segunda-feira, 31 de outubro de 2011

109 anos do nascimento de Drummond

Ponto de fuga # 08

Hoje, dia 31 de outubro de 2011, está sendo comemorado o 109º aniversário do nascimento de um dos maiores poetas da literatura brasileira: Carlos Drummond de Andrade.

A comemoração, inclusive, ganhou um site que está divulgando eventos por todos o país que farão homenagens ao poeta mineiro. Na página também encontramos vídeos de diversas pessoas do país recitando poemas de Drummond. E quem quiser gravar uma leitura de poema e enviar para o site, poderá ganhar um espaço lá também.

Para acessar o endereço do diaD (de Drummond) 31.10, clique aqui.

O Berro já fez algumas postagens neste blog citando Carlos Drummond de Andrade ou reproduzindo alguns dos seus poemas. E agora fazemos uma retrospectiva, indicando o link de algumas dessas postagens:

- Folheto sobre Juazeiro do Norte comentado por Drummond: clique aqui.
- Crônica de Antônio Maria, de 1963: "Carlos Drummond de Andrade": clique aqui.
- Poema "A bunda, que engraçada": clique aqui.
- Poema "Cidadezinha qualquer": clique aqui.

domingo, 30 de outubro de 2011

Cinemarana do SESC Crato exibe 'Morangos Silvestres', de Bergman



Cinemarana do SESC Crato (com mediação de Elvis Pinheiro)
Exibição do filme Morangos silvestres
Título original: Smultronstället
Diretor: Ingmar Bergman
Elenco: Victor Sjöström, Bibi Andersson, Ingrid Thulin, Gunnar Björnstrand, Jullan Kindahl, Folke Sundquist, Björn Bjelfvenstam
Duração: 91 min.
Ano: 1957
País de origem: Suécia

Um clássico de Ingmar Bergman.
Considerado um dos melhores filmes da história sobre a velhice e a memória.

Exibição na segunda-feira, 31 de outubro de 2011, às 19h
No SESC Crato-CE. Entrada franca.

sábado, 29 de outubro de 2011

Festa à fantasia - Halloween no Terraçus



Halloween - Festa à fantasia
Show com as bandas Holly Wood e Rei Bulldog (Beatles Cover)
Sábado, dia 29 de outubro de 2011, às 22h
No Terraçus Bar e Petiscaria (Crato-CE)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

'A Donzela e o Cangaceiro' no Teatro Rachel de Queiroz



A Donzela e o Cangaceiro
Espetáculo da Cia. Cearense de Teatro Brincante
Texto e Direção de Cacá Araújo
Segunda (31/out) e terça (01/nov de 2011), às 20h
No Teatro Rachel de Queiroz (Crato-CE)
Investimento: R$5,00 (meia/antec.) e R$10,00 (inteira)

(clique no cartaz para ampliá-lo)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Show Traduções Cariris no Largo da RFFSA, em Crato



Show Traduções Cariris
O show de um lado traz a tradição configurada na batida inconfundível e telúrica dos Zabumbeiros Cariris. Na outra extremidade os músicos caririenses mais emblemáticos da região: Abidoral Jamacaru, Luiz Carlos Salatiel e João do Crato, trazendo-nos o contraponto imprescindível das "Traduções".

Sexta-feira, dia 28 de outubro de 2011, às 22h
No Largo da RFFSA, Crato-CE

Música e poesia no Festival UFC de Cultura (Cariri)



IV Festival UFC de Cultura - Caminos de Nuestra América
Programação Cariri
da quinta-feira, dia 27 de outubro de 2011:

17h – Show: Synkrasis
Local: Pátio dos Encontros Universitários

19h – Show de Dudé Casado e performance poética de Ramon Érico
Local: Palco Principal

20h30 – Show: Cabruêra
Local: Palco Principal

No Campus da UFC Cariri
Av. Tenente Raimundo Rocha, s/n, Juazeiro do Norte-CE

Rodapé # 25

# Rodapé das antas (15 anos de O Berro)

"Meu pior momento que se há onde haver poesia"

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Armazém do Som no SESC Juazeiro

Al Capone não vê mais sentido em armar o circo para os outros. Agora Al Capone quer diversão e rock’n’roll. Na presente data Al Capone não quer resgatar nem cultura e nem arte. Isso não é problema dele. Al Capone não pertence a nenhuma ONG; a nenhuma milícia; a nenhum coletivo; e muito menos a nenhum fundamentalismo religioso. Al Capone não reconhece nenhuma espécie de gueto e acredita que as fronteiras devem ser destituídas de seus ícones, dos seus poderes e de suas glórias. Enquanto isso ele está lendo, nas horas sagradas do banheiro, uma tese sobre o poder enigmático das páginas de relacionamentos sociais na rede mundial de computadores. Diante da pós-modernidade e da horda constante de imigrantes tudo anda meio confuso e reduplicado. Assim, Al Capone não encontra sobriedade suficiente na realidade nem mesmo para conceituar o que é patrimônio da humanidade, mas ele se sente como tal. Essa é uma urgência, a outra é tocar rock’n’roll e se divertir muito no circo armado pelos outros.
(texto da divulgação do evento)

Armazém do Som

Show da banda Al Capone Tá é Bêbo
Sexta-feira, dia 28 de outubro de 2011, às 20h
No Teatro SESC Patativa do Assaré (SESC Juazeiro)
Entrada franca
+ info:
(88) 3587.1065.

15 anos de O Berro: ativando a memória e postando no blog



Como diria o brega-star cearense Falcão (ou um dos seus heterônimos), "no começo, tudo é início"*. E O Berro um dia teve o seu começo, que consequentemente era, segundo a filosofia falconética, o início. Isso há exatos 15 anos: em outubro de 1996.

Com a atual atividade berrística — de atualizar este blog, desenvolver algumas atividades paralelas e, portanto, seguir com o trabalho ativo — não podemos "escapar ilesos" de data tão emblemática. Não nos resta outra alternativa senão relembrar (para alegria de uns e decepção de outros) alguns fatos, matérias, eventos, desenhos, aberrações (com e sem trocadilhos), marmotas, besteiras e outras coisas mais que fizeram parte dessa trajetória, que continua em construção.

