"É que aquele espaço estava ansioso..."
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sexta-feira, 19 de novembro de 2010
terça-feira, 16 de novembro de 2010
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
O universo artístico de Arnaldo Antunes
Arnaldo Antunes subirá ao palco da Mostra SESC Cariri de Cultura na próxima quarta-feira, dia 17 (de novembro de 2010), para apresentar o show do seu mais recente disco, Iê-iê-iê.
Aproveitando o ensejo, reproduzimos um artigo de Amador Ribeiro Neto sobre a obra do compositor e poeta. O artigo (originalmente publicado no jornal A União, de João Pessoa-PB, em setembro de 2009) foi escrito antes da distribuição do Iê-iê-iê, o que justifica a menção de Ao vivo no estúdio como sendo o último lançamento do ex-titã.
Vamos direto ao ponto
Amador Ribeiro Neto (15 de setembro de 2009)
Vamos direto ao ponto: poesia é concisão, sacação, inteligência e sensibilidade a favor da linguagem nova. O resto, de fato, não é nada. É brincadeirinha de palavras montadas segundo "manuais de versificação" ou outras técnicas que, por si, nada são. Em nada ajudam.
Poetinhas de meia pataca enchem o solo estrelado deste país. Há, sabidamente, mais poetas que leitores de poesia. Esta relação é estatisticamente comprovada. Qualquer um que saiba as regras do soneto, do haicai, do madrigal, ou mesmo dos versos livres acha que é poeta porque fez um decassílabo, um terceto, ou mesmo escreveu ao léu, o que lhe veio à cabeça - considerando que tais "poetas" têm cabeça, coração e membros.
Oswald nunca quis um Brasil apenas, mas vários Brasis: variados, distintos, plurais. Por isto mesmo incentivou a postura carnavalizadora do "só me interessa o que não é meu". Isto é, o que é do outro devo devorar pois este ato desperta-me para um novo meu, que será diverso do que era enquanto do outro. Assim ele criou a Antropofagia, que agrada a gregos, baianos, josés e paulos. E que deu origem ao Cinema Novo, à Poesia Concreta, ao Tropicalismo, ao Mangue Beat eticétera & tal. E que continua gerando as artes antenadas do nosso país.
O nome mais novo deste universo artístico e carnavalístico é Arnaldo Antunes. Este artista multimídia, sempre partindo da palavra, tem produzido uma obra rara e rica. Que não tem merecido o reconhecimento a que faz jus. Mas se hoje poucos leem ou ouvem sua poesia, não resta dúvida que amanhã ela receberá o posto que lhe compete.
Seu lugar está marcado, tanto na história do rock brasileiro como no da poesia contemporânea. Já tive oportunidade de dizer aqui que sem Arnaldo os Titãs viraram um cortejo de velório. Faz chorar.
Enquanto isto a carreira solo de Arnaldo vai de vento em popa. Do vanguardeiro Nome, 1993, um projeto tríplice, unindo livro + vídeo + disco, até seu mais recente trabalho Ao vivo no estúdio, tudo em sua obra tem um toque provocativo, indagador, desestabilizador. Gosta? Ótimo. Não gosta? Vá buscar sua praia. Este parece ser o slogan de Arnaldo, tal a independência do que faz. O resultado que lhe interessa, e isto ele parece deixar bem claro para o público, são as sempre vivas e revigoradas linguagens intersemióticas.
--
Amador Ribeiro Neto é poeta, escritor e professor de Teoria Literária da UFPB.
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Aproveitando o ensejo, reproduzimos um artigo de Amador Ribeiro Neto sobre a obra do compositor e poeta. O artigo (originalmente publicado no jornal A União, de João Pessoa-PB, em setembro de 2009) foi escrito antes da distribuição do Iê-iê-iê, o que justifica a menção de Ao vivo no estúdio como sendo o último lançamento do ex-titã.
Vamos direto ao ponto
Amador Ribeiro Neto (15 de setembro de 2009)
Vamos direto ao ponto: poesia é concisão, sacação, inteligência e sensibilidade a favor da linguagem nova. O resto, de fato, não é nada. É brincadeirinha de palavras montadas segundo "manuais de versificação" ou outras técnicas que, por si, nada são. Em nada ajudam.
Poetinhas de meia pataca enchem o solo estrelado deste país. Há, sabidamente, mais poetas que leitores de poesia. Esta relação é estatisticamente comprovada. Qualquer um que saiba as regras do soneto, do haicai, do madrigal, ou mesmo dos versos livres acha que é poeta porque fez um decassílabo, um terceto, ou mesmo escreveu ao léu, o que lhe veio à cabeça - considerando que tais "poetas" têm cabeça, coração e membros.
