À tardinha, no Sanhauá
o velhinho fitava o rio
com o seu olhar poente.
*
Na colheita de laranjas
mulheres lentamente
colhem a tarde bem madura.
*
Copa do Mundo:
o coração perde a forma
quando em bola se transforma.
*
Chuva passando
tarde escurecendo...
É tempo de tanajura!
*
Frondoso tamarindo.
Em seu lugar vazio
verdes lembranças.
*
No céu, quantos trovões!!
Gozos espalhafatosos
das nuvens quando cruzam.
*
Estalactites.
Lágrimas da terra
quando chora por dentro.
*
Pássaros se recolhem.
Bois sentados
mastigam a tarde morta.
*
A Amazônia freme
esvaindo em líquido
seu sangue branco.
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Saulo Mendonça, no livro Luz de Musgo: 33 Haikais (Sal da Terra Editora, 2008).
Saulo Mendonça é paraibano de Alagoa Grande e já lançou diversas obras, sendo elas de poesia, crônica, ficção e haikai, do qual se tornou um dos maiores cultores na Paraíba. Sua poesia já foi traduzida para o japonês, dinamarquês, francês, romeno, alemão e espanhol.
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- Um haicai incomoda muita gente
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- Poesia incompleta e irregular
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