Recorrendo mais uma vez à catilogência da filosofia de Falcão, podemos dizer que neste percurso de outubro de 1996 a outubro de 2011 "como tudo na vida, há coisas boas e ruins, sem falar nas mais ou menos". E só nos resta revirar a memória em postagens que aparecerão neste blog nos próximos dias, nas próximas semanas, etc.

Todos os amigos e leitores que acompanharam um pouco desse percurso também podem colaborar com histórias e causos que envolveram O Berro nestes 15 anos de muita azucrinação e, principalmente, muita amizade (sempre na companhia da arte: ouvindo muita música, realizando eventos, discutindo cinema, poesia, etc.). Basta enviar o depoimento para o e-mail oberro.net@gmail.com ou para o nosso perfil no Facebook.

A história deste blog e d'O Berro segue em frente, inclusive ao tentar relembrar coisas passadas. Mas sem deixar de mirar o presente e o futuro, pois Falcão justifica essa percepção no fato de que "aonde a gente for, a gente vai" e "o motivo é a causa principal".

Esperamos ter pelo menos um pouco dessa catilogência por 15 + 15 + 15 + 15 anos...

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* Citações de Falcão (e heterônimos) contidas em Leruaite: dog's au-au it's not nhac-nhac.

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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Semana de Armazém do Som e Performance Poética no SESC Crato



Armazém do Som e Performance Poética

Terça-feira, dia 25/10/2011
19h30: Palco aberto ao público para recital poético
20h: Banda Al Capone Tá é Bêbo

Quarta-feira, dia 26/10/2011
19h30: Palco aberto ao público para recital poético
20h: Samba de Rosas

Quinta-feira, dia 27/10/2011
19h30: Performance "Sofistas, demônios e poetas" com Edson Xavier
20h: Liberdade e Raiz

No estacionamento do SESC Crato-CE. Entrada franca.
+ info: (88) 3586.9150

IV Festival UFC de Cultura - Caminos de Nuestra América - UFC/Cariri

Depois de quatro edições em Fortaleza, o Festival UFC de Cultura se expande e acontece pela primeira vez no Campus do Cariri, de terça (25/10) até quinta-feira (27/10), na sede da Universidade Federal do Ceará em Juazeiro do Norte (Av. Tenente Raimundo Rocha, s/n).

A programação inclui oficinas, debates e apresentações de grupos populares e culturais, como a da Orquestra de Rabecas, acompanhada de Di Freitas, na abertura oficial do evento, às 18h30min desta terça-feira (25).

O Festival UFC de Cultura no Cariri terá início antes mesmo de sua abertura oficial. Na terça-feira (25), às 15h, no pátio dos Encontros Universitários, haverá apresentações dos grupos populares Reisado Pé Trovão e Banda Cabaçal Santo Antonio e da ciranda de Val Andrade. Logo em seguida, às 17h, acontece show de Ermano Morais. Na quarta (26) e quinta-feira (27), às 14h30min, o auditório do Campus receberá o debate “Universidade, Cultura e Conhecimento”. E na quinta-feira (27), a partir das 15h, ainda acontecem shows de Synkrasis e de Dudé Casado, com performance poética de Ramon Érico.

O Festival se encerrará com show do grupo Cabruêra, da Paraíba, a partir das 20h30min do dia 27, no palco principal do evento.

+ info: http://www.festivalufcdecultura.ufc.br/index.php/noticias/festival-ufc-de-cultura-no-cariri-comeca-terca-feira/
(texto da produção do evento)

sábado, 22 de outubro de 2011

Exibição do filme 'A Janela' no Cinemarana do SESC Crato



Cinemarana do SESC Crato (com mediação de Elvis Pinheiro)
Exibição do filme A janela
Título original: La ventana
Diretor: Carlos Sorín
Elenco: Maria del Carmen Jiménez, Antonio Larreta, Alberto Ledesma, Emilse Roldán, Roberto Rovira, Victoria Herrera
Duração: 85 min.
Ano: 2008
País de origem: Argentina / Espanha

O último dia na vida de Antonio, um escritor de 80 anos que aguarda a visita do filho em sua fazenda, no norte da Patagônia. Impossibilitado de ajudar nos preparativos, ele pode apenas observar o mundo através da janela: no horizonte, o sol domina o cenário, enquanto a nostalgia e as memórias do passado parecem invadir seu quarto.

Exibição na segunda-feira, 24 de outubro, às 19h
No SESC Crato-CE. Entrada franca.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Grifo nosso # 18

"Segundo o jornalista Glenn O'Brien, 'o rock é o primeiro estágio, mas é o jazz que coloca os bravos em órbita'.

Quem não se prende a rótulos sabe que, no final, o que importa é a música. Esse papo de dizer que jazz é música de uma elite intelectualizada é balela — o jazz é a música de quem simplesmente deseja se aventurar em sua companhia."

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Bento Araújo, no texto dedicado a Rashan Roland Kirk, na coluna "pZ Hero" da edição 38 (set/out 2011) da revista Poeira Zine.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Música ao pôr do sol com Luciano Magno



Música ao Pôr do Sol com Luciano Magno
Quinta-feira, dia 20 de outubro de 2011, às 17h
Na Pracinha do Cruzeiro (Ladeira da Integração), Crato-CE
+ info: SESC Crato - (88) 3586.9150

Rodapé # 24

"Algaroba é aquela de matemática..."

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Exibição de 'Uma mulher sob influência' no Cinematógrapho



Cinematógrapho do SESC Juazeiro (com mediação de Elvis Pinheiro)
Exibição de Uma mulher sob influência (EUA, 1974, 155 min.)
Título original: A woman under the influence
Direção e roteiro: John Cassavetes
Elenco: Gena Rowlands, Peter Falk, Fred Draper, Lady Rowlands

O filme narra o momento em que uma dona de casa com três filhos passa a perder totalmente o controle, levando sua família a uma gangorra emocional angustiante. As atuações são de total entrega: a cena em que ela está para ser enternada num manicômio é de tirar o fôlego. Prepare-se para fortes emoções.