Oswald nunca quis um Brasil apenas, mas vários Brasis: variados, distintos, plurais. Por isto mesmo incentivou a postura carnavalizadora do "só me interessa o que não é meu". Isto é, o que é do outro devo devorar pois este ato desperta-me para um novo meu, que será diverso do que era enquanto do outro. Assim ele criou a Antropofagia, que agrada a gregos, baianos, josés e paulos. E que deu origem ao Cinema Novo, à Poesia Concreta, ao Tropicalismo, ao Mangue Beat eticétera & tal. E que continua gerando as artes antenadas do nosso país.
O nome mais novo deste universo artístico e carnavalístico é Arnaldo Antunes. Este artista multimídia, sempre partindo da palavra, tem produzido uma obra rara e rica. Que não tem merecido o reconhecimento a que faz jus. Mas se hoje poucos leem ou ouvem sua poesia, não resta dúvida que amanhã ela receberá o posto que lhe compete.
Seu lugar está marcado, tanto na história do rock brasileiro como no da poesia contemporânea. Já tive oportunidade de dizer aqui que sem Arnaldo os Titãs viraram um cortejo de velório. Faz chorar.
Enquanto isto a carreira solo de Arnaldo vai de vento em popa. Do vanguardeiro Nome, 1993, um projeto tríplice, unindo livro + vídeo + disco, até seu mais recente trabalho Ao vivo no estúdio, tudo em sua obra tem um toque provocativo, indagador, desestabilizador. Gosta? Ótimo. Não gosta? Vá buscar sua praia. Este parece ser o slogan de Arnaldo, tal a independência do que faz. O resultado que lhe interessa, e isto ele parece deixar bem claro para o público, são as sempre vivas e revigoradas linguagens intersemióticas.
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Amador Ribeiro Neto é poeta, escritor e professor de Teoria Literária da UFPB.
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sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Espetáculo de música barroca em João Pessoa
"Do último verso que eu fizer no mundo!"
Essa fui encontrar nO BERRO das antas! Na edição de primeiro aniversário dO BERRO, em novembro de 1997, publicamos o poema "Versos íntimos", do poeta paraibano Augusto dos Anjos. Tinha sido uma escolha do até então Francismário, que hoje devemos chamar de Mário Menezes (cf. perfil do orkut! ¬¬).
A questão é que há 96 anos (12/11/1914), morria Augusto dos Anjos, vítima de pneumonia, aos 30 anos. E pouco importando que a bicharia tenha roído o coração de tal singularíssima pessoa, celebramos, em 3 atos, a poesia que ainda espanta(?!) e encanta(?!).
1 - Repetindo o poema escolhido por Mário, 13 anos atrás:
VERSOS ÍNTIMOS
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente invevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
o beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
2 - Ouvindo a singularíssima interpretação do poema "Budismo Moderno", musicado por Arnaldo Antunes (disco Ninguém, de 1995):
BUDISMO MODERNO
Tome, Dr., esta tesoura, e...corte
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia roa
Todo o meu coração, depois da morte?!
Ah! Um urubu pousou na minha sorte!
Também, das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contato de bronca destra forte!
Dissolva-se, portanto, minha vida
Igualmente a uma célula caída
Na aberração de um óvulo infecundo;
Mas o agregado abstrato das saudades
Fique batendo nas perpétuas grades
Do último verso que eu fizer no mundo!
3 - Baixando gratuitamente o livro Eu e outras poesias, disponibilizado em PDF pelo site Domínio Público:
Eu e outras poesias (Augusto dos Anjos) - em PDF
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12 de novembro dá samba!
A data 12 de novembro marca o nascimento de dois grandes cantores e compositores do samba.
Nessa data, em 1941, nascia João Nogueira. Intérprete de voz marcante, que merece também ser lembrado pelas suas composições e pela capacidade de aglutinar grandes cantores e compositores em rodas de samba.
João Nogueira faleceu no ano 2000, mas seu sangue rubro-negro e de sambista continua nos palcos na voz do seu filho, Diogo Nogueira.
Exatamente um ano após o nascimento de Nogueira, nascia o vascaíno Paulinho da Viola, que desde os anos 60 empresta seu talento ao melhor da música popular brasileira. Outro com grande capacidade de reunir antigos e novos talentos nas famosas rodas de samba.
Nessa data, em 1941, nascia João Nogueira. Intérprete de voz marcante, que merece também ser lembrado pelas suas composições e pela capacidade de aglutinar grandes cantores e compositores em rodas de samba.
João Nogueira faleceu no ano 2000, mas seu sangue rubro-negro e de sambista continua nos palcos na voz do seu filho, Diogo Nogueira.
Exatamente um ano após o nascimento de Nogueira, nascia o vascaíno Paulinho da Viola, que desde os anos 60 empresta seu talento ao melhor da música popular brasileira. Outro com grande capacidade de reunir antigos e novos talentos nas famosas rodas de samba.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
10 de novembro: data da morte de Rimbaud
10 de novembro de 1891 (Marselha, França): morria o poeta Arthur Rimbaud, para - usando o clichê dos clichês - cravar seu nome na eternidade.
