. Compõe juntamente com mais quatro artistas o Coletivo Diadorins, e por fim, mas não menos importante é poeta e vez ou outra arrisca amadoramente no oficio de atriz.
Texto originalmente publicado na SÉTIMA: Revista de Cinema (edição 35, de setembro de 2016), que é distribuída gratuitamente na Região do Cariri cearense. A Revista Sétima é uma publicação do Grupo de Estudos Sétima de Cinema, que se reúne semanalmente no SESC de Juazeiro do Norte-CE.
Textos recentes da Revista Sétima postados no Blog O Berro:
- Uma nova amiga, novas possibilidades
- Histórias de nós
- Antes de depois
- Meus 10 melhores filmes de todos os tempos, por Virgínia Macedo
- Velhice, memória e anonimato: sobre 'Nebraska', de Alexander Payne
- A trilogia Matrix
- Manifesto Sétima pela Arte
- E ela não volta mais?
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