Exibição na quarta-feira, dia 19 de outubro, às 19h
No SESC Juazeiro do Norte-CE. Entrada franca.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Semana de Teatro no SESC Crato



Semana de Teatro no SESC Crato
De 17 a 22 de outubro de 2011
Entrada franca

Dia 17/10 (seg), 18h - A Cor é Rosa
Dia 18/10 (ter), 19h - Dramaturgia: Leituras em Cena
Dia 19/10 (qua), 21h - Silvestres (indicação: 18 anos)
Dia 20/10 (qui), 20h - O Mistério da Cascata
Dia 21/10 (sex), 20h - Os Cactos
Dia 22/10 (sáb), 20h - Ensaio para um Silêncio

+info: (88) 3523.4444 (ramal 213-221)

sábado, 15 de outubro de 2011

Dicas de filmes por Wendell Borges # 04

Filme: A palavra
Título original: Ordet
Direção:
Carl Theodor Dreyer
Origem: Dinamarca
Ano de lançamento: 1955
Duração: 126 min.
Filme visto dia 10/10/2011

Comentário: O já falecido Carl Theodor Dreyer (1889-1968) é, sem dúvidas, o diretor dinamarquês mais prestigiado no meio cinematográfico. Seus filmes levam o espectador a um hipnótico estado de imersão emocional, em um universo por vezes místico e de intensa carga dramática. Vários filmes dirigidos por ele têm presença certa nas listas que reúnem os melhores filmes de toda a história do cinema.

Neste A Palavra, produzido em 1955, Dreyer adapta a peça do pastor dinamarquês Kaj Munk (1898-1944), cujo enredo narra o drama de uma família em crise, na qual um dos membros acredita ser a reencarnação de Jesus Cristo. A intensa carga dramática imposta por Dreyer arranca dos atores atuações impressionantes. E vale destacar também a bela fotografia de Henning Bendtsen que, juntamente com o próprio Dreyer, não teve seu nome oficialmente creditado no filme.



Filme: O puritano da Rua Augusta
Direção: Amácio Mazzaropi
Origem: Brasil
Ano de lançamento: 1965
Duração: 102 min.
Filme visto dia 12/10/2011

Comentário: Amácio Mazzaropi é um dos artistas mais famosos do cinema brasileiro. Deixou uma grande contribuição para a comédia tupiniquim, interpretando diversos personagens de gosto popular. Em 1965 ele dirigiu este O Puritano da Rua Augusta, um trabalho um tanto desengonçado em termos de montagem cinematográfica, mas com alguns bons momentos cômicos, afinal, Mazzaropi falava a língua do povo e por isso seus filmes faziam tanto sucesso. Em 1966 seu filme O Corintiano foi o recorde de bilheteria do cinema nacional e ainda hoje suas produções fazem sucesso nas locadoras, com o lançamento de sua filmografia completa em DVD.

Na trama de O Puritano da Rua Augusta, Mazzaropi interpreta o personagem Pundoroso, um homem rico, cuja família sofre com sua rígidez moral. O filme peca bastante pelo roteiro e a montagem, ambos desengonçados, fazendo com que o filme se torne enfadonho e arrastado em vários momentos, mas ainda assim pode arrancar alguns risos das situações criadas pelo personagem de Mazzaropi. Finalizando este breve comentário, não deixe de visitar o site Museu Mazzaropi (clicando aqui), criado em 1992 por João Roman Júnior, amigo de Mazzaropi que ajuda a prestigiar e manter viva a memória deste grande artista nacional.
Trailer:

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Wendell Borges (um alucinado por tudo que envolve o cinema) é formado em Letras e mantém o blog Arquivo X de Cinema: arquivoxdecinema.blogspot.com .

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Música ao pôr do sol em Crato



Música ao Pôr do Sol com João Nicodemos
Sábado, dia 15 de outubro de 2011, às 17h
Na Pracinha do Cruzeiro (Ladeira da Integração), Crato-CE
+ info: SESC Crato - (88) 3586.9150

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Aprendendo a ser uma criança legal com a Xuxa Verde

No Dia das Crianças, lembramos da Xuxa-Candura, que pela telinha foi a companhia de muitas crianças (que hoje devem ser adultos legais, iguais à Xuxa Verde dos vídeos abaixo...).

Imagens em preto e verde do programa Clube da Criança, da extinta TV Manchete:



'Menino é bicho infantil'



Menino é bicho infantil (Falcão / T. Matos)



Está cada vez mais difícil ser menino
Está cada vez mais difícil...
Embora não saiba a nova pedagogia
Menino é bicho pra gostar de putaria
Ainda existe homem moderno e barbado
Que acredita que menino é abestado
Não sabe que no fundo
No mundo e no Brasil
Menino gosta mesmo é de ser infantil

Se eu fosse você
Usava uma fralda e tomava mingau
Babava, chorava, etc. e tal
Dizendo "eu quero mamar, mamãe eu quero mamar!"

Está cada vez mais difícil ser menino
Está cada vez mais difícil...
É um mistério dentro da neurolinguagem
Por que menino gosta tanto de sacanagem
Existe muito velho, desses sexagenários
Que ainda pensa que menino é otário
Não sabe que em Pereiro
Alhures ou na França
Menino gosta mesmo é de ser criança
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Parabéns a todos meninos infantis no Dia das Crianças!
(12 de outubro de 2011)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Grifo nosso # 17

"Caetano [Veloso] não chegara a assistir à hilariante estreia musical de Tom Zé na televisão, dois anos antes, em 1960, mas se lembrava da repercussão entre os colegas do colégio no dia seguinte. A cena aconteceu durante um popular programa de calouros, chamado Escada para o Sucesso:

'Como é o nome da sua música?', perguntou o apresentador, logo depois de apresentar o calouro Antônio José.

'Rampa para o Fracasso...'

'O quê? Tá bulindo com o meu programa?', duvidou ainda o apresentador, antes de cair na risada.

O sucesso foi imediato. Além da provocação bem-humorada do título, Tom Zé tinha começado a explorar uma nova forma de compor. Como não achava nenhuma de suas músicas muito apropriadas para aquela ocasião, resolveu fazer uma especial. Pegou todos os jornais daquela semana, espalhou-os pelo quarto e acabou compondo uma canção com as manchetes mais chamativas, unidas numa espécie de colagem.