Considerado tanta coisa: do pré/pós ou simplesmente simbolismo; do pré-modernismo; precursor do surrealismo(?) e tantos outros ismos (escolha o seu!, o que nem sempre vai dizer algo de tão relevante, pois corre o risco de cair no mero historicismo - outro ismo).
De qualquer forma, o nome de Rimbaud parece carregar essa sina: falar de sua obra é falar de sua vida, e vice-versa. Com a palavra, Paulo Leminski (falando sobre Rimbaud no texto "Poeta roqueiro"):
"...o primeiro marginal. Vivesse hoje, Rimbaud seria músico de rock. Drogado como o guitarrista Jimi Hendrix, bissexual como Mike Jagger, dos Rolling Stones. "Na estrada", como toda uma geração de roqueiros. Nenhum poeta francês do século passado teve vida tão "contemporânea" quanto o gatão e "vidente" Arthur Rimbaud. Pasmou os contemporâneos com uma precocidade poética extraordinária — obras-primas entre os 15 e os 18 anos. (...)
(...) Como diz o próprio poeta: "Eu é um outro". A melhor poesia de Rimbaud esteve, porém, em seu gesto final: a recusa do "sucesso", a escolha do "fracasso", a derrota da literatura, inimiga da poesia, para que esta triunfasse."
E se o caso é poesia: "Cocher ivre", na tradução de Augusto de Campos:
Cocher ivre
Pouacre
Boit:
Nacre
Voit;
Acre
Loi,
Fiacre
Choit!
Femme
Tombe:
Lombe
Saigne:
- Clame!
Geigne.
Cocheiro bêbado (trad. Augusto de Campos)
Álacre
Vai:
Nacre
Rei.
Acre
Lei.
Fiacre
Cai!
Dama:
Tombo.
Lombo
Dói.
Clama:
Ai!
poema em:
CAMPOS, Augusto de. Verso reverso controverso. 2 ed. rev. São Paulo: Perspectiva, 1988.
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terça-feira, 9 de novembro de 2010
Rodapé # 03
"Se Tirica aprendeu a escrever em dez dias, Lula pode aprender inglês em um ano."
Alguém filosofando sobre o que Lula vai fazer após deixar a presidência.
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segunda-feira, 8 de novembro de 2010
O Berro nas antas # 01
Que boca é essa?!
Bora bora, O Berro está voltando! E como sou um dos responsáveis pela parte visual de nossos produtos, fiquei de bulir um pouco no layout do blog.
Como me programei pra trabalhar somente uma hora neste processo, não pude fazer muita coisa (na verdade brinquei um pouco). Além disso, pra contrariar Fredson, resolvi não usar a logo antiga d’O Berro, o que fez com que eu demorasse uma hora a mais que o previsto (mas deixei a marca antiga quietinha lá no canto direito).
Então, enquanto não me disponho a mexer nessa imagem do topo novamente fico aguardando outras inspirações ou sugestões. Agora, pelo amor de Deus, se tiver algum odontólogo de plantão, não me venha falar que coloquei dentes demais, que só tem inciso, molar, canino ou sei lá o que. Eu até aceito uma dessas próteses dentárias - se quiserem me presentear - para algum dia eu estudar e desenhar uma boca ao gosto da classe. E brevemente trabalharei uma proposta melhor.
Com a retomada dos trabalhos fica até difícil não ser saudosista e não relembrar algumas histórias, por isso, além das novidades, vamos contar algumas memórias que se passaram durante os fechamentos das edições da revista e, de minha parte, mostrar algumas ilustrações.
O que me vem a mente neste momento é uma capa que tinha os "CEFETUBBIES". Foi uma das capas mais toscas e contava um pouco da nossa compreensão de um certo período pós-eleitoral da diretoria do CEFET. Mas o que me fez lembrar dessa capa foi que um dia desses estava escolhendo uns filmes na locadora com os guris, e Gabriel, o mais novo do trio, cismou em levar o filme dos Teletubbies. Não teve Homem de Ferro, Batman, Homem Aranha ou qualquer outra animação que o fizesse desistir de levar aquelas criaturinhas pra casa. Fiquei abismado! Como pode ele não querer nem negociar comigo?! Fiquei procurando alguma mensagem subliminar ou outra coisa do tipo pra ver se era seguro.
Cheguei a assistir duas vezes com eles pra garantir que eu poderia dormir tranquilo (e só não presenciei a terceira exibição devido à intervenção iluminada de minha companheira). Era o fim. Embora eu não tivesse encontrado nenhum vestígio de má intenção naquelas criaturinhas “andróginas” resolvi que era melhor devolver o mais rápido possível aquele dvd e escolher eu mesmo os filmes para os meninos.
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O Berro nas antas
terça-feira, 2 de novembro de 2010
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
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