por Hudson Jorge
Ontem, chutei o balde! Ou melhor, a porta! Aliás, além de chutá-la, ainda a esmurrei! Descarreguei alguns dias de tensão e cansaço num pobre ser sem vida, que hoje continua lá em seu lugar, agora sustentada apenas por uma dobradiça.
Encerrei o expediente mais cedo e resolvi fugir por um instante para contemplar o pôr do sol de um lugar bem privilegiado: a entrada da UFCA, que, apesar da buraqueira na rua, e de parecer um presídio ou um posto de gasolina, tem lá suas coisas boas. Não fosse o detalhe de eu ter chegado atrasado para o momento, talvez tivesse presenciado um dos maiores espetáculos da Terra.
Mesmo assim, ao som de John Zorn (Filmworks XXIII) — um belíssimo presente que um dia me foi dado pelo meu amigo David Van den Brule — ainda pude me deleitar com os resquícios daquele crepúsculo, que me presenteou uma fresca brisa de fim de tarde, o cantar de alguns pássaros, o retrato vivo da encosta da Chapada do Araripe e o aparecimento das primeiras estrelas da noite. Relaxei a musculatura e o pensamento, e deixei as tensões da vida de um adulto para lá por alguns instantes. Acho que até cheguei a cochilar. Devo ter cochilado, pois eu sempre cochilo.
Fui pra aula com uma sensação de “u lêlê. Que vida boa, que vida leve!” e com a certeza de que preciso rever meus conceitos, meu ritmo de vida e os meus compromissos com minha família, com meus amigos e com o que quero ser quando crescer.
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