Nessa época, apesar de também ser um apreciador da bossa nova, Tom Zé já tinha consciência de que sua aproximação com a música era diferente do padrão mais comum. Pouco depois de começar a tocar violão, aos 17 anos, percebeu que não era capaz de fazer uma canção bonita para a namorada. Porém, em vez de desistir da música, Tom Zé encontrou a maneira de transformar seu aparente defeito em virtude.

O mais importante numa canção, pensou, consistia em aqueles dois ou três minutos de diálogo entre voz e violão chamarem a atenção do ouvinte de alguma maneira. Deixando de lado suas tentativas frustradas de compor canções românticas ou bem-acabadas, Tom Zé passou a fazer letras utilizando as personagens curiosas da sua terra, os doidos de Irará. Uma delas, por exemplo, homenageava a popular Maria Bago Mole, iniciadora sexual dos filhinhos de papai da cidade: 'Guilherme se requebra / Rufino bota pó / Euclides morde o braço / Das Dores fala só / Mas todos passam bem com Maria Bago Mole'."

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Carlos Calado, em seu livro Tropicália: a história de uma revolução musical (Editora 34).

Ainda em homenagem aos 75 anos de vida de Tom Zé, completados hoje (dia 11 de outubro de 2011).

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75 anos de Tom Zé



Hoje, dia 11 de outubro de 2011: Tom Zé completa 75 anos de vida. 75 anos geniais! Nossa homenagem ao baiano que tá explicando pra nos confundir.

"Augusta, Angélica e Consolação":


"Companheiro Bush":

15 anos sem Renato Russo: Urbana Legio Omnia Vincit

Foi nos idos dos anos 1990 que tive o meu primeiro contato com a banda Legião Urbana e, consequentemente, com o Rock. Uma amiga, Myllena Gadelha, tinha escrito em seu caderno uma coisa que sempre me chamava à atenção quando eu a lia. Aquilo me encantava pela simplicidade das palavras e, ao mesmo tempo, pela força que aquelas frases transmitiam quando lidas em voz baixa — como fazem os que querem internalizar as coisas belas e as que têm o poder de arrebatar.

Fiquei impressionado e resolvi então perguntar se ela tinha escrito aquilo — até então não nos conhecíamos direito, mas apenas como colegas de sala em um primeiro dia de aula, como se fosse num país de idioma estranho. Respondeu que não tinha escrito aquilo, mas que tinha retirado de uma música de uma banda que até então me era completamente estranha: Legião Urbana. O disco era Que País é Esse?, e a música, "Angra dos Reis". A partir daí selamos uma amizade que dura até hoje, e que durará por muito tempo, until the end of the world.

Ouvir a Legião passou a fazer parte de um ritual em que amigos se reuniam na casa de outros amigos para ouvir as músicas da banda e conversar, senão confessar, e se indagar: como era possível aquela música parecer tanto com o que estávamos vivendo, sentindo? Quem já escutou as músicas "Quase sem querer", "Índios", "Tempo perdido", "Sete cidades", "Eu era um lobisomem juvenil", "Se fiquei esperando o meu amor passar", "Quando o sol bater na janela do seu quarto", entre outras tantas, entenderá o que é isso.

Era difícil ouvir algumas daquelas músicas e não se identificar com a letra, provavelmente por ela falar de coisas tão subjetivas como os anseios, as paixões, as angústias, as críticas sociais. Essa identificação vinha, certamente, do fato de a banda conseguir transformar em poesia e música aquilo que tanto inquieta a juventude em suas varias nuances. Aquela foi uma fase boa, um momento bom, que durou o tempo que estava programado para durar, e o pouco mais que pudemos prolongar.

Ouvir as canções da banda, assistir ou ler as entrevistas dos seus integrantes, principalmente quando a entrevista era dada por Renato Russo, era como um convite para um passeio pela história da música. Posso dizer que através deles conheci nomes como Janis Joplin, Neil Young, Beatles, Bob Dylan, Joni Mitchel, Joan Baez, Rolling Stones, Led Zeppelin, Jesus and Mary Chain, P.I.L, The Smiths, Bauhaus, Joy Division, Sisters of Marcy, entre outras bandas.

Ouvir a Legião é ir um pouco além da música e cair na literatura também. Através dessa porta que abri, conheci A montanha mágica e Thomas Mann, Fernando Pessoa, Drummond, Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu, Arthur Rimbaud.

Sempre procurei não apenas ouvir a música, mas também procurar conhecer as referências, ouvir as dicas sutis que eram dadas em entrevistas ou mesmo nos shows. Ouvi há muito tempo uma versão da música "Ainda é Cedo" e, antes de começar a letra da música, Renato Russo cantou um trecho de uma música em inglês, que depois de muito pesquisar com amigos, fiquei sabendo que o seu nome era “Stairway to Heaven”, e que quem a cantava era uma banda chamada Led Zeppelin. E como gostei muito, peguei-a como referência e desde então virei fã. Foi assim com "Gimme Shelter", dos Rolling Stones; "Jealous Guy" e "Stand by me", do John Lennon; "On the way home", de Neil Young; "Mercedes Benz", com Janis Joplin; "Light my fire", The Doors; Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, Eliseth Cardoso, Torquato Neto, Rita Lee, entre outras fontes de boa música. Era como seguir uma trilha deixada através das músicas e entrevistas.

Em seus discos havia uma frase escrita em latim, "Urbana Legio Omnia Vincit", grosso modo, "A Legião Urbana tudo vence", que sempre me chamou a atenção, principalmente depois do dia 11 de outubro de 1996, quando morreu Renato Manfredini Junior — ou para nós, fãs, Renato Russo —, que ao lado de Cazuza foi um dos grandes poetas dos anos 80. Frase que nunca saiu da minha cabeça, que assim como outra frase em forma de conselho: Força, sempre; em alguns momentos me fascinava mais que algumas das letras da banda. E ficava a pergunta: por que escrevia isso?

Estamos lembrando 15 anos sem a presença de Renato Russo, sem a expectativa por um novo disco, uma nova canção que falasse de coisas que não entendíamos como ele conseguia escrever e descrever tão bem, mas que agradecíamos por aquilo.

Há alguns dias, enquanto esperava ônibus próximo a uma escola, coincidentemente no horário de saída dos alunos, ouvi uma turminha cantando "Quase sem querer", "Eduardo e Mônica", "Será"... Nessa tarde, propositadamente perdi o ônibus e voltei pra casa a pé, e muito feliz.

Então entendi o significado de "A Legião Urbana tudo vence". Renato Russo morreu, a banda acabou, mas a Urbana Legio venceu. Uma forma simplória de definir o trabalho da banda é chamá-lo de atemporal, que é o que se pode dizer daquilo que não tem época, que transita no tempo sem pertencer a presente, passado ou futuro, e foi dessa maneira que tanto a Legião Urbana quanto Renato Russo conseguiram se manter vivos. Pelo menos enquanto o rito que perpetua o mito continuar a se renovar — através de gestos como os dos garotos na pracinha em frente à escola, através de pessoas que sintam e se identifiquem com as letras, com as temáticas abordadas, com a forma livre da poesia escrita e, principalmente, enquanto houver pessoas que cantem — a Legião Urbana não acabará.

Urbana Legio Omnia Vincit

Xico Fredson!


Clip de "Angra dos reis" (Que país é esse?, 1987):

Abertura da Exposição Museu da Rematerialização no SESC Crato



Abertura da Exposição Museu da Rematerialização
Terça-feira, dia 11 de outubro de 2011, às 19h
Na Galeria de Artes do SESC Crato-CE
+ info: (88) 3586.9150

domingo, 9 de outubro de 2011

Dicas de filmes por Wendell Borges # 03

Filme: Lanterna Verde
Título original: Green Lantern
Direção:
Martin Campbell
Origem: EUA
Ano de lançamento: 2011
Duração: 114 min.

Comentário: Dirigido pelo Neozelandês Martin Campbell — responsável por filmes de ação como Limite Vertical e A Lenda do Zorro, além de ter dirigido dois filmes da série 007 — Lanterna Verde é o mais novo lançamento de um herói para as telas de cinema, e o resultado final soou apenas mediano. Com o orçamento beirando os 200 milhões de dólares, a produção não atraiu o público esperado e, segundo dados do site Box Office Mojo, arrecadou pouco mais de 219 milhões de dólares. Um fracasso de bilheteria, considerando que a produção para chegar ao lucro desejado teria de, no mínimo, alcançar o dobro dos gastos com a produção.

Lanterna Verde é um daqueles filmes que soam desengonçados. Os sete roteiristas que assinam a produção confirmam que o projeto sofreu para chegar ao seu resultado final. Apesar deste contratempo, o resultado não foi tão sofrível como outros projetos que tentam levar super-heróis às telas, e o filme consegue ter alguns momentos divertidos em meio à salada acachapante de efeitos especiais. O simpático elenco de atores — com destaque para Ryan Reynolds — ajuda a dar um verniz colorido à produção. Comparado com Thor — a enfadonha produção da Marvel, lançada em abril e que também lida com seres mitológicos —, Lanterna Verde se sai um pouco melhor.
Trailer:



Filme: Aniki-Bobó
Direção: Manoel de Oliveira
Origem: Portugal
Ano de lançamento: 1942
Duração: 71 min.
Filme visto dia 05/10/2011

"Anikibébé. Anikibóbó. Passarinho. Tótó. Berimbau. Cavaquinho. Salomão. Sacristão. Tu és polícia. Tu és ladrão."

Comentário:
Aniki-Bobó foi o primeiro longa-metragem de ficção do grande Manoel de Oliveira, o diretor português que é o mais velho do mundo ainda em atividade (ele nasceu em 11 de dezembro de 1908 e continua realizando seus filmes aos 102 anos de idade). A trama de Aniki-Bobó é uma singela história que narra as peripécias de Carlitos, um menino tímido e pobre que se apaixona por uma bela menina chamada Teresinha. Mas Carlitos não é o único apaixonado pela bela menina, um valentão chamado Eduardinho divide com aquele as atenções da jovem.

O filme foi muito mal recebido por vários críticos portugueses na época mas teve seu reconhecimento apontado anos mais tarde, e hoje é tido como um dos principais filmes da filmografia lusitana, sendo considerado por alguns críticos como o filme precursor do que futuramente seria chamado de Neo-Realismo Italiano. O diretor Manoel de Oliveira ficou 21 anos sem filmar após a realização de Aniki-Bobó. Apenas em 1972 ele regressou aos cinemas e de lá pra cá tem realizado um filme a cada dois ou três anos.

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Wendell Borges (um alucinado por tudo que envolve o cinema) é formado em Letras e mantém o blog Arquivo X de Cinema: arquivoxdecinema.blogspot.com .

sábado, 8 de outubro de 2011

Embalado pra viagem # 36

O artista inconfessável

Fazer o que seja é inútil.
Não fazer nada é inútil.
Mas entre fazer e não fazer
mais vale o inútil do fazer.
Mas não, fazer para esquecer
que é inútil: nunca o esquecer.
Mas fazer o inútil sabendo
que ele é inútil, e bem sabendo
que é inútil e que seu sentido
não será sequer pressentido,
fazer: porque ele é mais difícil
do que não fazer, e dificil-
mente se poderá dizer
com mais desdém, ou então dizer
mais direto ao leitor Ninguém
que o feito o foi para ninguém.

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João Cabral de Melo Neto, em Museu de tudo (1975).

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Show de lançamento de livro infantil no CCBNB Cariri



Ótima oportunidade para quem ainda não viu o sensacional show que conta com a presença de grandes nomes da música caririense:

Abidoral Jamacaru, Luiz Carlos Salatiel, Lifanco, Pachelly Jamacaru, Amélia Coelho, Ulisses Germano, Leninha Linard, João Nicodemos, André Saraiva, Luiz Fidelis, Elisa Moura, Fatinha Gomes, Zé Newton Figueiredo, Ibbertson Nobre, João Neto, Rodrigo, e o Coral Mensageiros de Cristo.

Além da intervenção cênica dos atores Cacá Araújo e Orleyna Moura
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Espetáculo de lançamento do livro:
O mistério das treze portas no castelo encantado da ponte fantástica
De J. Flávio Vieira; ilustrações de Reginaldo Farias
(vencedor do I Prêmio Rachel de Queiroz - SECULT)
Quarta-feira, dia 12 de outubro de 2011 (dia das crianças), às 15h30
No Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri (Juazeiro do Norte-CE)

Dicas de filmes por Wendell Borges # 02

Filme: Quarta B
Direção: Marcelo Galvão
Origem: Brasil
Ano de lançamento: 2005
Duração: 93 min.
Filme visto dia 02/10/2011

Comentário:
Dois anos após o lançamento de Quarta B, o roteirista e diretor Marcelo Galvão lançou em DVD o documentário Lado B: como fazer um filme sem grana no Brasil, mostrando os bastidores conturbados desta produção, que lembra filmes como 12 homens e uma sentença, no qual toda a ação transcorre em um único ambiente. Antes ou após conferir Quarta B é uma boa pedida assistir a este documentário supracitado, para que o espectador possa tomar ciência das dificuldades que muitos realizadores da sétima arte passam para ver seus projetos chegarem à exibição nas salas de cinema brasileiras. Também ajuda a enriquecer a visão, muitas vezes deturpada, com que vemos uma obra audiovisual, dificilmente parando para pensar em como é fácil ver tudo aquilo pronto na tela, mas o quanto é difícil a construção de toda aquela obra nos seus bastidores.

A trama de Quarta B acontece em uma sala de aula, onde uma professora de escola primária, o diretor, o zelador e quinze pais estão reunidos para descobrir quem foi o aluno que deixou um tijolo de maconha na sala de aula da 4ª série B. Mesmo pecando um pouco na montagem, o filme parece estender-se demais e apela para o surrealismo para poder dar razão à sua existência. Há momentos bem cômicos e cheios de ironia, e pelo esforço de todos em realizar um filme com pouquíssimos recursos financeiros, é um trabalho que merece atenção pela qualidade atingida. E como citei acima, não deixe de ver em seguida o documentário que mostra os bastidores da realização do filme e toda a batalha do diretor para ver sua obra finalizada.
Trailer:



Filme: Dentro da noite
Título original: They Drive by Night
Direção: Raoul Walsh
Origem: EUA
Ano de lançamento: 1940
Duração: 95 min.
Filme visto dia 29/09/2011

Comentário:
O estilo visual conhecido como Film Noir foi criado pelos norte-americanos e o termo foi cunhado pela primeira vez em 1946, pelo crítico francês Nino Frank (1904-1988), tendo sido difundido por outros historiadores e críticos de cinema ao longo da história. É utilizando estas características expressivas e visuais do Noir que o diretor Raoul Walsh (1887-1980) conduziu esta trama de assassinato, misturando intriga, drama e romance.

Durante a narrativa acompanhamos a vida difícil dos dois irmãos caminhoneiros chamados Joe e Paul Fabrini — interpretados respectivamente por George Raft e pelo grande ator Humprey Bogart —, a relação de Joe com a garçonete Cassie Hartley, interpretada pela bela Ann Sheridan, e ainda a relação amorosa conturbada do personagem de Raft com a inescrupulosa Lana Carlsen, interpretada por Ida Lupino (1918-1995). O roteiro foi escrito pelo famoso produtor Jerry Wald, responsável por diversos outros filmes do gênero escritos entre os anos de 1940 e 1960.
Trailer:

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Wendell Borges (um alucinado por tudo que envolve o cinema) é formado em Letras e mantém o blog Arquivo X de Cinema: arquivoxdecinema.blogspot.com .

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Centenário da posse de Padre Cícero como prefeito de Juazeiro

Continuam as comemorações pelo ano do Centenário de Juazeiro do Norte. E hoje O Berro lembra que há exatos 100 anos (no dia 4 de outubro de 1911), o Padre Cícero Romão Batista tomava posse como primeiro prefeito de Juazeiro.

Reproduzimos citações de livros que relatam aquela data histórica nas terras juazeirenses. Inicialmente, um trecho do artigo "Independência de Juazeiro", do Prof. Boaventura de Souza, que integra o livro Juazeiro do Padre Cícero, organizado por Raimundo Araújo:

"22 de julho de 1911. Assinada a Lei nº 1.028, criando o município de Juazeiro. A lei é composta de 5 artigos. Assinam: Belizário Cícero Alexandrino (Presidente), Lourenço Alves Feitosa de Castor (1º secretário) e Oscar Feital (2º secretário).

4 de outubro de 1911. Em meio a grande festa popular, Padre Cícero é empossado no cargo de primeiro Prefeito do recém-criado município de Juazeiro. A sessão solene de posse, à qual compareceram 17 prefeitos, realizou-se na casa de Dona Rosinha Esmeraldo, localizada no cruzamento da Av. Dr. Floro com a Rua Padre Cícero.

Juazeiro conquistou sua Emancipação Política graças à determinação do seu povo, liderado pelo Pe. Alencar Peixoto, Dr. Floro Bartolomeu, Prof. José Marrocos, que movidos pelos anseios da população como autênticos líderes, se dedicaram ao grande projeto popular." (o artigo completo do Prof. Boaventura de Souza pode ser lido na nossa postagem "Capítulos da independência de Juazeiro e a realidade décadas depois", clicando aqui).
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O outro relato (sobre a posse do primeiro prefeito de Juazeiro) está no livro Padre Cícero: poder, fé e guerra no sertão, de Lira Neto:

"O receio era de que a reunião acabasse em tiro. Nunca se viram — nem jamais se voltaria a ver — tantos coronéis sertanejos assim reunidos em um mesmo lugar, como naquele 4 de outubro de 1911, em Juazeiro, o dia da posse de Cícero na prefeitura. Lá fora, as ruas estavam enfeitadas de bandeirinhas de papel e a banda do mestre Pelúsio de Macedo fazia a festa. No interior da casa que sediou a solenidade oficial, os dezesseis homens vestidos em roupa de domingo foram recebidos com chuvas de flores e papel picado. Mas não escondiam de ninguém que ruminavam uma coleção de rancores mútuos.

(...) O padre, além de anfitrião, era o único capaz de presidir uma sessão como aquela. Ante qualquer desentendimento entre as partes, poderia brotar a faísca de uma conflagração armada.

Praticamente todos os chefes políticos do Cariri — incluindo o coronel cratense Antônio Luiz — haviam acatado o chamado do sacerdote para tão insólito conclave, que marcaria seu primeiro dia como prefeito. Estavam representadas por seus respectivos caudilhos dezesseis localidades que, quando vistas no mapa, desenhavam um extenso círculo de terra em torno do Juazeiro: Araripe, Assaré, Aurora, Barbalha, Brejo Santo, Campos Sales, Crato, Jardim, Lavras, Milagres, Missão Velha, Porteiras, Quixará (mais tarde Farias Brito), Santana do Cariri, São Padro (depois Caririaçu) e Várzea Alegre. Cada um dos senhores rurais ali presentes carregava nas costas um punhado de crimes desfechados em plena luz do dia, a seu mando ou debaixo de sua complacência. Aos meeiros e agregados, ofereciam a proteção patriarcal, em troca da obediência e da prestação de serviços em seus latifúndios. Aos opositores, reservavam apenas a fúria do rifle, o argumento do cacete, a sanha da peixeira. No infindável repertório de crueldades, não faltava a recorrência de tocaias, assassinatos, estupros, mutilações, castrações e degolas sumárias.

(...) Cícero queria chamar todos à razão Ou paravam de se trucidar ou não sobraria mais nenhum deles para contar história. O padre, é claro, tinha consciência de que não seria com pai-nossos e ave-marias que se decidiria questão tão espinhosa. Mas também não era caso de bater na mesa com o cabo do cajado. Estavam sentadas ali, diante dele, pessoas de espírito sanguíneo como o coronel Pedro Silvino de Alencar, que em 1909, depois de duas horas de acirrado tiroteio, batera no peito em sinal de vitória, após expulsar do município de Araripe o chefe político do lugar.

(...) Um por todos, todos por um. O lema, tomado emprestado aos três mosqueteiros imortalizados pelo escritor francês Alexandre Dumas, resumia o teor do documento [redigido pelo Padre Cícero e apresentado aos líderes na reunião] que passaria à história como o "Pacto dos Coronéis".

(...) Para Cícero, havia um significado particular naquele acordo: erguera-se um providencial campo de força a favor do Juazeiro, que dali por diante ficaria rodeado, de norte a sul, de leste a oeste, da farta proteção armada garantida pelos coronéis aliados. Em caso de uma possível ofensiva como a desfechada contra Canudos, os invasores teriam de vencer primeiro a jagunçada, antes de chegar aos calcanhares do padre. O Juazeiro, epicentro da fé, tornara-se também ponto de convergência entre as aristocracias rurais do Ceará.

Quando Cícero levantou da mesa ao final daquela histórica reunião e passou a colher a assinatura de todos, os coronéis do Cariri já tinham tomado consciência de que, diante da nova situação, precisavam eleger um chefe imediato entre eles. Esse chefe não seria, necessariamente, Accioly [presidente do Ceará na época]. Carecia ser alguém que estivesse mais perto deles e que, a despeito das diferenças e dos ódios pessoais que os separavam, fosse um homem cuja palavra seria acatada sem ressalvas. Os coronéis precisavam de um líder político no Cariri. Naquela tarde, esse líder se revelara naturalmente — e já tinha nome.

O nome dele, ninguém se atreveria a discordar, era Cícero.
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Floro [Bartolomeu] havia caprichado nos detalhes. O banquete e o baile que se seguiram à cerimônia de posse ficariam guardados na memória dos moradores como a maior de todas as festas da história do Juazeiro. A mesma casa que horas antes abrigou a reunião dos coronéis encheu-se de gente para comer e dançar em homenagem ao prefeito e padre Cícero Romão Batista."

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Rock no CCBNB Cariri



Show com a banda ZP Lim
Terça-feira, dia 4 de outubro de 2011, às 19h30

Show com a banda Holy Wood
Quarta-feira, dia 5 de outubro de 2011, às 19h30

No Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri (Juazeiro do Norte-CE)
Entrada gratuita (clique na imagem para ler os releases)

Controle remorso # 11

O programa Manhã Maior, da RedeTV, tem colaborado bastante com a coleção de cenas inusitadas postadas no Youtube. A última ajudinha veio por parte do câmera...



...na alegria incontrolável porque o programa havia acabado.

Dicas de filmes por Wendell Borges

Filme: Marty
Direção: Delbert Mann
Origem: EUA
Ano de Lançamento: 1955
Duração: 94 min.

Comentário:
Marty foi agraciado com a primeira Palma de Ouro do Festival de Cannes, um dos mais prestigiados Festivais de Cinema do Mundo que, desde sua fundação, em 1946, confere prêmios aos melhores filmes franceses e internacionais. Além da Palma de Ouro, Marty recebeu oito indicações ao Oscar, tendo sido agraciado com quatro estatuetas: melhor filme, melhor ator (para Ernest Borgnine), melhor diretor (para Delbert Mann) e melhor roteiro adaptado (para Paddy Chayefsky, que também é o autor da peça teatral na qual o filme foi baseado).

Marty é um filme leve, quase sem conflitos, e centra-se na figura do tímido Marty Piletti, interpretado por Ernest Borgnine, um açougueiro atormentado pela família e pelos amigos, por já estar com 34 anos e ainda ser solteiro. Se a trama se passasse nos dias atuais não funcionaria, mas como o filme foi realizado na década de 1950, o preconceito realmente era forte com as pessoas que ficavam solteiras e residindo com os pais já depois dos 30 — e também é tocante a interpretação de Borgnine na pele do personagem. Além do preconceito para os solteirões, o filme também mostra a angústia dos pais ao verem os filhos casando e a solidão que vai batendo com a ausência deles. Um filme simples e cativante que merece ser visto, principalmente se você continua solteiro, já tem mais de 30 anos e tem algum familiar pegando no seu pé por ainda não ter casado.
Trailer:



Filme: Eu não quero dormir sozinho
Direção: Tsai Ming-Liang
Origem: Malasia/Taiwan
Ano de Lançamento: 2006
Duração: 115 min.

Comentário:
Comecei a ver os filmes do diretor malaio Tsai Ming-Liang em 2009, e com este já são oito filmes vistos de sua filmografia — que já conta até o momento com dez longas-metragens, considerando apenas os filmes lançados comercialmente nos festivais. Todos os oito filmes foram comentados no meu blogue Arquivoxdecinema.

Tsai Ming-Liang é um artista completo, daqueles que manifestam sua visão crítica do ser humano através de suas obras, visualmente belíssimas, em que cada plano parece tomar vida própria na tela e fazer o espectador mais atento arregalar os olhos para admirar a beleza da construção de sua mise en scène. E antes de comentar um pouco sobre a trama do filme, vale ressaltar que os filmes deste cineasta exigem paciência extrema do espectador e são indicados apenas aos que buscam algo além do entretenimento escapista dos filmes tipo blockbuster.

Neste Hei yan quan temos a presença novamente de seu ator fetiche, Lee Kang-Sheng, em uma trama que gira em torno de uma relação aparentemente homossexual, entre um sujeito moribundo que é espancado e um jovem trabalhador imigrante que resolve ajudá-lo. Acompanhamos também uma garçonete que cuida de um paciente em coma, este também interpretado por Lee Kang-Sheng. Estão presentes no filme os planos longos, a ausência de diálogos e a captação cuidadosa dos sons diegéticos, que são marcas artísticas que Liang usa com frequência em suas obras.
Trailer:



Filme: Um Filme Sérvio: Terror sem Limites
Direção: Srđan Spasojević
Origem: Sérvia
Ano de Lançamento: 2010
Duração: 104 min.

Comentário:
Finalmente parei para conferir o filme mais polêmico que estreou nos cinemas ano passado, e que foi exibido no Brasil este ano durante o Festival de Cinema de Porto Alegre (Fantaspoa). Um Filme Sérvio foi proibido em diversos países e é daqueles que já são realizados com o intuito de chocar o público mais moralista e fazer marketing em torno do conteúdo antiético de sua trama. Afinal, qualquer filme que contenha menores de idade em cenas que tenham apelo erótico já deixam todos os moralistas de plantão de olhos arregalados, prontos para entrarem com ações proibitivas como ocorreu no Festival de Cinema Fantástico do Rio de Janeiro: o filme foi retirado da amostra após os produtores do evento terem recebido o seguinte comunicado:
"Senhor Produtor, informamos que, por decisão da Caixa Econômica Federal, o filme A Serbian Film – Terror sem Limites deverá ser retirado da programação da mostra RIOFAN, em cartaz na CAIXA Cultural-RJ e patrocinada por essa Instituição."

A trama gira em torno de um ator pornô aposentado que recebe uma oferta para participar de um filme de arte pornográfico, mas sem saber nada do roteiro do filme que iria realizar. Ele se vê chocado quando descobre que o filme terá cenas de necrofilia e pedofilia, e é praticamente obrigado a participar sob efeito de drogas alucinógenas, quando percebe que sua mulher e seu filho foram sequestrados.

O filme realmente tem cenas angustiantes e não deve ser visto por pessoas que se impressionam facilmente ou não têm discernimento para separar uma realidade fictícia do mundo em que vive. Retirando as cenas polêmicas — que são o cerne diferencial que fez o filme ter o alarde que teve — como cinema é bastante fraco: a montagem é desengonçada, a trilha sonora é ruim e os atores parecem todos meio perdidos em cena. Indicado apenas para fãs do horror extremo e aos que entendem que não há limites para a ficção cinematográfica. No mundo do Cinema, tudo é possível.
Trailer:

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Filmes indicados por Wendell Borges: formado em Letras pela URCA em 2005. Um alucinado por tudo o que envolve o cinema, desde os principais filmes que fizeram e fazem a sua história, até os filmes trash ou caseiros feitos por amadores e outros apaixonados pela sétima arte.

Wendell Borges mantém o blog Arquivo X de Cinema (arquivoxdecinema.blogspot.com), onde os leitores poderão encontrar outras dicas de filmes produzidos em variadas épocas.

domingo, 2 de outubro de 2011

Sonora Brasil em Crato e Juazeiro



Banda de Congo Panela de Barro
A Banda de Congo Panela de Barro, formada por quatro cantadeiras, um percussionista e o mestre Valdemiro Sales, foi selecionada para participar do Sonora Brasil Sesc, maior projeto de circulação musical do país.

O Panela de Barro vai participar do Sonora 2011 na temática "Sagrados Mistérios: vozes do Brasil", grupo no qual também estão a Comitiva de São Benedito da Marujada de Bragança (PA), Caixeiras do Divino (MA) e Quarteto Colonial do RJ. Esta formação da banda de congo fará 54 apresentações entre setembro e novembro de 2011 pelas regiões norte, nordeste e centro oeste do Brasil.

Desde sua fundação, em 1998, cerca de 60 grupos já participaram do projeto e, em média, três mil apresentações foram promovidas.

O objetivo do Sonora Brasil Sesc é incentivar o desenvolvimento da música no país. Para o Espírito Santo, será uma oportunidade de levar a música e a cultura capixaba para todo o Brasil. Esta é a primeira vez que um grupo capixaba participa do projeto.
(release da produção do evento)
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Sonora Brasil - Circuito 2011 / 2012
Sagrados Mistérios: Vozes do Brasil
Banda de Congo Panela de Barro (ES)

Terça-feira, dia 04 de outubro de 2011, 19h, no SESC Crato-CE
+ info: (88) 3586.9150

Quarta-feira, dia 05 de outubro de 2011, 20h, no SESC Juazeiro do Norte-CE
+ info: (88) 3587.1065

Entrada franca.

sábado, 1 de outubro de 2011

Primeiro aniversário do Terraçus Bar



1º aniversário do Terraçus Bar e Petiscaria
Shows com as bandas Nightlife e Caco de Vidro (Pink Floyd Cover)
Homenagem especial a Samuel Brito da Silva (in memorian)
Sábado, dia 1º de outubro de 2011, às 22h
No Terraçus Bar (Crato-CE)
Ingressos antecipados: R$10,00 (à venda na Fissura do Crato e nas lojas Biarritz e Planeta Cançados, no Cariri Shopping, em Juazeiro do Norte)
Ingressos na bilheteria: R$15,00.